Canções no vento que passa

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Manifestação de apoio à Ucrânia (Ag. Lusa).

O “Hino à Alegria”, parte da nona sinfonia de Beethoven, por muitos considerado o hino europeu, é interpretado na praça Maidan, em Kiev. A “ousadia” cabe à orquestra sinfónica local.

Por Nuno Reis *

Outro som, o das sirenes de alarme, se faz ouvir no mesmo dia. Mas poucos momentos nestas duras semanas de guerra, de cidades devastadas, de pessoas que jazem pelo chão, de gente em condições sub humanas a (sobre)viver em abrigos, têm o poder de instilar esperança.

Nesta altura, segundo a ONU, são cerca de 13 milhões as pessoas que necessitam de assistência humanitária na Ucrânia. Mais de quatro milhões de ucranianos são hoje refugiados, sobretudo nos países vizinhos e, também, um pouco por toda a Europa.

A milhares de quilómetros, nesse sentimento tão fraterno que caracteriza um povo como o nosso, a título individual, pelas mais diversas organizações da sociedade, por entidades públicas, foram inúmeras as ações de apoio às vítimas desta invasão.

Se a guerra e a violência revelam o ser humano no seu pior, também há inspiradoras histórias de vidas que salvam ou cuidam de vidas.

Foram mais de 20 as Misericórdias que, de norte a sul, participaram ativamente nesta primeira resposta solidária, acolhendo diretamente os refugiados ou disponibilizando espaços dedicados, ajudando à melhor integração. Muitas outras, com produtos de saúde e higiene, primeiros socorros, bens alimentares, vestuário, calçado, fizeram chegar aos refugiados ucranianos, em Portugal e noutros países, um importante auxílio humanitário.

Nesta edição do VM conhecemos alguns desses exemplos. Um trabalho abnegado dos utentes da Misericórdia do Louriçal, a homenagem da Misericórdia de Vila Franca de Xira às trabalhadoras da lavandaria, o prémio BPI/ La Caixa à Misericórdia de Campo Maior ou o prémio CASES à Misericórdia de Melgaço, a participação da UMP num Centro Académico Clínico, são outros temas desta edição, a atestar, de novo, que mesmo em pandemia o setor social se reinventa.

Concluo como comecei: com música. Que um dia as canções, nessa e noutras praças de independência, se façam ouvir, não como interlúdio de guerra, mas como celebração de dias de paz.

* Diretor do Jornal Voz das Misericóridas, editorial da edição mensal de março.

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