O distrito de Aveiro assumiu a liderança nacional na captação de incentivos comunitários destinados a inovação nas empresas atribuídos no âmbito do Portugal 2020, sendo apontado como exempla na obtenção de apoios diretos.
Informação dada, esta manhã, em Águeda, pelo secretário de Estado do Desenvolvimento e Coesão ao intervir na abertura do 6º Fórum Empresarial do Distrito de Aveiro, uma organização bienal da Associação Industrial do Distrito de Aveiro (AIDA).
“Este distrito, no grande sistema de incentivos de inovação, de apoio investimento produtivo, a novos produtos e processos, um sistema central do Portugal 2020, posso dar como grande novidade que Aveiro é lider na absorção dos incentivos, tendo ultrapassado o Porto na utilização de fundos e deixou para trás Braga e Leiria”, referiu o governante.
“São investimentos de qualidade, na reivinção da indústria, que apostam na transformação digital, os grandes desafios transição industrial e energética, que no concreto já estão organizados e têm fontes de financiamento e apoios no terreno”, acrescentou, rejeitando, assim, a falta de “apoio direto” às empresas.
Metade da verba estará já executada. São 1300 milhões de investimento que mereceram do Governo 700 milhões para criar sete mil postos de trabalho, 40% dos quais qualificados.
“O grande mérito é das empresas mas também fomos capazes de corresponder às necessidades”, sublinhou Nelson Souza.
Aveiro conseguiu um aumento do investimento em “mais 83%, quase o dobro do período homólogo” do anterior programa (QREN).
“Investimos mais do que nunca ao utilizar o Portugal 2020 como alavanca do incentivo privado, funcionou e vai continuar. As empresas vão continuar a ser prioridade”, garantiu o secretário de Estado ao fazer um balanço da aplicação dos fundos estruturais “diretos”, esperando uma verba não inferior para novo investimento de 5 mil milhões de euros até afinal do quadro, no âmbito da reprogramação.
Até ao final do ano, segundo o secretário de Estado, serão pagos dois mil milhões de euros de incentivos aprovados.
A “dinâmica” e “recordes” nos concursos em carteira para projetos aprovados para apoio de empresas somam 9.000 milhões de euros de investimento empresarial, nos quais Portugal 2020 suporta 4.500 milhões de euros, prova que 2020 apoia efetivamente o investimento empresarial, inovador, apoio à internacionalização
Obras públicas emblemáticas vão ter de aguardar novas oportunidades
Além deste esclarecimento sobre a execução de apoios comunitários, o Secretário de Estado respondeu às queixas feitas pelo presidente da Associação Industrial do Distrito de Aveiro (AIDA) sobre atrasos em projetos emblemáticos para a região, nomeadamente em rodovias e ferrovia. Explicou que a “exclusão” de investimento comunitário resultou de negociações do anterior Governo, afectando obras como o acesso Aveiro – Águeda e a ferrovia para mercadorias Aveiro – Salamanca.
Projetos, entretanto, remetidos para o financiamento público nacional “que tem constragimentos”, ainda decorrentes do plano de ajustamento a que o País esteve sujeito e ainda persistem.
O Governo tentou apoio direto para a linha ferroviária de ligação de Aveiro a Espanha, mas por duas vezes foi negado. O objetivo passou a ser incluir aqueles projetos no próximo quadro comunitário.
Os alertas da AIDA para o Governo encontrar “soluções”
O Fórum de 2018 tornou-se “o maior de todos os fóruns” organizados pela AIDA, adiantou o presidente, Fernando Castro, na abertura. Sob o mote “reinventar a indústria, afirmar o futuro”, a associação empresarial mais representativa da região, onde existem 5700 empresas, 750 das quais industriais,
O dirigente associativo aproveitou para lembrar “situações recorrentes” que as empresas querem ver “solucionadas”, como a “pesada carga fiscal e burocrática”, com “todos os anos” a surgirem “mais impostos e taxas sem que nenhum diminua”, para além do “extenso rol” de custos de contexto, denunciado o caso “alarmante” dos preços de energia”, bem como a “morosidade da justiça” ou o “tímido apoio, mormente à recapitalização”.
Discurso direto
“Notamos a escassez de medidas para minimizar a falta de trabalhadores, apesar de existirem oficialmente mais de 350 mil desempregados. As empresas do CER, o Consórcio Empresarial da Região de Aveiro, irão assinar um protocolo hoje para dar contributos nesta área.
É dada pouca atenção ao papel das associações empresariais, ignorando o serviço público e esvaziando-as de funções a coberto de descentralização e novos serviços nos municípios com custos.
Há falta de investimento público em sectores que muito podem melhorar a competitividade, nomeadamente em vias de comunicação, a velha necessidade da ligação de Águeda à Auto-Estrada agora mais urgente do que nunca. Devemos lamentar mais uma vez que o projeto da ferrovia Aveiro, Viseu, Salamanca, em bitola europeia e transporte rápido de mercadorias, esteja a ser substituído por remendos da linha da Beira Alta, sob pretexto de falta de financiamentio, que vemos em outros projetos. É tempo de cuidado do pilar económico, das empresas, lamentamos que o Orçamento do Estado mais uma vez o descure, no que é urgente – Fernando de Castro.
(em atualização)