Bloco de Esquerda solidário com trabalhadores corticeiros

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Bloco de Esquerda, Águeda.
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Centenas de trabalhadores corticeiros manifestaram-se no dia 31 de julho em frente à sede do Grupo Amorim, no concelho de Santa Maria da Feira. O protesto, organizado pelo Sindicato dos Operários Corticeiros do Norte acontece no momento em que trabalhadores e patrões negoceiam o contrato coletivo de trabalho.

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Os trabalhadores reivindicam um aumento de 72€ no salário e de 1,46€ no subsídio de alimentação. No entanto, e apesar das dezenas de milhões de euros de lucro do setor da cortiça, os patrões recusam os aumentos reivindicados pelos trabalhadores e contrapõem com 36€ nos salários e 0,21€ no subsídio de alimentação. Ou seja, valores que aproximam o salário dos corticeiros cada vez mais do salário mínimo nacional (que em janeiro aumentou 60€) e que têm como principal consequência o empobrecimento de milhares de trabalhadores, uma vez que tais valores não permitem sequer fazer face ao aumento do custo de vida.

A proposta dos patrões da cortiça é uma proposta que condena os trabalhadores ao empobrecimento. Todos sabemos que o salário mínimo subiu muito mais do que aquilo que os patrões querem pagar e todos sabemos que os valores da prestação da casa, dos combustíveis ou da alimentação subiram muitíssimo nos últimos meses. Se os salários dos corticeiros não forem devidamente aumentado, estes trabalhadores vão estar condenados a um ano de profundo empobrecimento, o que é incompreensível, principalmente tendo em conta os milhões e milhões de euros faturados pelo setor da cortiça.

O Bloco de Esquerda lembra que em 2023 a Corticeira Amorim teve um lucro de 89 milhões de euros e este ano anunciou já a distribuição de 27 milhões de euros em dividendos pelos seus acionistas. Entretanto, só nos primeiros seis meses de 2024, os lucros da Corticeira já ascenderam a 36,5 milhões de euros.

O dirigente do Bloco Moisés Ferreira, falando aos trabalhadores a convite do Sindicato dos Operários Corticeiros do Norte, manifestou solidariedade para com a greve e manifestação e começou por dizer que “as lutas dos trabalhadores, como esta, é que fizeram o mundo avançar e que o sucesso dos corticeiros nas suas reivindicações será o sucesso para muitos trabalhadores de outros setores que também precisam de ver os seus salários aumentados”. Lembrando os lucros da Corticeira Amorim, perguntou: “alguém acredita que com quase 40 milhões de lucro em seis meses os patrões não têm dinheiro para aumentar os trabalhadores em 70€? Até têm para aumentar em 100€ ou 150€. O problema é que os patrões querem sempre pagar o mínimo possível. Por isso é que é importante esta greve e esta luta. Para fazer que a riqueza que é produzida pelos corticeiros volte aos corticeiros em forma de salário”.

Grupo Amorim despede mais de 100 trabalhadores enquanto continua a registar lucros de dezenas de milhões

Mais de 100 operários da Amorim Cork Flooring fizeram uma marcha fúnebre da fábrica até à sede do Grupo Amorim, onde se juntaram à manifestação. Erguiam bandeiras negras e acusavam o Grupo Amorim de estar a matar a empresa e a pressionar os trabalhadores para irem embora. Mais de 100 trabalhadores desta empresa já foram pressionados a sair, através de rescisões amigáveis. Isto enquanto o Grupo Amorim continua a acumular dezenas de milhões de euros de lucros e continua a usufruir de fundos europeus para investir nas empresas.

Os trabalhadores da Cork Flooring acusaram ainda o grupo de estar a reduzir turnos e de pressionar os trabalhadores a aceitarem novas condições de trabalho com as quais podem vir a perder mais de 300 euros por mês.

O Bloco de Esquerda já questionou o Governo sobre este assunto. Na pergunta, que já deu entrada na Assembleia da República, o Bloco de Esquerda “considera que o Ministério do Trabalho deve atuar no sentido de salvaguardar os postos de trabalho e de pôr fim a um ambiente de pressão e repressão sobre os trabalhadores, seja para aceitarem a perda de emprego, seja para aceitarem reduções de remuneração. É ainda importante que se apure se os fundos europeus de que esta empresa (e todo o grupo) têm sido beneficiários não obrigam, pelo menos, à manutenção de postos de trabalho”.

Comissão Coordenadora Concelhia de Santa Maria da Feira

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