A população de Nossa Senhora de Fátima, no sul do concelho de Aveiro, continua insatisfeita com a prestação de cuidados de saúde primários, temendo a transferência definitiva para uma das freguesias vizinhas.
O médico de família atualmente ao serviço vem de Requeixo “fazer algumas horas e está para se reformar” alertou uma moradora ao intervir durante o período aberto ao público da reunião de Câmara descentralizada realizada esta quinta-feira na sede da União de Freguesias.
Maria Rodrigues insistiu na denúncia do “esvaziamento” da unidade de saúde, com utentes a verem-se “obrigados” a procurar consultas em freguesias vizinhas, como Eixo e “os que ficam a ir para Nariz”, enfrentando, para além do mais, dificuldades em arranjar transporte. “Há gente a ir de bicicleta, outros deslocam-se a Aveiro para ir a Eixo”.
O Agrupamento de Centros de Saúde do Baixo Vouga (AceS) considera os meios adequados aos 190 utentes, mas a população garante que o número peca muito por defeito: “Não é verdade, eram 311 e nos últimos censos tínhamos 1911 pessoas”, lembrou a moradora pedindo “uma resposta urgente” para as carências, sobretudo, da terceira idade. “Não é por acaso que aqui se registam tantos óbitos”, alertou Maria Rodrigues.
Como tem feito em outras ocasiões, o presidente da Câmara insistiu que, nesta questão, “apenas tem o poder de influenciar” à tutela para satisfazer as carências que acredita serem reais. “O Ministério da Saúde tem a maior das dificuldades de arranjar médicos, é preciso formar mais médicos mas a Ordem é quem manda e acha que quantos menos melhor, para terem mais empregos”, afirmou Ribau Esteves.
A Câmara quer investir na construção do novo edifício em Nossa Senhora de Fátima para albergar uma Unidade de Saúde Familiar onde possam ficar dois médicos permanentemente, esperando ainda pelo envolvimento do Governo para assumir a sua parte.
O líder da edilidade foi confrontado por residentes com diversas outros assuntos desde a necessidade de criar zonas florestais com espécies autóctones, contrariando, assim, a proliferação de eucaliptais que regressou após os fogos florestais de há dois anos ou a necessidade de preservar o espólio arqueológico, nomeadamente a mamoa, há muito abandonado.
Recordaram-se outros problemas, como o acesso a telecomunicações (ausência de rede em fibra), falta de saneamento básico, estradas há muito por repavimentar ou o impacte ambiental da unidade de tratamento mecânico biológico. Neste último caso, Ribau Esteves garantiu que a Câmara “está muito atenta”.
O presidente apontou para o próximo ano a construção do ‘Museu da Terra’ em Requeixo, uma obra com estimativa grosseira de investimento a rondar 400 mil euros. Sobre o desassoreamento da pateira, esclareceu que o projeto está pronto e licenciado, faltando, agora, “acordo” do Governo para o financiamento. “São quatro milhões de euros, não é uma obrinha”, disse.
Artigo relacionado
PS defende desagregação de Nossa Senhora de Fátima, Requeixo e Nariz