“É preciso arranjar convergências para ajudar o setor”. Apelo lançado esta quarta-feira por Américo Pessoa, delegado em Aveiro da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP).
A declaração do estado de emergência, que veio impor restrições de circulação nos concelhos onde existe risco elevado devido à pandemia, como é o caso de Aveiro, está a provocar “um grande abalo”. Ainda para mais, numa cidade onde “o peso do turismo é muito maior”.
“A situação de crise” tem motivado “reuniões todos os dias com sócios que procuram recolher informação e ou vão pedir a ajuda. Sentimos que é preciso arranjar convergências para ajudar o setor”, apelou Américo Pessoa, que também “sente na pele” as dificuldades na sua atividade como empresário de restauração, compreendendo, por isso, “muito bem” a contestação que vai surgindo publicamente.
“Estamos a trabalhar na procura de soluções, mas que tenham resultados visíveis. Caiu esta ‘bomba’ após a declaração do estado de emegência, está-se a trabalhar, ainda sem grandes novidades”, referiu o delegado da AHRESP.
A associação está em várias “frentes”. Ao nível governamental, para procurar “sanar incoerências” nas excepções previstas que “são injustas” para o setor relativamente às grandes superfícies, por exemplo, e ver aprovadas medidas sugeridas, como a redução do IVA. Espera-se ainda pela “clarificação” da possibilidade de servir refeições a pessoas em trabalho.
Estimando-se que 60 % da faturação, em tempos normais, seja gerada pelo fim de semana, as restrições de horários naqueles dias, agravadas pela quebra do turismo sentida nos últimos meses, vão “reduzir a quase nada” a atividade, com consequências previsíveis, desde logo forçar encerramentos e despedimentos e hipotecar o futuro, em alguns casos de forma irreversível.
A AHRESP está também “em contactos” com a autarquia local.“Temos tido apoio solidário e sentido interesse e esforço para existirem apoios, dentro do possível e capacidade do município, porque não se pode substituir ao Governo”, declarou Américo Pessoa, lembrando, para além de isenções de taxas e ampliação de esplanadas, “o bom exemplo” dos eventos de verão “que deram vida à cidade”, criando condições para trazer turistas “o que não sucedeu em outras zonas”.
Imposições legais e consequências para o sector
» Nos 121 concelhos do país que foram identificados como registando uma situação pandémica mais grave, e que representam 71% de toda a população portuguesa, está prevista a “proibição de circulação na via pública”, diariamente no período compreendido entre as 23:00 e as 05:00 , com a medida agravada aos fins-de-semana, em que a circulação é proibida das 13:00 às 05:00, sendo que muitos estabelecimentos de restauração e similares realizam grande parte da sua faturação, precisamente, ao fim-de-semana;
» A Restauração, Similares e Alojamento perderam mais de 49.000 postos de trabalho no 3º trimestre de 2020 (período normal de maior empregabilidade) e de acordo com o último inquérito da AHRESP, 41% das empresas de Restauração e Similares ponderam ir para insolvência e 19% do Alojamento Turístico vai no mesmo sentido.
Discurso direto
“Encerrar os restaurantes às 13:00 é um exagero. Pelo menos deveriam estar abertos até às 16:00 para conseguirem fazer os almoços. Da minha parte há uma total solidariedade com os nossos Empresários da área da Restauração e da AHRESP e a junto minha voz como autarca a este momento” – Ribau Esteves, presidente da Câmara.
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