Tendo como pano de fundo os tradicionais festejos de S. Gonçalinho, que irão decorrer de 6 a 10 de janeiro de 2023, o roteiro que propomos desenvolve-se na paróquia aveirense da Vera Cruz, cujo território se situa na zona norte do Canal Central / Canal do Cojo e que engloba as antigas paróquias da Vera Cruz e de Nossa Senhora da Apresentação, ambas criadas no ano de 1572, quando da subdivisão da paróquia/freguesia de S. Miguel, a única que então existia em Aveiro.
Por Manuel Cardoso Ferreira (texto e fotos) *
Em 11 de outubro de 1835, a paróquia/freguesia de Nossa Senhora da Apresentação foi extinta e anexada à paróquia/freguesia da Vera Cruz. Com a demolição da igreja da Vera Cruz, a matriz da paróquia, a igreja matriz da paróquia passou a ser a de Nossa Senhora da Apresentação.
Este é um percurso circular, o que significa que por principiar e terminar num ponto qualquer. No entanto, a proposta que se apresenta tem início, e termo, no adro da Igreja de Nossa Senhora da Apresentação, templo que é a Igreja Matriz da Paróquia.
Construída no início do século XVII, ao longo dos tempos esta igreja recebeu diversas obras, que lhe alteraram parte substancial da arquitetura original, ainda que se mantenham algumas partes do templo primitivo, incluindo a torre sineira, que é a mais antiga existente em Aveiro. O interior alberga algumas importantes obras de arte, entre retábulos e imagens, originárias de diversos períodos artísticos, desde o século XIV. De visita obrigatória é também o pequeno museu paroquial que se encontra num espaço anexo à igreja, com entrada pelo templo.
De regresso ao Largo da Apresentação, que se desce, vira-se na primeira rua à direita (Rua Sargento Clemente de Morais). No final da rua, ergue-se a Capela de S. Gonçalinho. Esta capela, classificada como Imóvel de Interesse Público (IIP) desde 2011, acolhe a mais tradicional romaria do bairro da Beira Mar e da própria cidade, célebre pelo lançamento de cavacas a partir do alto da capela, e também pela famosa “dança dos mancos”. O templo foi construído no início do século XVIII, com o formato de dois hexágonos, a zona de culto ocupa o maior e a sacristia o menor. No interior existem retábulos e altares em talha dourada, datados da primeira metade do século XVIII.
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Após a visita, regressa-se ao Largo da Apresentação, onde se vira à direita (Rua D. Jorge de Lencastre) e, no final do edifício paroquial anexo à igreja, vira-se à esquerda (D. José Estevão) e segue-se algumas dezenas de metros pela Rua Dr. António Cristo, após o que se vira à direita, para a Rua São Bartolomeu. Poucos metros volvidos, surge do lado direito a minúscula Capela de São Bartolomeu.
Este pequeno templo cilíndrico, fundado em 1568, possui no seu interior alguns dos mais antigos azulejos existentes em Aveiro, datados dos séculos XVI e XVII, bem como um altar e imagens do período da sua fundação. Geralmente, o templo só abre ao público no dia 24 de agosto, data em que se celebra o padroeiro.
Em frente a este pequeno templo segue-se pela rua que lhe fica em frente (Rua Manuel Luiz Nogueira). Quase no final desta artéria, vira-se à direita, para a Rua de São Roque, que se percorre até ao final, onde se ergue a Capela de Nossa Senhora da Febres, também conhecida por Capela de São Roque. O templo original datava da segunda metade do século XVI, mas devido ao estado arruinado em que se encontrava, foi praticamente reconstruído em 1853. No interior alberga retábulos e imagens dos séculos XVII e seguinte.
Saindo da capela, o percurso prossegue pela Rua do Carril (que dá continuidade à Rua de São Roque) que se percorre na sua totalidade. No cruzamento desta com Rua do Gravito/Rua do Carmo, vira-se à esquerda, por esta última, até encontrar, do lado direito, o muro fronteiro ao adro da Igreja do Carmo e do que resta do antigo convento da Ordem dos Carmelitas Descalços, conjunto classificado como IIP desde 1963.
O templo foi concluído em meados do século XVII, poucos anos após a construção da área conventual. Tanto no corpo da igreja, como na capela-mor e nas diversas capelas laterais, encontram-se inúmeras obras de arte, desde retábulos a imagens e pinturas.
De destacar ainda o excelente museu de arte sacra que se encontra na zona superior anexa à igreja. A parte moderna do antigo convento acolhe o atual Paço Episcopal.
“Vestígios da ligação de Aveiro aos Médici na Igreja do Carmo” (Ver programa de Joel Cleto, no Porto Canal).
Saindo do adro da Igreja do Carmo, segue-se pela direita e, pouco depois, vira-se novamente à direita, para a Rua Eng. Oudinot, onde, alguns metros volvidos, do lado esquerdo se ergue a Igreja Evangélica Metodista de Aveiro. A fachada principal deste templo, inaugurado no dia 18 de junho de 1950, ostenta um enorme painel de azulejos com a transcrição do “Credo”.
De regresso à Rua do Carmo, prossegue-se para a direita, continuando depois pela Rua de Sá. No final desta, e logo após o cruzamento com a Avenida da Força Aérea, ergue-se a capela de Nossa Senhora da Alegria, ou de Sá, com o seu cruzeiro. É possivelmente o mais antigo templo existente em Aveiro, já que surge referido num documento datado de 1282, enquanto o cruzeiro foi construído em 1554.
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No interior ainda persistem azulejos dos séculos XVI e XVII. Da construção inicial pouco resta. No muro que antecede o templo, foi colocado um grande painel de azulejos, da autoria dos artistas aveirenses Zé Augusto e Jeremias Bandarra (ambos, falecidos).
De regresso ao cruzamento, segue-se pela direita, pela Hintze Ribeiro até encontrar, do lado esquerdo, o adro e a Igreja do Senhor das Barrocas, que ostenta uma imponente frontaria em pedra trabalhada e um formato octogonal com sacristia anexa, motivo pelo que está classificado como IIP desde 1945. Para além das decorações em cantaria, no interior da igreja, construída na primeira metade do século XVIII, existem boas obras de arte, entre retábulos, imagens e pinturas. Também a sacristia merece uma visita.
Novamente no adro, segue-se em frente, pela Rua Senhor dos Milagres e, depois, pela Rua de Viseu, até esta entroncar na Avenida Dr. Lourenço Peixinho, onde se vira à direita e se percorre até encontrar, do lado direito, a Rua Dr. Alberto Souto, para onde se vira. Pouco depois, do lado esquerdo, surge a Rua Guilherme Gomes Fernandes, por onde se segue.
A Capela do Seixal ergue-se do lado esquerdo, praticamente em frente à casa nobre a que pertencia, conjunto classificado como IIP em 1997. Datado do século XVII, o pequeno templo, de forma hexagonal e com dois anexos laterais, encontra-se algo degradado, incluindo os azulejos que revestem a cúpula da capela.
O itinerário prossegue pela mesma rua, até ao cruzamento com o eixo viário Rua do Gravito / Rua Manuel Firmino. Aqui. Segue-se por esta última até ao adro da Igreja de Nossa Senhora da Apresentação.
*https://www.facebook.com/manuel.cardosoferreira.5
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