A Câmara de Aveiro prepara já uma profunda operação de limpeza dos terrenos da antiga lota, adiantando trabalho enquanto aguarda ‘visto’ do Tribunal de Contas do acordo de mutação dominal, que permitirá aos mesmos serem integrados no património municipal.
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“Contas muito grosseiras”, o presidente apontou para um investimento de 100 mil euros de forma a proceder a uma “qualificação muito básica” dos 11 hectares, incluindo remoção de construções degradadas, algumas das quais “atentam contra a segurança” (como é o caso do velho depósito da água) “e salubridade”. Existe alguma preocupação imediata, também, na qualificação do posto náutico do Galitos, indispensável para a prática desportiva. Já o alteamento do muro executado pela Polis para reforçar a defesa das águas da ria deverá custar 3 milhões de euros.
Informação dada na última Assembleia Municipal, esta quarta-feira, na discussão prévia à votação do acordo estabelecido com o Porto de Aveiro, entretanto aprovado pelo Governo, para a compra e venda da antiga lota por cerca de 6,7 milhões de euros. Sobre o futuro da zona, o edil reafirmou que “não há volta a dar”: será mesmo para expansão imobiliária. Antes disso, far-se-á um estudo urbanístico, quase de certeza, seguido de loteamento, abrindo, assim, caminho a hastas públicas para garantir “investimento público e privado”.
Além da limpeza, a Câmara deseja rapidamente fazer melhoramentos nos acessos rodoviários e em outras infraestruturas básicas, como o fornecimento de energia elétrica. Já a urbanização vai demorar tempo a ganhar forma, com todos os processos necessários, de alienação de terrenos, aprovação de projetos e licenciamentos, passando inevitavelmente para o próximo executivo municipal.
Como “mais vale ter um pássaro na mão, do que dois a voar”, a Câmara aceitou os termos do acordo de compra e venda, mas no primeiro relatório a enviar ao novo Governo sobre pretensões locais a antiga lota surgirá nos “pendentes”, tentando-se retomar a passagem dos terrenos sem custos, ao abrigo da transferência de competências.
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António Nabais, do PCP, defendeu que o futuro da lota “não deveria ser para turista ver e investidor comprar”, indo ao encontro das necessidades dos aveirenses comuns.
Gabriel Bernardo (Chega) concorda com a expansão urbanística, antevendo o surgimento de “uma zona muito nobre da cidade”, criando condições de rentabilizar o espaço com benefício para a economia local. Notou, contudo, que o grosso do investimento municipal com o pagamento dos terrenos seja ‘empurrado’ para o mandato seguinte.
Pedro Rodrigues, do PAN, considerou “essencial a requalificação”, remetendo para outro momento a discussão em torno das intervenções mais concretas.
O que tem sido preparado para a lota, através do concurso de ideias já feito, antevendo-se um “absurdo e gigantesco negócio imobiliário”, motiva a reação negativa do BE: “Discordamos frontalmente”, disse João Moniz, apontando ainda riscos, nomeadamente devido a previsível subida das águas da ria devido às alterações climáticas.
Do lado do PS, Francisco Picado, pediu para não ser esquecida a atividade das coletividades náuticas, que carecem de melhores condições.
Jorge Greno (CDS) relativizou a componente imobilária, que tinha no antigo Plano Polis uma “densidade de construção muito superior”. “Finalmente temos a lota como um ativo da Câmara”, aplaudiu, por último, Bruno Costa (PSD).
Discurso direto
“Não podem acreditar no que disse o João Moniz, o nível das águas não vai subir uns metros. Não vale a pena sermos apocalípticos, as previsões mais pessimistas é subir uns centímetros” – Ribau Esteves, presidente da Câmara (ver resumo vídeo abaixo)
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