Os trabalhos de Reabilitação e Valorização da Ribeira do Ameal (Ecogaleria de Águeda), Ribeira da Aguieira e Rio Marnel, no Concelho de Águeda, vão ter início esta semana. A empreitada, a cargo da Câmara Municipal de Águeda, foi lançada na passada terça-feira, na Casa dos Rios, em Valongo do Vouga, num momento aproveitado para sensibilizar os proprietários dos terrenos contíguos às linhas de água para a importância da sua limpeza e manutenção.
Esta intervenção comporta um investimento de 144.523 euros (acrescidos de IVA), sendo cofinanciada em 100 mil euros pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) ao abrigo de um protocolo firmado com a Autarquia.
“Esperemos que este seja o princípio de muitas outras intervenções a realizar em Águeda”, afirmou Jorge Almeida, Presidente da Câmara Municipal de Águeda, no momento de lançar esta empreitada, que avalia como “oportuna e muito necessária”. Apesar do apoio financeiro conseguido, o Edil considera que é escasso para o que Águeda precisa. “É muito pouco para quem já fez tanto e para quem quer fazer muito mais”, declarou, desiludido por ver “esbanjados milhões para outros lados”.
“Águeda precisa de uma atenção. Temos ideias e projetos, muitos dos quais assumimos e que não são da nossa competência, porque queremos melhorar a qualidade dos nossos rios e ribeiras”, disse Jorge Almeida, apontando alguns cuja intervenção considera urgente, como “o Rio Vouga, que está péssimo, e a ribeira da Alombada”. Estes, e outros cursos de água do concelho, “estão a precisar de reabilitação, à imagem do que continuamos a fazer no Águeda e Alfusqueiro, através do Programa LIFE”, declarou.
O Presidente da Câmara de Águeda fala de zonas com décadas de abandono. “As pessoas antigamente cuidavam, porque viviam da agricultura e por isso mantinham os terrenos cuidados, agora a maior parte dos terrenos, que são privados, estão abandonados, o que dificulta todo este processo de reabilitação”, sublinhou.
Reiterando que este trabalho de limpeza e manutenção dos terrenos junto às linhas de água “não é mesmo competência das Câmara Municipais”, Jorge Almeida defendeu que as Autarquias estão “focadas e interessadas em ser parte da solução para este problema. As câmaras e juntas de freguesia estão bem cientes do seu verdadeiro papel, assumimo-lo e temos uma vontade enorme, mas precisamos que nos ajudem”, disse, apelando à APA, presente na sessão, para apoiar mais as autarquias neste processo. Até porque, frisou, este tipo de intervenções são necessárias com regularidade, lembrando o Rio Cértima “já está a precisar de novo” de ser limpo.
“É hora de metermos mãos à obra”
Ana Paula Malo, em representação da APA, ouviu o recado, reconheceu que “Águeda tem situações a precisarem de intervenção” e afirmou que aquele organismo governamental “está disponível para acudir” e “tem intenções de apoiar os Municípios e Juntas de Freguesia”. Até porque, “é um facto que não é sua competência fazer este tipo de intervenções”, pretendendo apoiar as autarquias “nestas missões em que se estão a substituir aos proprietários”.
Destacou o trabalho que está a ser feito em Águeda e apontou a importância das ações, como a realizada na terça-feira em Valongo do Vouga, no sentido de sensibilizar os proprietários de que “os terrenos são deles e que são responsáveis pela sua limpeza e manutenção e que com o abandono só com uma intervenção mais profunda (como a que agora vai decorrer) é que é possível resolver”. Ainda assim “é necessário mais”, mas, apontou, “não há dinheiro para tudo o que os sonhos querem”.
Luís Filipe Falcão, presidente da Junta de Freguesia de Valongo do Vouga, agradeceu a população presente, sublinhando que este é um processo que necessita “do envolvimento da comunidade”, porque “a responsabilidade dos rios não é só das autarquias; é de todos nós. E os proprietários que confinam com os rios também têm responsabilidades”, frisou.
O autarca disse contar “com os particulares para que este projeto possa ser realizado, porque só trabalhando de perto e em conjunto com as pessoas, é que vamos conseguir ir mais longe”.
Esta “é a hora de metermos mãos à obra, sob pena de hipotecarmos o futuro”, defendeu, salientando que, em Valongo do Vouga, há muito que a questão ambiental é área central na forma de gerir e de atuação da Junta de Freguesia. Lembrou, a propósito da intervenção que vai ser iniciada, que no Ameal e no Marnel passeava-se junto às margens. “Há aqui um conjunto de histórias que temos todos a obrigação de recuperar, por todos os motivos e pela questão ambiental. É para isso que estamos aqui a trabalhar”, concluiu.
Pedro Teiga, especialista em reabilitação de rios e técnico projetista da intervenção que vai ser iniciada no Ameal, Agueira e Marnel, lembrou que o concelho de Águeda tem 20 mil quilómetros de linhas de água e que estas, para além da sua beleza ambiental, são “uma barreira natural contra incêndios”. Apontou os bons exemplos e boas práticas implementadas pela Câmara de Águeda nesta área da reabilitação de zonas ribeirinhas, como na Aguieira, um “corredor ecológico que está a funcionar”, sendo ainda “um espaço demonstrativo da aplicação de técnicas de engenharia natural” e “um exemplo nacional do que queremos promover em termos de atuação”.
São este tipo de soluções e de técnicas que vão ser replicadas nesta intervenção que vai começar esta semana.
Câmara de Águeda
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