O presidente da Câmara de Aveiro deu como irreversível o fecho da escola primária e jardim de infância de Requeixo, logo que esteja concluída a nova escola básica do primeiro ciclo em Nossa Senhora de Fátima.
Ficou a garantia de transporte para a deslocação dos alunos cujos pais e encarregados de educação venham a optar por aquele estabelecimento de ensino.
O assunto foi suscitado pelo vereador do PS Manuel Oliveira de Sousa ao intervir no período antes da ordem do dia da reunião pública do executivo, que teve lugar esta quinta-feira à tarde no Centro Social de Requeixo.
“É um tema que nos tem dividido muito, a Carta Educativa. Vamos assumir em setembro a descentralização de competências de educação. Somos contra o fim da escola de Requeixo, como contra todas as que sejam fechadas”, fez questão de relembrar o eleito socialista antes de questionar o presidente sobre a aplicação “na prática” da decisão tomada pela maioria.
Ribau Esteves recordou que a posição expressa pelo vereador “não tem nada de novo” sobre a revisão da Carta Educativa. “Tudo que seja fazer melhor, reformar, o PS está contra”, criticou.
A escola de Requeixo funcionou este ano com 12 crianças no jardim de infância e 24 na primária, números que devem reduzir em setembro, como vem acontecendo a cada ano letivo, para, respetivamente, 11 e 19.
“A Carta Educativa está aprovada, aguarda homologação desde janeiro, temos um Governo muito pouco produtivo, mas não é por causa disso que não está a ser executada”, referiu o edil apontando investimentos já em curso no parque escolar.
As crianças de Requeixo que optarem pelo futuro centro escolar de Nossa Senhora de Fátima passarão a beneficiar, segundo assegurou, de “transporte dedicado até à porta de casa”.
O novo estabelecimento, a localizar junto ao centro social, já tem estudo prévio aprovado, seguindo-se a elaboração do projeto, aquisição de terrenos e lançamento da empreitada.
Além de Requeixo, irá acolher crianças da sede da freguesia, mas também de Nariz e Póvoa do Valado.
O vereador Manuel Oliveira de Sousa insistiu: “É fundamental manter a escola para não esvaziar Requeixo”, disse , acreditando que “se houver investimento” a localidade poderá atrair população e justificar o ensino primário.
E a rematar o debate, Ribau Esteves não vacilou, defendendo que o fecho de escola sem condições “é a bem das crianças e em nome da qualidade”, insurgindo-se contra o PS por “fazer esta demagogia”.
“Vamos perder pessoas e passar a ponto de passagem de turistas”
O tema acabaria por ser comentado, também, no período aberto à participação do público. “Na ausência de escola no futuro imediato vamos perder pessoas”, alertou Gonçalo Gonçalves, professor do ensino básico, residente em Requeixo. Com menos população, antevê que a localidade venha a tornar-se “um ponto de passagem de turistas”, atendendo a criação do ‘Museu da Terra’, anunciada esta quinta-feira pela Câmara, embora ressalvando que “é um bom investimento”.
O estudo de projeto para Quinta da Costa, adquirida pela Câmara em 2011 num negócio que gerou polémica (ver abaixo texto relacionado), deixou “claramente satisfeito” o presidente da Junta de Freguesia de Requeixo, Nossa Senhora de Fátima e Nariz, uma vez que “melhorou extraordinariamente” a proposta inicial, que passava por ocupar a antiga residência paroquial.
Do PS, também foi dado apoio à proposta pelo potencial de atratividade e desenvolvimento, mas o vereador Manuel Oliveira de Sousa deixou algumas sugestões, nomeadamente que no âmbito da programação museuológica seja tida em conta “a proximidade à pateira e explorar a história e património local”.
Ribau Esteves não viu vantagens em ir muito além do previsto. “Não é um museu de tudo, mas existirão rotas”, garantiu.
Depois do estudo da autoria dos serviços da Câmara, seguir-se-á a elaboração do projeto, que deve ficar pronto até ao final do ano para depois lançar o concurso da empreitada.
O edil estimou que o ‘Museu da Terra’ e as suas diversas valências para instalar em 3,8 dos 5 hetáres da quinta possa envolver um investimento de 1,6 milhões de euros, contemplando também a reconstrução da casa principal, que remonta ao início do século XIX, tendo funcionado algum tempo como seminário.
Além de albergar o espólio do antigo Museu Etnográfico de Requeixo, “honrando a sua história” será instalado “um centro interpretativo e explicativo dos materiais da terra e técnicas que eram usados para construção, com destaque para o adobe e a pedra de Eirol”.
“Serão também retratadas práticas agrícolas mais antigas, com animais de quinta”. O lazer é outra aposta, com a criação de um parque de merendas e uma rede de passadiços na floresta circundante.
Consultar mais informações sobre o estudo de projeto do ‘Museu da Terra’
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