O ‘Juntos pelo Rossio’, agora formalizado como associação, marcou presença na reunião pública da Câmara de Aveiro garantindo que irá continuar a contestar o projeto de requalificação do jardim que inclui estacionamento em cave.
“A luta entra numa nova fase”, anunciou Susana Lima, uma das ativistas do grupo de cidadãos, após criticar, “em nome de um movimento alargado”, a falta de abertura às posições contrárias que têm sido expressas.
“A participação pública deveria atender as opiniões. Dois anos depois, não há qualquer consequência das nossas, nem das de outros grupos cívicos”, lamentou no período aberto à participação do público, que decorreu após a aprovação do lançamento do concurso de requalificação do Rossio.
Nuno Guerra, também membro do ‘Juntos pelo Rossio’, mostrou surpresa com a necessidade da Câmara suportar custos com a nova praça com parque subterrâneo. “Dizia que o financiamento necessário era exclusivamente PEDUCA [o pacote de investimentos locais com fundos europeus para projetos de regeneração urbana], não que era para a Câmara pagar, isso não foi falado até agora”, disse, receando que “os IMI’s” possam ser usados para “começar a suportar algo” relacionado com a obra.
Cerca de duas dezenas de pessoas assistiram à reunião, quase todas a pretexto do ponto da ordem de trabalhos relacionado com o Rossio.
O presidente da União de Freguesias da Glória e Vera Cruz, Fernando Marques, numa curta intervenção em defesa do projeto, confessou que esperava com maior mobilização contra.
Ribau Esteves recebeu um bonsai oferecido por Aurora Cerqueira, cidadã local que integra a lista do partido ‘Livre’ às legislativas, como ato simbólico em defesa do espaço verde.
E também avisos. “Muita gente contesta-o, não sei como vai ficar para a história”, alertou o morador António Corte Real que, apesar de reconhecer aspetos positivos na gestão municipal, vê a opção do Rossio como errada.
O estacionamento funcionará como “um garrafão cheio para a ponte de São João”, teme um outro cidadão, presença habitual nas reuniões camarárias.
Na assistência, estiveram também representantes partidários, como os cabeças de lista pelo distrito da CDU às eleições legislativas, Miguel Viegas, e do PDR, Inês Tafula, que não usaram da palavra. Filipe Cayolla, primeiro candidato do PAN por Aveiro, concentrou-se com alguns apoiantes junto aos Paços de Concelho.
“O que ouvimos do ‘Juntos pelo Rossio’ são opiniões” – Ribau Esteves
Ao responder, o presidente da Câmara começou por não levar em conta os argumentos do movimento mais ativo na contestação ao projeto: “O que ouvimos do ‘Juntos pelo Rossio’são opiniões”. E “a crítica”, insistiu o edil, “está apenas no parque estacionamento”.
Sobre a “nova fase” da contestação, não se mostrou surpreendido, atendendo a questões já suscitadas. “Já tenho trabalho em outras instâncias por causa disso. Tenho pena de ocupar muito tempo com a nova fase da luta, que já começou. Lamento, são notificações, etc.”, adiantou Ribau Esteves, sem explicar exactamente o que estará em causa.
“Trabalharemos com seriedade e qualidade técnica em resposta a quem não sabe acolher as conclusões da democracia e leva as discussões para outro patamar, para o resultado das eleições”, disse ainda o autarca, afastando leituras do escrutínio de domingo. “Os resultados podem não fazer a minha vontade, mas não vou levá-los para outros patamares”, garantiu.
Discurso direto
“Estou em Aveiro a dar um contributo para o desenvolvimento, não para ficar na história. Não tenho nenhum objetivo desses.
Tive muita contestação em Ílhavo, hoje vou lá tranquilo e sou abraçado, mesmo por opositores. É proibido dar meu nome a ruas enquanto for vivo.
Resolver a dívida de Aveiro foi o meu contributo. Um opositor até já disse que fico na história por isso.
Nas duas eleições ganhei largamente e cresci na votação da primeira para a segunda. Mas é óbvio que nem todos acham que é a perfeição” – Ribau Esteves.
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