O processo/conceito de “Design for Manufacturing” é uma prática de engenharia que pretende que o processo de fabrico seja o mais eficiente possível.
Por José Cruz Pratas *
A origem da palavra design parece ter origem no latim, designare , não tendo, pelo menos nas línguas que nos são mais familiares, outra tradução que não seja o termo inglês design
Design será assim um processo criativo, vasto e complexo e os autores destes processos criativos e complexos são os designers. Parece-me que esta forma simples de identificar o conceito não será polémica e poderá ser próxima do consensual.
Mesmo estando o design presente em vários momentos, no passado da história das civilizações, tentando cruzar a estética e as formas dos objetos às suas funcionalidades, os processos criativos e complexos que caracterizam o design moderno remetem-nos para a revolução industrial, para a produção em série centralizada em grandes unidades industriais sendo esse estatuto esporádico inicial, elevado a necessidade no meio cultural e industrial inglês, alemão e francês e um pouco por todo o mundo industrial da primeira década do século vinte.
A transformação, dito de forma muito simplificada, do desenho no design, dos desenhadores nos designers, é um processo que não terá mais fim. Design será cada vez mais “tudo um pouco”. Idealizar, discutir a ideia, reformular, criar, desenvolver, conceber um protótipo, especificar o detalhe, ouvir que não é fazível, que tecnicamente tem falhas fatais, que ninguém vai comprar e… finalmente aparecer um produto novo que vai ser um sucesso, ou um flop total será sempre o caminho do design e dos designers. Logo de seguida, no mesmo local ou noutro, vai renascer tudo de novo, com o mesmo processo de criatividade, de analise, de sucesso ou de insucesso a criação de um produto ou a resolução de um problema.
O design, hoje, é uma criação orientada em função de objetivos económicos, contrariamente à criação artística arbitrária e pessoal, sem objectivo ou de baixa complexidade, mesmo que esteticamente seja deslumbrante. Atualmente os designers especializam-se – como acontece com todas as áreas do saber – em determinadas áreas. Design de produto, gráfico, cerâmico, têxtil, calçado, interiores, web… e usam cada mais a interdisciplinaridade do conhecimento com a sociologia, economia, engenharia, ecologia, ergonomia…
Gostaria de abordar um pouco mais o “ design for Manufacturing ” dado que na indústria cerâmica e na cristalaria esta é uma questão completamente essencial. No fabrico do produto cerâmico ou de cristalaria, o custo mínimo de produção, sem comprometer a sua qualidade e funcionalidade, faz parte de todo o ciclo do mesmo. Para que no decurso do processo de fabrico não apareçam más surpresas a fase do design tem de levar as especificações ao limite da clareza.
O processo/conceito de “Design for Manufacturing” é uma prática de engenharia que pretende que o processo de fabrico seja o mais eficiente possível e tem como princípio de gestão e filosófico que é na fase inicial do design que devem ser evitados e corrigidos erros, substituindo-se o design por um novo, se necessário, tendo sempre em vista a redução de custos de produção.
O “Design for Manufacturing” é assim uma ferramenta “LEAN” importante para que na fase de conceção de um produto sejam tidos em conta aspetos como os processos de fabrico, manuseamento, montagem, custos da não qualidade, embalagem, armazenagem, circulação interna, transporte logístico, exposição, fim útil que irão afetar o custo do produto ao longo do seu ciclo de produção e com vendas maximizadas garantindo uma elevada satisfação do cliente.
Repito pela terceira vez: Design será cada vez mais “tudo um pouco”.
* Presidente da Direção da APICER – Associação Portuguesa de Cerâmica. Editorial da revista Keramica.
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