Aveiro: Rede social está “todos os dias com os sem-abrigo”

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Abrigos de passageiros da zona nascente da Estação da CP de Aveiro.

João Barbosa, ex-presidente da Junta de Freguesia da Vera Cruz, quis saber se a Câmara de Aveiro tem dado apoio para pessoas que vivem na ruas devido à vaga de frio.

Um dos assuntos que motivou pedidos de esclarecimento por parte do antigo autarca do PS ao intervir durante o período aberto à participação do público, esta quinta-feira.

“Com esta vaga de frio, a Câmara teve algum plano na noite aos sem-abrigo”, questionou João Barbosa, fazendo notar que o presidente da edilidade é o responsável máximo da Proteção Civil Municipal e “a maioria” dos cidadãos a viverem naquelas situações, em vários pontos da cidade, “estão sinalizados pelos serviços camarários”.

Na resposta, Ribau Esteves garantiu que existe acompanhamento por parte do município, envolvendo instituições locais, de forma discreta mas eficiente.

“A Câmara nega-se a fazer publicidade e marketing político em razão daqueles que sofrem, isso não fazemos”, afirmou.

Segundo o edil, o município tem a sua “rede social, que globalmente funciona muito bem”, a dar “respostas para todas as tipologias” e com o apoio necessário.

O grupo autónomo da IPSS Florinhas do Vouga, o Núcleo de Planeamento e Intervenção com Sem-Abrigo (NIPSA) é um dos que “trabalha todos os dias com os sem-abrigo, nas vagas de frio ou calor”, com alojamento, comida e outros serviços.

“Não fazemos publicidade, fazemos trabalho. Ao contrário de outras autarquias, não dizemos que ativámos o plano para vagas de frio, isso está definido nos planos de intervenção da rede social, participado pela Câmaras, instituições e policia, de forma eficiente e descrita”, afirmou o autarca, vincado que as ações necessárias de ajuda “são tomadas de forma autónoma e normal, sem notas de imprensa”.

Na estação da CP, os abrigos de passageiros localizados junto do parque de estacionamento nascente estão todos transformados em dormitórios há várias semanas. Um grupo de pessoas sem-abrigo, incluindo vários cidadãos de nacionalidade romena, estes fazem, à parte, o seu dia-a-dia.

Alguns dos cinco portugueses que têm ali o seu teto viviam no rés-de-chão do edifício com pérgola no Parque de Santiago, que foi, entretanto, aterrado, por razões de salubridade e segurança.

A Florinhas do Vouga tem disponibilizado apoio na alimentação, higiene e cuidados de saúde aos sem-abrigo que, normalmente, resistem a sair da rua e até recusam alojamento temporário.

“Estamos aqui para nos ajudar-mos uns aos outros”, referiu um dos sem-abrigo, natural de Felgueiras, mas vindo de Vagos, onde viveu alguns anos. O homem diz aceitou, recentemente, entrar num “tratamento de alcoolismo em Coimbra” encaminhado pela Florinhas do Vouga e, depois,  fazer uma formação no centro de emprego de pastelaria”. Uma exceção entre os outros sem-abrigo, que mais resignados com a sua frágil condição social e até de saúde, devido, em grande medida, a problemas com dependências.

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