Avenida Café-Concerto: Petição pública não é atitude negativa, muito menos errada

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Foto do Facebook do Avenida Café-Concerto, Aveiro.
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Fico triste com o Presidente da Câmara de Aveiro, que, na tentativa de desacreditar a petição pública recorre a ataques pessoais.

Por Alan Jorge Alves do Carmo *

Não compartilhamos com a visão do Exmo. Presidente da Câmara segundo o qual a manifestação através desta petição pública é uma atitude negativa, muito menos errada.

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Conforme comunicação com Câmara através de email, acreditamos que:

“Uma petição pública, afinal, é um processo democrático criado para que o público possa interagir diretamente com as instituições administrativas e comunicar os seus desejos de forma transparente.”

Uma ação desta ser classificada como negativa, estende a todos os signatários esta classificação. A petição apenas expressa o desejo da população que tiveram seus anseios correspondidos pelo texto publicado. Todos que assinaram, o fizeram de maneira espontânea e por acreditar em uma ação da Câmara em debater esta questão em buscar soluções para o problema exposto. Na tentativa de desqualificar a ação de petição pública, que é direito de todos, e um ato de democracia participativa, o presidente da Câmara acaba a imputar, de forma negativa, a manifestação pública de mais de 1200 signatários.
Acreditamos também que a redução a um “contrato entre privados” não satisfaz a natureza real da questão. Ela diz respeito a um espaço que em conjunto com diversas associações e inclusive com colaboração da Câmara, foi lar de diversas manifestações culturais e que não se resume a um espaço privado, mas de interesse público à população pela importância que tem tido no papel cultural da cidade.

Concordamos com o presidente de Câmara, que todos os pormenores devem ser considerados em defesa da Cultura, e acreditamos que Aveiro ser Capital da Cultura 2027 demanda atitudes em sua defesa na mediação quando da privação à cidade de um espaço, símbolo da cidade, que reinventa e difunde a cultura . Por isso, confiamos no trabalho da Câmara na defesa desta pauta e comunicamos nosso desejo através da petição pública. Até o momento, porém, a Câmara não se pronunciou em maneira a buscar uma solução ou diálogo, mas na tentativa de evitar o debate público sobre o tema. Desde a abertura da petição, trocamos vários emails com a Câmara, que se deteve em detalhes burocráticos para evitar levar o tema à Assembleia Municipal. Mesmo com textos desatualizados na página da Câmara e pela não existência de legislação que impeça a sua receção pela Câmara, mas apenas sua obrigatoriedade se satisfeitos os critérios.

Sobre mim, não sou professor da Universidade de Coimbra. Fui investigador pós-doutoral do departamento de Física da Universidade de Aveiro e posteriormente da Universidade de Coimbra, tendo concluído as minhas atividades a fins de abril deste ano. Resido em Aveiro desde 2017 (e nunca residi em Coimbra).

Fico triste com o Presidente da Câmara, que, na tentativa de desacreditar a petição pública, recorre a ataques pessoais. Em sentido contrário, por ser residente, usuário e apoiante da cultura local,e querer valorizá-la, junto com mais alguns amigos, decidimos nos posicionar em pedido à Câmara alguma ação que pudesse ajudar a proteger o espaço. O fato de ter sido trabalhador em uma cidade diferente de Aveiro não invalida a manifestação de mais de 1200 pessoas e nada tem a ver com a petição pública. Sou apenas uma voz entre mais de 1200 pessoas, e é este conjunto que importa verdadeiramente.

Conforme relatamos na petição:

“Nosso pedido decorre de uma crença profundamente enraizada de que a cultura não é apenas a preservação da tradição, mas a criação e estimulação da expressão artística numa comunidade. Para os Aveirenses, o Avenida Café-Concerto situa-se no cruzamento de ambas as abordagens. Estamos certos de que é, por um lado, uma homenagem ao legado do cinema antigo, com as paredes adornadas dos vestígios da sua história cinematográfica, arquitetónica e social quase centenária. Por outro lado, o Avenida Café-Concerto utiliza os seus generosos espaços para facilitar as interações entre seus visitantes e o antigo cinema, e tornando-os em agentes ativos de um panorama cultural revitalizado.”

Em relação à natureza privada entre o Avenida Café-Concerto e os proprietários do local, esclarecemos:

“Estamos convictos de que este espaço é uma mais valia para a cidade e, por isso, nos manifestamos por este meio. Embora compreendamos o contexto político e económico de determinadas escolhas estratégicas, custa-nos a entender o abandono a que este espaço cheio de história e relevância está vetado. Propomos então que a Câmara Municipal de Aveiro, em trabalho conjunto com o Avenida Café-Concerto e proprietários do local, tentem encontrar um meio termo de comunhão de forma a encontrar maneiras de manter este espaço aberto à comunidade.”

Entendemos que a natureza privada dificulta a intervenção por parte da Câmara, mas existem diversos exemplos de preservação de locais privados que se mantêm como símbolo de tradição e cultura. Um exemplo em Portugal é o projeto Porto de Tradição:https://comercioturismo.cm-porto.pt/comercio/porto-de-tradicao

O nosso pedido diz respeito principalmente à mediação da Câmara com os envolvidos na questão, conforme descrito na petição:

“Propomos então que a Câmara Municipal de Aveiro, em trabalho conjunto com o Avenida Café-Concerto e proprietários do local, tentem encontrar um meio termo de comunhão de forma a encontrar maneiras de manter este espaço aberto à comunidade. ”

Finalizamos afirmando que todos queremos Aveiro como Capital da Cultura 2027, e acreditamos que a perda deste espaço é uma perda para a cultura local. Sua defesa ou busca de uma mediação que o mantivesse funcionando somaria razões para a vitória da candidatura a Capital da Cultura 2027. Acreditamos também que a busca de uma solução, mesmo nas difíceis questões privadas, demonstraria o comprometimento, boa-vontade e atenção aos mais de 1200 signatários sobre o tema e a cultura Aveirense.

* Primeiro subscritor da Petição pela Continuidade do Avenida Café-Concerto.

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