Aveiro: Oposição aponta o reverso da medalha na gestão camarária

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Assembleia Municipal de Aveiro.
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A oposição aproveitou a comunicação sobre os últimos dois meses de gestão camarária na Assembleia Municipal (AM), esta terça-feira, para fazer um balanço da primeira metade do mandato, questionando, e nalguns casos pondo mesmo em causa, opções e obras da maioria PSD-CDS.

Rui Alvarenga, do PAN, falou em “medidas manifestamente contraditórias”, dando como exemplo o projeto do Rossio dotado de cave de estacionamento versus investimentos em veículos elétricos, como acontecerá com o novo ferry. Mostrou-se “preocupado” também com “o abate consecutivo” de árvores “não por razões sanitárias ou de segurança” das pessoas. “Prefiro contornar nos passeios árvores do que parquímetros ou caixas de eletricidade”, afirmou o eleito, que deu o parque canino como exemplo de “obra não prioritária” quando era necessário fazer a esterilização de animais.

Pelo Bloco de Esquerda, Rita Batista vê que a gestão camarária em funções “tem uma cunho muito característico”, que é “o apoio” com investimentos públicos na ordem dos 10 milhões de euros “aos negócios privados”, como sucederá com a segunda ponte nas eclusas para servir a cave de estacionamento prevista para o Rossio, e este também servirá hotéis,  algumas acessibilidades ou o parque de estacionamento a nascente da estação ferroviária que, entende a bloquista, beneficiará o concessionário de transportes.

Jorge Gonçalves, da bancada do PS, alertou para o preço do terreno em Aveiro (1400 a 2000 euros o metro quadrado) que andará “com valores semelhantes” à Avenida da Liberdade, em Lisboa, uma zonas mais nobres da capital. “É absolutamente assustador, são valores altíssimos”, afirmou, o que pode afectar a habitação social, a classe média e os jovens.

Aludiu ainda à “desnecessidade absolutamente evidente e atentatória do ambiente” de instalar uma cave no Rossio, criticando, também, a “opção” da Câmara para requalificar a Avenida Lourenço Peixinho, que “parece não respeitar a história” da via quase secular, com a colocação de rotundas e fazendo desaparecer o separador central ou deslocalizar a estátua do ‘Soldado desconhecido’ “para local menos digno”. Em resumo, “não é uma ideia progressista, nem moderna, é conservadora”, criticou.

Um município “a crescer, a trabalhar, com um balanço positivo”

Nas respostas, o presidente reafirmou que a cave de estacionamento no Rossio “vai trazer menos carros” à zona, com menos de metade dos lugares à superfície. Os estudos apontam também para a redução do tráfego ao se colocar o trânsito de saída no sentido Rua João Mendonça – pontes.

Sobre as árvores, “está tudo dito” mas relembrou: “todas que abatemos colocam em risco as pessoas, têm patologias ou estão na implementação errada. Além disso, vamos plantar muitas mais árvores”, garantiu, dando o exemplo do que sucederá no futuro estacionamento da estação e na Avenida Lourenço Peixinho, com “quase o dobro”, no caso concreto com opção definitiva por ‘nogueiras-do Japão’ (Ginkgo biloba), “recordista mundial na fixação de dióxido de carbono”.

Quanto a “investimentos que servem privados” apontados pelo Bloco, esclareceu que o novo parque estacionamento junto da estação “não é para o concessionário” que gere o centro coordenador de transportes, “mas para toda a gente, livre e sem pagar”.

Ribau Esteves garantiu que o município “está a crescer, a trabalhar”, fazendo “um balanço positivo”, que executa “obras importantes para as pessoas”. Embora admita que nem todos possam concordar com as opções, não aceita que se diga que “a maior parte não serve o interesse público”.

Quanto ao ‘parque aventura’ a criar em Esgueira, na zona da antiga carreira de tiro, esclareceu que será para “uso multi etário, único na escala do município e incluirá parque canino.”

Relativamente ao projeto da Avenida Lourenço Peixinho, assegura que “respeita em absoluto o património”, na maioria composto por edificado privado, assim como a calçada existente. “Não parece que o corredor central seja uma matriz patrimonial, o que diriam os obreiros do túnel da estação, e não digo mal do túnel”, afirmou sobre a opção de praticamente eliminar o separador. “A estátua do ‘Soldado desconhecido” ficará “mais perto dos cidadãos, para que possam conviver com ela”.

O projeto da obra já em concurso público é assumido por Ribau Esteves como “conservador no sentido da valorização patrimonial” mas “não conservador” na substituição da rede de águas pluviais, iluminação pública e semáforos que estarão ultrapassados, propondo “mais árvores no sentido certo, junto aos corredores pedonais, para as separar das viaturas”.

Vogal do BE acusada de falsidade

Rita Batista, do Bloco, pôs em causa a alteração do projeto para a transformação do antigo palacete Visconde de Valdemouro em hotel, na sua versão definitiva de 5 estrelas, apontando para o dobro do volume de construção, ao passar de dois a quatro pisos, que deixará os vizinhos “sem sol, luz direta ou arejamento”. Um “projeto descabido e contra o Plano de Urbanização da Cidade de Aveiro (PUCA)”, pelo que “neste momento está fora da lei”, o que só ficará ultrapassado quando o novo Plano Diretor Municipal (PDM) entrar em vigor.

Afirmações que Ribau Esteves disse serem “pura mentira”, avisando que, a persistir, “um dia destes” a eleita “vai ter de dar explicações em outro sítio”. Segundo garantiu o edil, “o licenciamento da obra que já começou é absolutamente legal e cumpre o instrumento de planeamento em vigor”, que é o PUCA. “Uma acusação de ilegalidade num licenciamento é uma coisa grave. É absolutamente legal, ninguém ficará sem sol ou ventilação, isso é absurdo”, disse.

O novo dono do antigo palacete mudou de 4 para 5 estrelas ao incluir na cave uma piscina numa operação urbanística de reabilitação “de um mais nobres edifícios da cidade”.

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