“Um capricho inútil e danoso”. A MUBi – Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta aproveita a entrega do seu “contributo” para o estudo prévio da requalificação do Rossio, para se manifestar contra a proposta camarária em perspetiva.
“Quase dois terços dos lugares previstos para o parque de estacionamento subterrâneo são desnecessários”, garante a secção local de Aveiro após analisar os documentos técnicos entregues ao município.
A MUBI afirma queb nas horas de maior procura, o parque captará cerca de 100 automóveis que presentemente estacionam legalmente na zona da Beira Mar para além do Rossio (74 a norte do Canal de São Roque), “criando lugares vagos que atrairão outros tantos veículos para esta zona central, e mais de 20 carros que actualmente estacionam fora desta área.”
“Em resultado da procura induzida, metade da capacidade proposta para o parque de estacionamento tem, assim, o efeito nefasto de atrair mais carros para o coração da cidade”, vinca o comunicado.
Os inquéritos realizados pelos estudos mostram que as deslocações dos condutores que estacionam no Rossio são maioritariamente (73%) por motivos de lazer.
Por isso, a MUBi entende que a deslocação associada a predisposição para caminhar mais de 400 ou 500 metros até ao destino deve ser aproveitada para potenciar os parques de estacionamento existentes na proximidade (Fórum, Praça Marquês de Pombal e Mercado Manuel Firmino), constituindo “opções presentemente viáveis, e a custo praticamente zero, para retirar espaço de estacionamento e reduzir o tráfego motorizado no Rossio.”
“Contrariamente ao que tem vindo a ser afirmado publicamente pela autarquia, os estudos estimam que a procura por parte dos carros que actualmente estacionam ilegalmente na Beira Mar justifica apenas 10% da capacidade do parque”, alerta ainda a secção local.
O projecto “é baseado num modelo obsoleto da dependência do automóvel”, como se fosse o único meio de aceder ao Rossio e Beira Mar, com “propósito o de levar lá carros ao invés de pessoas”.
A proposta da Câmara “omite” instrumentos como os planos intermunicipal e municipal de mobilidade e inclusivamente o plano de mobilidade sustentável do próprio PEDUCA, “ignora” as indicações do Governo de transferência do veículo motorizado individual para modos mais sustentáveis e “é vazio de uma política e estratégia de mobilidade sustentável”, sem “qualquer enquadramento com o planeamento e ordenamento da cidade.”
Para a MUBi, “o projecto falha rotundamente ao não contemplar e avaliar outras opções mais concordantes com as boas práticas actuais de mobilidade e urbanismo, tais como parques periféricos e dissuasores, ou, sequer, a optimização e rentabilização dos vários” existentes.
Por estas e outras razões apontadas no parecer, “não passa de um anacrónico, inútil e nefasto capricho.”
Parecer e contributo da MUBi sobre o estudo prévio da requalificação do Rossio