BE quer votação reforçada para ser “determinante” tanto à direita como à esquerda

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Moisés Ferreira, à direita, em campanha eleitoral.
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O cabeça de lista do Bloco de Esquerda (BE) pelo distrito de Aveiro assinalou, esta segunda-feira, o arranque oficial da campanha eleitoral para as eleições legislativas esperando ter uma votação que mantenha a direita fora do Governo e seja capaz, também, de influenciar o PS a “aprofundar” políticas de esquerda.

Moisés Ferreira, que foi eleito em 2015, acredita ainda que a 6 de outubro o partido pode chegar ao segundo deputado por Aveiro, lugar que está atribuído na lista a Nelson Peralta. Há quatro anos, o Bloco ficou a 117 votos do segundo mandato.

Nos 15 dias que faltam para o ato eleitoral o BE não deixará de lembrar o que o País viveu de 2011 a 2015 em contraponto aos quatro seguintes. “Os nossos objetivos passam por não permitir que Portugal caia novamente na direita. PSD e CDS fizeram uma destruição brutal, do PIB, das pensões e dos salários e agora querem dar o SNS a privados, continuar a cortar nas pensões. Seria o regresso à austeridade”, acusou o psicólogo que tem sido um dos deputados bloquistas mais envolvidos nos temas da saúde.

Moisés Ferreira aproveitou também para vincar o posicionamento perante o PS, pretendendo ser uma espécie de consciência de esquerda dos socialistas. “Queremos continuar o caminho feito, muitas vezes apesar do PS”, afirmou, lembrando que o BE, no âmbito da chamada ‘geringonça’, “tem tido força para impor determinados aspetos programáticos” no Governo socialista, que “não previa aumento de salários e pensões, mas até cortes de mil milhões de euros”.

Um papel “determinante”, insistiu, tornando “possível impor determinadas medidas”, como o aumento do salário mínimo, o aumento extraordinário de pensões, a regularização dos vínculos precários e tarifa social da eletricidade.

“Também não queremos uma maioria absoluta do PS”

O balanço governamental permite agora retirar conclusões políticas para a próxima legislatura. “Tiramos lições para o futuro, porque também não queremos uma maioria absoluta do PS, seria uma regressão de muitas coisas conseguidas, mas sim dar passos em frente, continuar a aumentar o salário já em 2020 para 650 euros, aumentar as pensões em particular as mais baixas, uma convergência gradual com o salário mínimo. Mais passos no SNS e na escola pública ou alterações à legislação de trabalho. Áreas onde, acusou Moisés Ferreira, “o PS tem sido um travão nestes quatro anos, apesar da conjuntura”, porque “poderia ter investido mais nas escolas mas priorizou muito as questões do défice, ou coligou-se com a direita na concertação laboral”.

O Bloco agendou para segunda-feira, em S. João de Ver, o seu comício distrital, com a presença de Catarina Martins, coordenadora nacional.

Para já, não aligeira as críticas, mesmo em Aveiro, onde o PS apresentar novamente como cabeça de lista Pedro Nuno Santos, promovido na ponta final da governação a ministro das Infraestruturas, uma das figura socialistas mais abertas a entendimentos de esquerda. Depois de 6 de outubro se verá. “O Bloco não fecha a porta. Estamos disponíveis para muitas soluções, desde que seja para melhor a vida das pessoas”, disse Moisés Ferreira num dia em que o Bloco ainda digere a derrota eleitoral nas regionais da Madeira, ficando sem os seus dois eleitos. “Uma conjuntura que não tem nada a ver com o que acontecerá nas legislativas”, ressalvou o cabeça de lista

Discurso direto

“As pessoas perceberam muito bem que o Bloco foi fundamental, compreenderam muito bem nos últimos quatros anos e dizem que votam no BE para não haver maioria absoluta ” (abaixo declarações em áudio).

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