Aveiro vai receber um ‘Dia da Marinha’ especial, que será na prática uma semana de atividades (4 a 19 de maio), por várias razões. O próprio Chefe do Estado-Maior da Armada sublinhou isso mesmo após a apresentação do programa, que teve lugar esta sexta-feira, na antiga capitania do Porto de Aveiro, atual sede da Assembleia Municipal.
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O Almirante Henrique Gouveia e Melo começou por evocar as tradições marítimas de “Aveiro, Ílhavo, uma região de marinheiros”, lembrando, também, a particularidade de ir viver o último ‘Dia da Marinha’ no exercício das atuais funções, considerando “muito significativo” que ocorra na cidade da Ria, enquadrado na Capital Portuguesa da Cultura.
Mas há mais “coisas extra milha, fora do normal” nas comemorações deste ano da chegada de Vasco da Gama à Índia. Desde logo, a entrada “pela ria adentro”, do icónico navio escola Sagres, que irá ficar atracado junto ao cais do Sal (onde ficará um monumento alusivo ao Dia da Marinha), graças a uma operação “complexa”, obrigando mesmo a uma dragagem do canal.
O programa inclui atividades habituais no ‘Dia da Marinha’, como concursos escolares, ‘batismos’ de vela e de mergulho, a par de outras demonstrações náuticas, visitas, uma conferência e eventos culturais (a Banda da Armada tem dois concertos, com os convidados especiais Fernando Daniel e Isabel Alcovia) e desportivos.
Absolutamente inédito será uma “demonstração de capacidades” da Marinha (a única das Forças Armadas com ramos de mar, terra e ar) no cais da Fonte Nova, com meios aéreos, drones, fuzileiros e mergulhadores, entre outros, seguida de desfile das ‘forças em parada’ (mais de meio milhar de operacionais).
Uma mostra de operacionalidade que, admitiu o Chefe do Estado Maior da Armada, não esconde “os tempos difíceis” que se vivem também nas Forças Armadas, como aconteceu em outras áreas, “de muitas necessidades”, causadas por desequilíbrios entre o que é “exigido e o devido”, impondo-se que o papel da estrutura militar do País seja “repensado como um todo”.
Consultar programa do Dia da Marinha – Aveiro 2024
Ribau Esteves, presidente da Câmara aveirense, agredeceu “o rápido sim” ao convite dirigido à Marinha que se associará à Capital Portuguesa da Cultura trazendo às portas da cidade “a sua embaixada mais conhecida em todo o mundo”, o navio escola Sagres, que tem “uma atividade de promoção da cultura portuguesa como poucos”, para “um evento que antecipa como “absolutamente único e fantástico”.
O edil, antigo cadete da Marinha, não deixou de renovar o apelo, agora pretexto de um novo Governo e um novo ministro da Defesa, para dar resposta aos apelos que são feitos para a salvaguarda de outro navio mítico da frota portuguesa, o navio de treino de mar Creoula, antigo bacalhoeiro, que necessita de ser recuperado para voltar a ficar operacional, esperando que o Dia da Marinha também possa ser “uma pressão positiva” nesse sentido, existindo já compromisso de apoio por parte de autarquias ligadas à vida marítima, como Aveiro.
Discurso direto
“Ainda bem que o sr. Almirante tinha aqui um interesse adicional para aceitar o convite de Aveiro, ser o seu último ‘Dia da Marinha’. Que seja inspirador e propulsor para outras navegações que V. Exa como jovem tem para fazer e eu por perto para continuarmos a gozar a vida e servir Portugal no quadro desta cultura tão rica e tão portuguesa como é a vida referenciada pela nossa Marinha” – Ribau Esteves, presidente da Câmara de Aveiro.
“Tem de ser pensado e como ser aceite pela própria população. É muito bom que a sociedade discutisse, já começou a discutir. É preciso analisar o assunto com cuidado e tomar as medidas que a sociedade, como o todo, achar como adequadas. Se o país estiver em risco, estamos disponíveis ou não para fazer os sacrifícios necessários para garantir a democracia. Se estamos prontos para fazer sacrifícios, como vamos fazer ? Há outros prontos a fazer sacrifícios para nos imporem vontades que não desejados. A situação mundial vai exigir que tenhamos determinados tipo de medidas e atuações, que têm de ser pensadas e aceites pela população e pelo sistema político. A discussão é muito útil e vai nascer alguma luz. Parece que ser prudente é prudente” – Almirante Gouveia de Melo, sobre o serviço militar obrigatório.
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