Carta aberta em defesa da Órbita-Miralago

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Bicicletas Órbitra.

A bicicleta particular ou de uso livre ocupa e tenderá a ocupar mãos espaço em detrimento do automóvel individual.

Miguel Viegas *

Ao ministro da Economia,

Ao presidente da CIRA,

Ao presidente da Câmara Municipal de Águeda,

A promoção da mobilidade urbana sustentável e o aumento do uso de veículos limpos e energeticamente eficientes, constituem uma das prioridades insistentemente apregoadas pela União Europeia. Nesta nova política de mobilidade, emerge como incontornável uma profunda mudança de paradigma onde o uso da bicicleta deverá ocupar um lugar central.

Em 2015, foi até assinada, pelos ministros dos transportes dos vários Estados Membros, a “Declaração sobre o uso da bicicleta como um meio de transporte amigo do ambiente” onde se preconizam algumas medidas de apoio e incentivo ao uso da bicicleta. Portugal recebe milhões de fundos estruturais destinados a financiar esta transição ecológica.

Em centenas de cidades por toda a Europa, a paisagem urbana está em mutação. A bicicleta particular ou de uso livre ocupa e tenderá a ocupar mãos espaço em detrimento do automóvel individual. Cada cêntimo gasto em fundos europeus deverá contribuir para a diminuição das emissões de CO2.

Perante este panorama, surge a notícia no fecho de uma das mais emblemáticas fábricas de bicicletas da região e do país.

Fruto de circunstâncias diversas, a Orbita-Miralagos encontra-se em risco de encerrar portas. A rescisão do contrato por parte da Emel e o respetivo pedido de indemnização veio agravar a situação precária da empresa. A Órbita-Miralagos tem mais de 70 anos de existência. Chegou a exportar para toda a Europa. Possui mão de obra qualificada com um conhecimento inestimável que está em risco de se perder.

Independentemente dos erros que certamente terão sido cometidos ao nível da empresa, é para mim incompreensível que nesta altura se desperdice este potencial produtivo. Ou seja, numa altura em que se antevê um crescimento exponencial da procura de bicicleta, parte do qual alavancado em fundos estruturais, é nosso dever evitar que sejam mais uma vez empresas estrangeiras a lucrar com esta conjuntura.

Posto isto, apelo ao governo da República Portuguesa, e em particular ao ministério da Economia, ao presidente da CIRA, Comunidade Região de Aveiro e ao presidente da Câmara Municipal de Águeda para que:

• Exerçam uma mediação entre a Órbita-Miralagos e a Emel no sentido de resolver o conflito e abrir caminho à continuidade do fornecimento. Sendo a Emel uma empresa 100% pública detida pela Câmara Municipal de Lisboa, estamos certos que outros critérios para além da rentabilidade económico financeira poderão pesar na sua decisão;

• Use todos os instrumentos disponíveis, designadamente ao nível dos fundos de capital de risco para prestar os recursos necessários à recuperação da empresa, sempre acompanhados do rigor necessários na alocação de fundos públicos.

* Deputado do PCP no Parlamento Europeu

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