Antigos pescadores do bacalhau, vindos de várias localidades do país, são esperados em Ílhavo este sábado.
A capital da pesca longínqua acolhe pelo segundo ano a ‘Festa do Bacalhoeiros’. Um convívio para reviver memórias e vivências, muitas ainda na primeira pessoa, da última grande aventura no mar de Portugal.
A edição deste ano “tem já uma referência muito positiva: há uma semana que o limite de inscrições foi atingido”, refere a Câmara de Ílhavo, da organização.
Mais de duas centenas de participantes, oriundos dos mais diversos pontos do país, são esperados para “um encontro singular entre gerações de homens que andaram na pesca do bacalhau nos mares gelados do Atlântico Norte, recordando e partilhando vivências e experiências de uma ‘arte’ que é marca identitária da história e cultura de Ílhavo.”
O evento divide-se pelo Museu Marítimo de Ílhavo (10:00), o Jardim Oudinot (13:00, almoço com chora e feijoada de samos) e o Museu-Navio Santo André (visita e performance musical).
Já não se pesca à linha nos pequenos dóris, arriscando a vida nos mares gelados do Atlântico Norte, como aconteceu até aos anos 60. Mas nem tudo mudou na pesca longínqua feita pela atual geração de marítimos, onde a região de Aveiro, especialmente a Torreira (Murtosa) tem grande peso. Juntam-se aos mais antigos vindos de Viana do Castelo e Figueira da Foz, entre outras localidades que deram milhares de pescadores à frota nacional que remou à Terra Nova.
O ponto de encontro é no Museu Marítimo, onde o historiador Álvaro Garrido montou o maior arquivo da pesca do bacalhau, com milhares de registos de pescadores que andaram na ‘faina maior’ desde os tempos da ‘frota branca’, estando organizados e acessíveis para consulta através de um ‘clique’.
Para além do convívio, os bacalhoeiros portugueses vão assistir à apresentação do documentário espanhol “Arte al Água”, que retrata a pesca longínqua do país vizinho, em tudo muito semelhante.