Cartas ao diretor: As eleições que se avizinham no concelho de Aveiro

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Aveiro (Paços de Concelho ao fundo).
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Algures em Fevereiro de 2013, exprimia a minha preocupação num artigo de opinião com o rumo que se estava a anunciar para Aveiro, face ao poder autárquico que se adivinhava poder vir a ser eleito.

Por Alberto Carvalho *

Na altura, o perigo para a nossa linda cidade, era a reeleição de Élio Maia – uma pessoa boa e cordata, sublinhe-se – mas que conjuntamente com a sua equipa e com o apoio da coligação PSD-CDS, estavam a lançar Aveiro no mais completo marasmo e estagnação. A propósito, adianto parte do artigo então escrito.

“ Uma vez constatado este cenário, será lógico e justificado que todos os Aveirenses se preocupem com o seu futuro e se interroguem sobre como o mesmo irá ser, por via das eleições que se avizinham. E que perspectivas se lhe deparam, pois por incrível que pareça, os actuais autarcas, parecendo não ter consciência do estado a que deixaram chegar esta nossa belíssima terra, tudo indica que se preparam para nos querer fazer repetir a dose, trabalhando já na sombra, no sentido de avançarem com nova candidatura aos órgãos autárquicos do concelho de Aveiro.”

A justeza de tal análise, era de tal forma óbvia, que aquelas forças políticas coligadas, renegando o apoio antes concedido a Élio Maia e a sua inequívoca responsabilidade na péssima gestão autárquica resultante do mesmo, em desespero de causa, vão buscar a Ílhavo Ribau Esteves, que por força da Lei ali já não poderia ser mais candidato.

E assim se seguiram dois mandatos autárquicos até à presente data, em que este senhor, com uma arrogância, deselegância e irritação crescentes para com quem com dele discorda – para sermos simpáticos nas adjectivações – vai impondo o seu reinado, sem que qualquer sinal de desconforto surja, vinda dos aveirenses do seu próprio partido e muito menos do CDS, um partido moribundo que tudo aceita a troca de umas parcas “cadeiritas de poder”, ainda que mitigado.

Ou seja, ninguém consegue explicar ao senhor Ribau Esteves ou este não quer aceitar, que o absolutismo já lá vai há muito tempo, que o Marquês de Pombal existiu há séculos, que Aveiro – felizmente – não teve nenhum terramoto como o de 1755, pelo que ele não tem que destruir a nossa cidade e que os Aveirenses não podem ser os Távoras, nas suas mãos.
Situação portanto idêntica, mas para pior infelizmente, à que se vivia em 2013.
Na altura, eu interroguei-me sobre o que fazer para evitar males piores e não deixei de apontar sugestões.

“Posta esta situação, importará questionar que poderão os cidadãos eleitores de Aveiro fazer, no sentido de tentar impedir que tal cozinhado eleitoral se concretize, a fim de não se repetirem mais quatro anos de incompetência e de imobilismo em Aveiro ?

Pois, individualmente muito pouco, mas colectivamente bastante ! Como, perguntarão? A resposta parece-me simples ! Começando desde já a pressionar as forças políticas da oposição aveirense, para fazerem pela sua terra, muito mais do que fizeram até aqui ! Repare-se que eu referi as forças políticas da oposição e não uma qualquer em particular. Vamos então analisar o que cada uma das forças por si podem fazer, no sentido de melhorarem as nossas vidas, enquanto cidadãos de Aveiro.

Do Partido Socialista, com facilidade incontestável se pode afirmar que é de longe a força mais expressiva da oposição, pelo que será claro e justo que tenha um papel preponderante, não só nas figuras a indicar, como igualmente – e muito importante – na elaboração dos programas eleitorais a apresentar ao povo de Aveiro. Contudo, o PS terá que ter a importantíssima humildade de admitir que sozinho dificilmente conseguirá obter a vitória, pelo que deverá saber o como e o quanto ceder às outras forças da oposição, de forma a conseguir a necessária unidade, que será em si mesma a melhor dinâmica para a vitória.

Da CDU e do Bloco de Esquerda, pede-se-lhes que tenham consciência da sua menor expressão eleitoral, mas que saibam que em conjunto com o Partido Socialista, com a sua maior expressão eleitoral, poderão contribuir para dar a Aveiro um futuro melhor. Ou seja, têm menor expressão eleitoral, mas poderão ser decisivos para uma alternativa melhor que todos os Aveirenses esperam e anseiam. Assim, é-lhes pedida igualmente a humildade necessária para abdicarem de algumas das suas ( legítimas ) bases programáticas e de alguns dos seus ( ainda que importantes) nomes que gostariam de ver eleitos, tendo a consciência que tais opções imediatas, apenas vos irão enobrecer no futuro.

Ou seja, o que a população de Aveiro vos pede, ou melhor, vos exige, é que, em seu nome e para seu bem, se entendam e abdiquem, na proporção daquilo que cada uma das forças em presença terá que abdicar, de alguns nomes e bases programáticas que porventura vos sejam caras, em nome de um valor superior : O concelho de Aveiro. Se isso conseguirem, acreditem que poderão apresentar-se de cabeça bem levantada e orgulhosos perante os vossos eleitores que em vós saberão depositar a sua confiança.

Se o não conseguirem, passarão à história como tantos milhares de outros políticos banais, que não conseguiram vislumbrar para além do vosso umbigo e que, em nome de meros interesses pessoais, puseram os reais interesses de Aveiro em último lugar. “

A estas forças eu hoje tenho que acrescentar com o devido respeito o PAN, que na altura ainda não existia como força política implantada.

O desafio é assim, hoje, impedir que este senhor destrua a Cidade de Aveiro, descaracterizando-a por completo e roubando-lhe toda a sua riquíssima identidade patrimonial e histórica, apenas porque ele, ou não sabe o que isso é, ou desvaloriza em absoluto tais conceitos. São as destruições anunciadas do Rossio ( tal como o conheceram os nossos avós ) e da Avenida Dr Lourenço Peixinho ( outra sala de visitas da cidade ) são os abates de árvores saudáveis em idade adulta que nalguns casos são substituídas por minúsculas árvores bebés, apenas pelo narcisismo incontido de poder afirmar que foi ele que as mandou plantar, a tudo isto está e estará, pelos vistos sujeita a nossa bela cidade Aveiro.

Da coligação no poder, infelizmente nada poderemos esperar sobre o estado de coisas em que o concelho se encontra atolado, mas o desabafo meio clandestino de alguns desalinhados, “ele quer assim, ele é que manda” mostra o sufoco democrático que nestes tempos se vive em Aveiro.

Ao que acima indiquei ter escrito há anos sobre o Partido Socialista, há hoje contudo mais a acrescentar. Será com o perfil do seu anunciado candidato – Manuel Sousa, contra o qual, como pessoa nada tenho contra, que fique bem claro ! – que o PS pretende desalojar do poder Ribau Esteves e da sua entourage política auto alimentada de “arrogância” que contrapõe a quem dele pretende discordar ou apresentar alternativas ? !

Pois manifestamente é muito pouco, para não dizer nada ! Quem, fora de alguns pequenos círculos da cidade, conhece este repetido candidato à presidência da câmara de Aveiro ? E então nas muitas freguesias rurais do concelho ? Quem conhece o nome dele ? Aveiro não é apenas a cidade, caros senhores ! Quem conhece os seus pontos de vista e o que defende para o concelho ? Que intervenções dele são conhecidas, senão as poucas que vão passando na sua qualidade de vereador sem pelouro ? Acham que isto é o melhor que têm para apresentar na luta autárquica, contra Ribau Esteves e a poderosa máquina de interesses que à sua volta gravita ? Onde estão as figuras de prestígio e carisma do PS – sim porque o PS tem essas figuras ! – que verdadeiramente poderiam enfrentar Ribau Esteves ? Pois, ou “saltam” das confortáveis cadeiras que ocupam, quer em importantes lugares do aparelho do estado, quer em grandes empresas, quer ainda nos parlamentos nacional ou local, para virem defender o futuro da nossa cidade, ou então . . . desenganem-se e esperem por ainda piores resultados dos que obtidos nas últimas eleições locais. Depois não venham largar lágrimas sobre o que fizerem à nossa querida cidade ! . . . É que já não haverá remédio . . .

Termino com a parte final do artigo escrito em 2013:

“Fica assim lançado o repto : está nas vossas mãos, partidos da oposição, Partido Socialista, CDU e Bloco de Esquerda – a que agora acrescento o PAN – trabalharem para se unirem e dar um melhor futuro a Aveiro. O futuro nos mostrará se souberam ser merecedores dessa missão, ou se a trocaram pela ganância de mais uma ou duas cadeiras de vereadores ou de deputados municipais . . . que até poderão nem vir a alcançar !”

Ficaremos atentos e a observar o que vão fazer pela nossa linda Cidade de Aveiro.

* Empresário (reformado). Email: [email protected]

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