Seguindo o apelo lançado pelo movimento ‘Juntos pelo Rossio’, moradores da Beira Mar e outros cidadãos insistiram, ontem, na reunião pública do excutivo, para a utilização dos “terrenos próximos, no caminho para antiga lota” como zona de estacionamento, evitando, assim, a instalação do parque subterrâneo que a coligação PSD-CDS defende para o Rossio, aproveitando a requalificação do jardim, onde se pretende criar em parte uma “praça”.
Apesar de renovar o interesse municipal em gerir aquela zona portuária, Ribau Esteves não comentou diretamente a proposta alternativa ao parque da única área verde da zona antiga da cidade, alegando que o futuro está dependente da sua entrega à autarquia, a aguardar o desfecho de negociações que estarão em curso com o Governo no âmbito do processo de descentralização.
A pretexto do agendamento de um ponto destinado a tomar conhecimento da primeira versão do estudo prévio do projeto, vários munícipes expressaram oposição,
em especial ao estacionamento subterrâneo, arrastando o período aberto à participação do público desde as 18:30 até à hora do jantar. Isto depois do assunto
ter sido debatido no seio do executivo.
Graciete Peixinho, professora reformada, vincou a sua indignação. “Esta história de ser moderno, não pode fazer esquecer o antigo, que deve ser preservado. Diz muito aos aveirenses. Não entendo que com tantos parques na cidade haja necessidade de esburacar o Rossio, é um jardim não uma garagem”, lamentou, temendo com “tanta obra”, um dia destes não saber onde fica a sua rua. Questionou, por fim, a opção de “colocar os turistas à porta e não se fazer o parque no sítio da lota”.
Embora reconhecendo um esforço para aumentar a zona verde em relação à ideia base, Susana Lima, moradora que faz parte dos ‘Juntos pelo Rossio’, expôs receios pelo “impacto económico, social e psicológico”, neste caso pela perda “de uma ligação afectiva” ao jardim, alertando ainda para “riscos”, desde inundações a eventuais danos em prédios, por força das obras. Além disso, mostrou-se convencida que irá “atrair mais trânsito”.
António Luis Oliveira defendeu “a replantação das palmeiras”, afirmando-se “claramente contra o buraco”. Sugeriu, em alternativa, “replicar” o tipo de estacionamento adoptado ao longo do canal de São Roque no sentido da lota velha, “onde está à vontade”. “O que se pretende fazer é desqualificar”, acusou o munícipe, considerando que o destapamento das ruínas da igreja “é apenas um pretexto, não tem nenhum significado histórico”.
A recusa de Ribau Esteves em aceitar um referendo também mereceu críticas. “O presidente está a gerir o medo, acrescenta múltiplos outros assuntos, estamos cansados”, criticou.
Discurso direto
“O Rossio é compatível com a oferta de estacionamento. Impacto psicológico e medo ? As pessoas assustam-se de ver tantas obras, mas baseiam-se em nada. Tecnicamente o risco na envolvente durante a obra é muito baixo, não vale a pena abanar com o medo. A área do automóvel vai baixar muito” – Ribau Esteves.
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