Ciência aberta e crescimento económico

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XPERiMENTA Universidade de Aveiro.
Natalim3

É da ciência e do conhecimento que depende a capacidade de inovar e fazer crescer a economia. Contudo, o conhecimento pode ser produzido numa entidade e colocado em ação, enquanto produto comercial, noutra. Se não houver facilidade de transferência de conhecimento entre as duas entidades, o ritmo de inovação será lento.

Por Paulo Jorge Ferreira *

A rapidez com que uma descoberta científica com potencial de valorizar a economia é incorporada num produto comercial é um parâmetro crítico do desenvolvimento económico. Idealmente, as entidades que produzem conhecimento e as entidades que o colocam em ação deveriam manter uma relação de proximidade, de forma a facilitar e acelerar a transferência de conhecimento.

É neste contexto que melhor se entende o que se pretende com a ciência aberta: facilitar e acelerar o progresso científico e ao mesmo tempo a transferência de conhecimento.

Uma ciência mais aberta contribui para processos de investigação mais eficientes e transparentes. O conhecimento chega a mais pessoas, a mais organizações e a mais empresas, multiplicando o seu impacto social. A criatividade e a confiança na ciência aumentam. Durante a pandemia, por exemplo, a colaboração e os ensaios clínicos envolvendo cientistas, hospitais e laboratórios de todo o Mundo aceleraram a investigação e o desenvolvimento de vacinas.

A Comissão Europeia disponibilizou um conjunto de instrumentos para apoiar a ciência aberta, nomeadamente a European Open Science Cloud e a plataforma Open Research Europe. Portugal definiu uma Política Nacional para a Ciência Aberta.

A Universidade de Aveiro desenvolveu um repositório institucional que reúne as publicações científicas da instituição numa única plataforma em acesso aberto, e mais recentemente o DunAs, um repositório de dados de investigação em código aberto.

Mas a implementação da ciência aberta permanece um desafio. Implica reflexão sobre o modelo de negócio das editoras científicas, o financiamento da ciência, a avaliação das carreiras de investigação, o sistema de incentivos, a gestão de dados de investigação e a relação com os cidadãos e a sociedade.

Superar os grandes desafios do nosso tempo também passa pela partilha mais aberta da ciência. Não é fácil, mas todos ganharíamos com isso: cientistas, decisores e cidadãos.

Vale a pena pensar nisso.

* Reitor da Universidade de Aveiro. Artigo publicado em UA.pt.

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