O presente roteiro leva o caminhante a descobrir as Igrejas e Capelas da Paróquia da antiga freguesia da Glória, entretanto agregada à Vera Cruz, na cidade de Aveiro.
Por Manuel Ferreira Cardoso *
Se fosse realizado na primeira metade do século XIX, o local de partida seria o adro de S. Miguel, o histórico templo que acompanhou a evolução de Aveiro, desde os primórdios da fundação da portugalidade até ao advento do liberalismo.
O local de partida, e de chegada, é o adro da Igreja de S. Domingos, templo que para além de igreja matriz da Glória, é também a Sé da Diocese de Aveiro.
A origem deste templo remonta a 1423, ano em que o Infante D. Pedro, que então detinha o senhorio de Aveiro, recebeu autorização papal para avançar com a construção do convento dominicano (masculino) de Nossa Senhora da Misericórdia. Ao longo de seis séculos, a igreja beneficiou de diversas intervenções, apresentando-se aos olhos dos visitantes como um mostruário de estilos arquitetónicos e decorativos, desde o gótico ao contemporâneo. Está classificada como Monumento de Interesse Público (MIP) desde 1996.
A etapa seguinte é a vizinha Igreja de Jesus, templo que integra o conjunto monumental do antigo convento dominicano (feminino) de Jesus, atual Museu de Aveiro /Santa Joana. Neste convento, fundado em 1461, viveu, de 1472 a 1490, a Infanta Joana, filha do rei D. Afonso V, que morreu com áurea de santidade e que, 5 de janeiro de 1965, é padroeira da cidade e da Diocese de Aveiro. Está classificada como Monumento Nacional (MN), desde 1910.
O itinerário prossegue em direção a oeste, pela Avenida Santa Joana, até ao cruzamento à direita com a Rua Combatentes da Grande Guerra (Rua Direita), por onde se avança até à Praça Marquês de Pombal, local de paragem para visitar a Igreja das Carmelitas, do Convento (feminino) de S. João Evangelista, fundado em 1658, e que ocupa parte do antigo palácio dos Duques de Aveiro. O interior apresenta uma rica decoração de talha dourada, azulejaria e pintura. É MN desde 1910.
De regresso à Rua Direita, o viajante segue até à Igreja da Misericórdia, que integra o complexo da Santa Casa da Misericórdia de Aveiro, que se ergue junto aos Paços do Concelho. A construção deste templo decorreu de 1600 a 1609, ainda que só em 1655 tenha ficado totalmente concluído. É considerada o melhor exemplar da arquitetura maneirista na cidade de Aveiro, sendo MIP desde 1974. Anexa à igreja fica a antiga casa de despacho, com um belo pátio interior, normalmente aberto ao público.
Após a visita, o viajante cruza obliquamente a Praça da República, onde outrora existiu a Igreja de S. Miguel e onde atualmente se ergue a estátua de homenagem a José Estevão, para desder as escadas situadas do lado oeste do Atlas / Edifício Fernando Távora, em direção à Rua Belém do Pará. Após ladear o centenário edifício da Escola Homem Cristo, o caminhante avança poucas dezenas de metros pela Rua Homem Cristo Filho até deparar, do lado direito, com a Rua da Arrochela, que percorre, à qual se segue a Rua Magalhães Serrão, que ladeia parte do Jardim da Baixa de Santo António.
No final desta artéria, ergue-se a Capela dos Santos Mártires, fundada em 1670. Por norma, o pequeno templo encontra-se fechado, mas com a parte superior da porta aberta, o que permite contemplar o seu interior.
A caminhada prossegue até o termo da Rua dos Santos Mártires, local onde se vira à esquerda, pela Rua Calouste Gulbenkian. Junto à rotunda do Hospital, cruza-se a rua, seguindo em direção à Universidade de Aveiro por um caminho pedonal que ladeia o Bairro da Misericórdia.
O Seminário de Aveiro, que é a etapa seguinte deste roteiro, surge do lado esquerdo, após o parque de estacionamento.
Construído em meados do século XX, o seminário e a respetiva capela formam um conjunto com um estilo arquitetónico muito original, com dois claustros interiores.
De regresso à entrada, na Rua João Jacinto de Magalhães, o itinerário prossegue entre o complexo universitário (à direita), o seminário e o Centro Universitário Fé e Cultura (à esquerda).
Frente ao edifício da Reitoria da Universidade de Aveiro, vira-se à esquerda, pela Rua F. António Marcelino.
Poucos metros volvidos, do lado esquerdo, ergue-se a Capela de Nossa Senhora da Ajuda, templo onde foram reutilizados parte dos materiais da antiga capela homónima, demolida em 1915, e que se localizava num outro local.
Seguindo novamente pela Rua D. António Marcelino, entre o seminário (à esquerda), o estacionamento e residências universitárias (à direita), chega-se à Avenida da Universidade, que se cruza e pela qual se avança até à rotunda do hospital. Aqui, o viajante vai em frente, pela Avenida Artur Ravara, ladeando primeiro o Hospital Infante D. Pedro (Hospital de Aveiro) e depois o Parque Infante D. Pedro.
No final deste, entra-se na parte superior do parque, em direção ao conjunto monumental formado pela Igreja de Santo António, Capela de S. Francisco e Casa do Despacho. A construção da igreja remonta a 1524, enquanto a capela foi construída entre 1677 e 1682. Os dois templos, com ligação interna, apresentam uma rica decoração (talha dourada, pintura, azulejaria) interior, tendo um pequeno núcleo museológico na casa do despacho. É MN desde 2002.
Novamente na parte superior do parque Infante d. Pedro, regressa-se até junto da Avenida Artur Ravara. Cruza-se a Avenida Araújo e Silva, para se prosseguir pela Avenida Santa Joana, até à Catedral de Aveiro, templo que se avista do parque.
Para além da Igreja de S. Miguel, e das vizinhas Capela de Santo António dos Presos e do Paço Episcopal, se este roteiro fosse realizado em meados do século XIX, passaria ainda pela Igreja do Recolhimento de S. Bernardino (Rua Capitão Sousa Pizarro) e pela Igreja do Espírito Santo (Largo das Cinco Bicas).
* https://www.facebook.com/manuel.cardosoferreira.5
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