Barco moliceiro: Candidatura a património da UNESCO entra na segunda fase

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Regata de moliceiros Torreira - Murtosa 2019, foto de ahcravo gorim.

O presidente da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro (CIRA) anunciou hoje que está “fechada” a primeira fase da “caminhada” tendo em vista o reconhecimento do barco moliceiro, ex-libris da Ria de Aveiro, e da carpintaria naval tradicional como património imaterial da UNESCO, que foi ocupada “a estudar e fixar parceiros”.

Segundo Ribau Esteves, autarca de Aveiro, decorre já a segunda etapa, que é dedicada a elaborar “o processo formal” tendo em vista, por último, a apresentação do pedido de reconhecimento dos bens que as autarquias entendem ser merecedores desse “selo tão importante”, assumido-o como “mais um contributo para a preservação e seguramente promoção do território”.

A Região de Aveiro conseguiu, recentemente, financiamento para comparticipar a candidatura, beneficiando de apoio de 70 mil euros através do programa Centro 2020.

Informações transmitidas esta terça-feira ao final da manhã durante um encontro no espaço museuológico da Arte Xávega, na praia da Vagueira, concelho de Vagos, organizado no âmbito do Congresso da Região de Aveiro 2021.

“Valorizar a herança para a entregar com mais valor às novas gerações, utilizando-a também para tornar o território mais atrativo e propício ao desenvolvimento e felicidade de quem aqui vive ou passa alguns tempo” são os objetivos da candidatura em curso, associando o barco moliceiro à construção naval tradicional em pequenos estaleiros da região, nomeadamente na Murtosa e Estarreja, que se pretende ajudar a manter em atividade.

Para preparar a candidatura à UNESCO, a CIRA tem contado com a consultadoria especializada do Instituto de Planeamento e Desenvolvimento do Turismo (IPDT), que já identificou 17 elementos culturais a ter em conta para eventual classificação patrimonial.

A “prioridade”, segundo Daniel Costa, consultor da empresa, é naturalmente a embarcação mais emblemática da Ria, “desde logo pela sua história”, mas também a importância que assume na “vivência imaterial” no seio da comunidade, na sua identidade e mesmo cultura, o que “importa preservar”, afigurando-se como um elemento “altamente diferenciador, mesmo a nível internacional”. A classificação pode criar, também, “um interesse maior” em torno da construção naval e assegurar continuidores dos poucos mestres carpinteiros, “para não se perder este saber que é único”.

Antigo barco de trabalho, que servia para a apanha do moliço, fez a sua transição para novas atividades e agora é uma das principais imagens turísticas da região, com os passeios a transportarem anualmente cerca de um milhão de pessoas e a dar emprego a 150 pessoas.

Atualmente, existirão meia centena de barcos moliceiros a navegar, número que tem vindo a crescer, invertendo o declínio que chegou a ser muito acentuado em anos recentes. Mas nem todos estão aptos a navegar de forma tradicional. Apenas 12 exemplares participaram no verão passado na tradicional regata à vela entre a Torreira – Aveiro, a  maioria dos quais oriundos da Murtosa.

A candidatura à UNESCO “é um processo complexo, longo, que requer trabalho mais detalhado”, adiantou Daniel Costa para quem chegou “a hora de transformar o compromisso em atuação”.

Estão já alinhadas “orientações e recomendações” a seguir, nomeadamente para “agregar o conhecimento e criar informação, que esteja acessível”.

A candidatura a inventário nacional é requisito obrigatório antes de seguir para o reconhecimento internacional.

A CIRA conta que a proposta esteja pronta a enviar à UNESCO dentro de um ano, estimando ser necessário um investimento de 400 mil euros.

Os sete “compromissos” da candidatura

» Envolver as comunidades;
» Valorizar o conhecimento das comunidades;
» Valorizar através do moliceiro a carpintaria naval;
» Cooperação e sinegia com empresas, entidades, coletividades culturais e outros sectores num processo integrado também com associações e a Universidade de Aveiro;
» Aumentar a notoriedade;
»Elemento de comunicação diferenciador / Novas experiências da região, mais inclusivas e sustentáveis, ambientais, culturais e sociais;
» Contributo para a melhoria da qualidade de vida.

[Assistir ao vídeo da sessão sobre a candidatura a património imaterial da UNESCO]

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