Câmara Municipal de Águeda promove a publicação de lendas e contos locais

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Foto Câmara de Águeda.

São seis os livros da autora aguedense Maria da Conceição Vicente, publicados desde o ano de 2011, no âmbito de um projeto de levantamento e reescrita de textos (contos e lendas) do património oral do concelho de Águeda.

As obras infantojuvenis editadas pela Trinta Por Uma Linha, “O Diabo do Alfusqueiro”, “A Bicha Moira”, “O Lavrador e o Lobo”, “O moleiro e as três árvores”, “O Rapaz Que Queria Agarrar o Sol” e “Os Pequenos Seres da Floresta”, embora sob o formato de livros ilustrados, contêm textos intencionalmente abrangentes, pensando não só nos pequenos leitores, mas também em todos aqueles que, mais ou menos jovens, se interessam por questões de literatura oral e pelas raízes culturais da nossa terra.

Estas publicações têm como objetivo primordial dar um contributo para que não se percam os tesouros da nossa literatura oral, fixando-os em suportes menos perecíveis e projetando-os no tempo, para que cheguem mais longe.

Neste momento, encontra-se em fase de preparação o lançamento de um outro livro que, embora prossiga os objetivos dos anteriores, irá assumir um formato diferente, uma vez que alterna duas lendas e um conto com um texto integrador, cuja finalidade será  “clarificar”, junto dos leitores mais novos, a noção de património imaterial.

De salientar que dois dos títulos publicados – ” A Bicha Moira” e “Os Pequenos Seres da Floresta” -, integram as listas de livros recomendados pelo Pano Nacional de Leitura (PNL) e,também, “O moleiro e as três árvores” fez parte dos livros selecionados pela DGLAB para integrar a representação portuguesa na Feira Internacional do Livro Infantil de Bolonha 2015, factos que permite levar mais longe o nome do nosso concelho.

“O Diabo do Alfusqueiro”

Esta «lenda nasce porque nas margens do Alfusqueiro, que no inverno é um rio violento, correndo velozmente entre escarpados e estreitos desfiladeiros, foram nascendo pequenas aldeias e os seus habitantes sentiam necessidade de comunicar uns com os outros. Daí tornar-se urgente a construção de uma sólida ponte que pusesse fim a anteriores tentativas falhadas. Foi então que um homem abastado, cristão honrado e temente a Deus, prometeu aos aldeãos construir uma ponte. Porém, cedo concluiu que a edificação da ponte era uma “tarefa sobre-humana”.» É então que aparece o Diabo… e não só!

“A Bicha Moira”

Dizem que é princesa moira, numa espera eterna de quem lhe quebre o encanto. Amores proibidos atiraram-na, feita serpente, para o fundo da gruta onde se esconde. Desta princesa, apenas se conhecem as lágrimas que escorrem da gruta pelos olhos de uma fonte. Fonte que nunca secará, enquanto durar o encanto. E a fonte lá está. Numa encosta soalheira de nome Bicha Moira.

Livro recomendado pelo Plano Nacional de Leitura (PNL) para o 4º ano de escolaridade, destinado a leitura autónoma.

“O Lavrador e o Lobo”

“O Lavrador e o Lobo” é um conto tradicional, que relata as andanças de um lobo faminto à procura de comida. Depois de ter calcorreado montanhas durante vários dias sem sucesso, avista, finalmente, uma aldeia e entusiasma-se com a ideia de “ferrar o dente em caça grossa”. De início, define algumas estratégias de ataque, mas a fome vai-lhe confundindo o raciocínio – “os pensamentos embrulhavam-se-lhe na barriga” -, até que as circunstâncias o colocam frente a frente com um lavrador, que se entregava à colheita de castanhas, num souto afastado da aldeia. Quando tudo leva a crer que se aproxima uma luta corpo a corpo entre o homem e a fera, eis que algo de imprevisto acontece…

“O moleiro e as três árvores”

Num dia de inverno rigoroso, o rio encheu e a força da água partiu o rodízio do moinho. Verificados os estragos e depois de alguns “momentos de nervosismo e agitação”, o moleiro concluiu que o melhor que tinha a fazer era reparar o moinho e pô-lo a funcionar o mais depressa que pudesse. Mas, para sua grande surpresa, de cada vez que se preparava para cortar uma árvore, esta avisava-o de que não devia fazê-lo. O moleiro, porém, não escutou os avisos das árvores e derrubou o carvalho onde moravam os pássaros. A desobediência do moleiro levou à destruição do moinho e ao desaparecimento do gato Zacarias. Mas a história não acaba aqui… Há um final feliz que convém conhecer!

“O Rapaz Que Queria Agarrar o Sol”

“O rapaz que queria agarrar o sol” é a recriação da lenda explicativa do nome de uma aldeia situada na encosta poente da serra do Caramulo: Póvoa do Vale do Trigo.
Nesta lenda, o Sol é o elemento fundamental – é ele que transporta o ouro, objeto de desejo do rapaz e, em seu entender, a única remissão para a sua vida de miséria. Mas o Sol é também a luz reveladora que lhe permite ver a riqueza da terra – é a luz do Sol que faz brilhar as espigas de trigo que o rapaz confunde com pedacinhos de ouro deixados cair pelo Sol na sua viagem de Nascente a Poente. É ainda o Sol que vai dourar a seara nascida dos pedacinhos de ouro que o rapaz trouxe da sua viagem em busca da riqueza, permitindo-lhe a ele e aos aldeões, reconhecer o trigo que lhes vai dar o pão branco, símbolo de abundância e melhor vida.

“Os Pequenos Seres da Floresta”

Nesta história, os pequenos seres da floresta propõem a um homem que todas as semanas tinha de subir o monte, de saco às costas, para garantir que em casa não faltasse o pão, a “”dádiva”” de um moinho de rodízio, comprometendo-se este a moer para toda a aldeia e a entregar-lhes a maquia. O homem aceitou: dito e feito!
Com o moinho próximo iniciou-se uma nova era na aldeia. O moleiro nunca deixou de honrar escrupulosamente o compromisso assumido. Quando este morreu, os seus três filhos gostaram da herança do moinho, mas não da exigência de entrega da maquia, o que põe de novo em cena os pequenos seres da floresta…
Livro recomendado pelo Plano Nacional de Nacional de Leitura (PNL). 
Este foi o sexto livro que Maria da Conceição Vicente dedicou à reescrita das lendas do Concelho de Águeda, depois de “O Diabo do Alfusqueiro”, “A Bicha Moira”, “o Lavrador e o Lobo”, ” O Moleiro e as três árvores” e “O Rapaz que queria agarrar o Sol”. Como é grande a sabedoria popular e sábia a poética da escrita que Maria da Conceição lhes confere!

As referidas obras estão disponíveis para venda no Centro de Artes de Águeda e no Posto de Turismo (online na Wook, Bertrand, FNAC e Trinta Por Uma Linha) e para empréstimo na Biblioteca Municipal Manuel Alegre.

Município de Águeda

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