Ribau Esteves anunciou recentemente a construção de uma central a biomassa na região, a entrar em funcionamento em 2023. As notícias iniciais dão conta que “a CIRA quer ser parceira gestora da unidade empresarial”.
Recentemente foi aprovada no Parlamento uma proposta crítica* dos apoios públicos à biomassa e com preocupações ambientais sobre essa forma de produção de energia. O deputado do Bloco responsável pelo tema, Nelson Peralta, recorda que “até o PSD, partido de Ribau Esteves, votou favoravelmente. O Presidente da autarquia Aveirense e da CIRA está a atuar contra o conhecimento científico. Este anúncio não cuida do ambiente e agrava as alterações climáticas”.
“Nas audições parlamentares aos vários especialistas na área, todos trouxeram a mesma conclusão: não há biomassa residual suficiente para alimentar todas as centrais de biomassa previstas para o país. Outra conclusão é que esta é uma forma de produção energética com enormes perdas de energia e tem impactos pesados nas populações vizinhas às centrais. É, portanto, muito estranho que Ribau Esteves anuncie mais uma central, ainda para mais num modelo público. Aliás, essa parte é elucidativa. Um autarca que privatizou tudo o que conseguiu, agora quer o Estado – no caso a comunidade intermunicipal – a ser acionista, conjuntamente com um privado, de uma central de biomassa num negócio que apenas sobrevive com subsídios e apoios púbicos”, considerou o deputado bloquista.
“O Bloco de Esquerda considera que o modelo de floresta deve ser alterado. Devemos ter florestas mais biodiversas, que assim acumulem e retenham humidade e se tornem mais resilientes aos incêndios e respondam melhor à proteção da biodiversidade e à crise climática. As centrais de biomassa são complementares, devem ser pequenas e localizadas junto à floresta e ao local de consumo da energia. Preferencialmente devem ser centrais de energia térmica e não de produção de energia elétrica. E existe já um conjunto demasiado vasto e desproporcionado de novas centrais de biomassa para eletricidade. Portanto, duvidamos que possa haver espaço para mais uma”.
“Desafiamos assim a comunidade intermunicipal a implementar políticas de ordenamento do território, da floresta e de produção energética que vão ao encontro da resolução dos problemas das pessoas e do planeta. Mais uma central de biomassa parece responder só a interesses de negócio. Precisamos de políticas nacionais e municipais para criar comunidades energéticas que façam a transição energética, descentralizem a produção energética e respondam aos 2 milhões de pessoas que não têm condições financeiras para aquecer a sua casa”, conclui o deputado que pede que a CIRA apresente publicamente o plano da central.
Bloco de Esquerda
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