Bypass nem sempre é a solução

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Não está em causa o facto da Confederação, as Federações e os Bombeiros em geral não concordarem com a nova estrutura sub-regional da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), ou melhor, anteverem problemas que deveriam ter sido há muito considerados na ótica da organização e da operacionalidade.

Por Rui Rama da Silva *

A revascularização miocárdica por ponte de safena aorta-coronária é a cirurgia vulgarmente designada e conhecida por “bypass”. Tem ajudado e continua a ajudar a salvar muitas vidas.

Porventura não será a única cirurgia aconselhada nem a única solução para a panóplia de situações com que a ciência médica se debate.

Se adotarmos a mesma nomenclatura, em sentido figurado, às relações sociais e até institucionais verificamos que, por maioria de razão, esse método, milagroso para uns, pode acabar por ser desastroso para todos.

Em termos institucionais, o termo pode representar e significar uma tentativa de passar ao lado ou até passar por cima.

É o caso flagrante, confesso ou desajeitado, da intenção da Secretária de Estado da Proteção Civil (SEPC) reunir diretamente com os presidentes das associações e com os comandantes dos corpos de bombeiros sobre matérias que, pese o dever institucional e o bom senso que deviam ser considerados, previamente caberia antes articular com as Federações de Distritais de Bombeiros e com a Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP).

Não está em causa o facto da Confederação, as Federações e os Bombeiros em geral não concordarem com a nova estrutura sub-regional da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), ou melhor, anteverem problemas que deveriam ter sido há muito considerados na ótica da organização e da operacionalidade.

Esta atitude de “bypass” pode vir a ser uma solução perigosa, nunca tentada até agora e que corre o risco de virar o feitiço contra o feiticeiro.

Podemos antever estar-se perante um qualquer ensaio ou um aviso à navegação para novas surtidas? A ver vamos.

Independentemente do que vier a suceder, a “caravana” das associações e dos seus bombeiros vai continuar a rodar, prosseguindo a marcha iniciada há séculos.

* Dirigente associativo (Bombeiros de Cascais). Artigo publicado originalmente em https://lbp.pt/

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