“Agimos bem e combatemos no que é preciso”. O presidente da Câmara de Aveiro deu nota positiva à resposta municipal no âmbito do combate à pandemia do Covid-19 durante a análise do relatório das ações realizadas, na última Assembleia Municipal.
O concelho conheceu, na primeira semana de abril, “uma situação crítica”, com rutura de stocks (testes de rastreio e equipamentos de proteção individual), quando se viviam surtos em dois lares (onde ocorreram a maioria dos 33 óbitos registados até ao momento no concelho), com a situação de maior gravidade a ocorrer no complexo da Moita (Santa Casa da Misericórdia).
As principais razões de queixa de Ribau Esteves, quando dava conta do relatório das ações desenvolvidas, foram dirigidas para a resposta dada na altura pelo Ministério da Saúde: “Demonstrou que não é uma entidade estruturada devidamente para tratar de problemas desta natureza. A tristeza minha é que vai ficar tudo na mesma, porque ninguém manda no Ministério da Saúde, os patamares de comando, a liderança das instituições, há de facto debilidades chocantes. Quais as reformas que estão a ser feitas a esse nível ? Não sabemos”, afirmou.
Sobre a resposta ao nível de cooperação local, os resultados, para a Câmara, são satisfatórios. “Ficam as aprendizagens. Fomos equipa mesmo. Partilhamos serviços e ajudamo-nos uns aos outros. Temos de aproveitar as lições, com segunda vaga ou sem segunda vaga”, referiu o autarca, lembrando que foi possível com a pandemia também detetar “insuficiências no hospital que não tínhamos consciência”, como a falta de capacidade de ventiladores ativos em permanência. “Corámos de vergonha”, assumiu.
Entretanto, a autarquia acautelou os próximos tempos para apoiar entidades na frente do combate ao Covid-19, como as IPSS, existindo agora stock preparado para novas carências.
Além de moratórias no pagamento de rendas sociais, a Câmara atribuiu outras ajudas complementares através do fundo de apoio às famílias “como nunca tinha sucedido”.
Ribau Esteves voltou a insistir para que seja feita a sinalização de casos de necessidade. A vogal do PSD Glória Leite, professora que integra a direção de um agrupamento, informou que as escolas “continuam a fazer chegar comida e a pagar outras coisas”.
“Não há motivo nenhum para se dizer que anda gente a passar fome, já ouvi isso do PS. Não há motivo para andar a carregar comida em cabazes, temos uma rede social para apoiar todos, não vamos fazer o que é errado”, afirmou o presidente, garantindo que a resposta camarária tem sido importante numa fase de “lentidão” de certas entidades, por exemplo dos subsídios de desemprego desemprego ou de Rendimento Social de Inserção.
Jorge Greno, deputado do CDS, sublinhou o “exemplo cívico” dos cidadãos locais, “um exemplo para situações futuras” e a resposta “robusta” da Câmara.
Para Francisco Picado, do PS, ainda é cedo para “antecipar balanços” quando existe “muito caminho pela frente, seja do ponto de vista de saúde pública seja do ponto de vista económico”, pelo que importa tomar medidas para “minimizar os efeitos negativos”. “A Câmara fez o que entendia e o PS fez propostas”, rematou.
Filipe Tomás, do PSD, elogiou o desempenho camarário, que “substituiu-se ao Governo”, por exemplo na entrega de EPI’S.
Discurso direto
“Trabalhámos com os sem abrigo, encontrámos algumas omissões e portas fechadas, desagradáveis, devido ao medo, que levou a fazer coisas inacreditávei. Não vou dizer em público, foram coisas muito feias, mas a Câmara esteve lá, assumiu tudo. O Ministério da Saúde, em certas situações, fechou a porta. Um serviço público ir para casa por causa do confinamento?
Tivemos capacidade para dar boa resposta, globalmente positiva. Na componente do Estado, ficou provado que quem deu melhor resposta foram os municípios” – Ribau Esteves.
Relatório da Câmara de Aveiro das ações de combate à pandemia do Covid-19