Aveiro: Queixas levam a fiscalizar ruído de bares em zonas residenciais da Beira Mar

2174
Bairro da Beira Mar, Aveiro.
Natalim3

Estão de volta as queixas com as implicações negativas da vida noctívaga no bairro da Beira Mar, onde se concentra o principal núcleo de restauração e animação da cidade de Aveiro.

65 moradores e empresários ao zona histórica colocaram a assinatura numa “subscrição” que fizeram chegar à Câmara, dando conta da sua insatisfação com “o ruído noturno causado pelo funcionamento dos bares”, assim como “a atos de vandalismo que afetam tanto o património público como privado”.

“Paredes grafitadas, viaturas danificados, imundice do pior que podem imaginar, especialmente na zona do S. Gonçalinho e à volta da praça do peixe. Os moradores queixam-se constantemente de ter de lavar os portões com lixívia, porque é uma imundice de todo o tamanho”, deu conta Rui Pereira, porta-voz do grupo de residentes e empresários ao dar conta das preocupações na reunião pública do executivo, esta quinta-feira.

Nem é tanto a praça do peixe o foco de maiores problemas, mas sim bares inseridos em ruas residenciais, que descuidam-se nas medidas preventivas de “ruído e confusão” gerada com permanência após hora de fecho, contribuindo para a ‘fuga’ de moradores. Pessoas “que não conseguem descansar” durante a noite onde alguns bares funcionam como “discotecas”,  causando um barulho “insuportável, fazendo perder a cabeça”, relatou o residente, adiantando que as queixas, recorrentes, junto da autoridade policial, não têm consequências. “Deviam desencadear pela Câmara medições de ruído para verificar se as licenças esta a ser respeitadas”, acrescentou, dando conta que há inquilinos cansados a pedir a rescisão de contratos junto de senhorios, que são também moradores, alguns investiram para ter as suas casas arrendadas ou a servir de alojamento local.

Os cidadão avançaram a suas custas com uma avaliação de ruído que custou cerca de meio milhar de euros. “Sem surpresa nenhuma”, concluiu-se num estabelecimento que “os limites estão bem acima” do regulamento geral de ruído (o índice é quatro vezes superior ao permitido).

“Moradores e empresários são fortemente penalizados economicamente e não só”, insistiu Rui Pereira, adiantando, ainda, que os turistas que passam as noites em alojamentos na zona já começam a deixar queixas de ruído nos comentários (reviews). “Esperamos que não seja necessário avançar para a via judicial, que a Câmara atue, fiscalize, faça o seu papel”, pediu o porta-voz, exigindo “respeito” dos vizinhos.

Autarca fala em casos pontuais, mas admite necessidade de fazer fiscalização

O presidente da Câmara, nas respostas, não se mostrou surpreendido com as queixas, que não são “novidade nenhuma”

Ribau Esteves lembrou “o faroeste autêntico” que era o bairro da Beira Mar no início do mandato, obrigando a acabar com a medição não regulamentada e colocar sistemas em ordem.

Atingiu-se, entretanto um “ponto de equilíbrio”, em que as queixas foram “muito pontuais” e o panorama “na condição geral melhorou”. Com a pandemia não existiram problemas que a retoma da vida normal, muito intensa, terá feito ressurgir.

“Situações de vandalismo urbano também são muito pontuais, ruído sistemático em bares não temos e autos formais da PSP não temos recebido”, informou o autarca, admitindo que talvez seja a altura de “seremos mais diligentes” e iniciar um “ponto de situação” dos medidores acústicos”, colocando ‘no terreno’ a Polícia Municipal com essa tarefa.

“Temos de cultivar uma relação positiva entre as várias vivências do bairro, não há volta a dar. Com ajuda da autoridade policial e a sua presença dissuasora, mais útil do que reação à queixa que depois encontra o problema resolvido”, defendeu Ribau Esteves.

Discurso direto

“Nós na Câmara de Aveiro nunca tivemos problema nenhum em usar o drástico instrumento da restrição de horário. Tivemos aqui empresários em lágrimas para não fazermos isso, restringir às 23:00 é a mesma coisa que fechar. Não temos problema nenhum, já o fizemos no passado, em agir para reiterados incumpridores”.

Requalificação do bairro aguarda concurso público

O edil aproveitou para fazer um ponto de situação do projeto de requalificação do bairro, numa operação em três fases. A primeira será o lançamento do concurso público em breve. Existem três áreas para recuperar, que é “muito mais” do que mudar pavimentos prevendo novas zonas de utilização e medidas para restringir acesso rodoviário. Existem outros problemas a resolver, como alternativas de estacionamento para residentes, por exemplo junto aos Bombeiros Novos. “É um projeto muito complexo num bairro que é para múltiplas funções, em que não é fácil o equilíbrio entre todas”, ressalvou Ribau Esteves, adiantando que ainda está a ser ponderada a instalação de vídeo vigilância, mas para já, tudo indica, sem decisão de avanço.

Publicidade, serviços e donativos

» Está a ler um artigo sem acesso pago. Faça um donativo para ajudar a manter o NotíciasdeAveiro.pt de acesso online gratuito;

» Pode ativar rapidamente campanhas promocionais, assim como requisitar outros serviços.

Consultar informação para transferência bancária e aceder a plataforma online para incluir publicidade online.