A associação ‘Juntos pelo Rossio’ prepara “várias ações” judiciais para impedir a construção da cave de estacionamento automóvel no jardim do Rossio, no centro de Aveiro, que a Câmara local já lançou a concurso público.
Anúncio feito durante uma manifestação que juntou, este sábado à tarde, entre três a quatro centenas de pessoas.
A concentração aconteceu na estátua de João Afonso, seguido-se um desfile até à praça Melo Freitas, onde ouviram-se várias intervenções.
“As mensagens principais que quisemos transmitir é que continuamos a não concordar com o presidente da Câmara, não queremos baixar os braços e queremos que a população seja ouvida. É uma forma de expressarmos o nosso descontentamento e de mostrarmos que não é só o nosso movimento, mas também uma grande parte, expressiva, da população de Aveiro que está contra”, explicou David Iguaz, líder dos ‘Juntos pelo Rossio’.
A mobilização para esta ação de protesto esteve dentro das expetativas da organização e foi aproveitada para várias iniciativas, desde angariação de fundos e recolha de assinaturas. Entre cidadãos os anónimos estiveram presentes figuras partidárias do PAN, PS, PCP e Bloco de Esquerda, incluindo deputados na Assembleia da República do Bloco e PS e mais uma vez Alberto Souto, ex-presidente de Câmara, atual secretário de Estado Adjunto e das Comunicações.
“Lançamos um manifesto, a que podem aderir outros movimentos e associações cívicas que queiram participar, queremos formar uma plataforma conjunta”, adiantou David Iguaz.
O ‘Juntos pelo Rossio’ insiste em considerar que “não faz sentido abrir um buraco durante três anos com um parque de estacionamento ao lado praticamente vazio todo o ano”, mantendo que “existem perigos geológicos e ambientais” na obra projetada.
A Câmara veio informar esta semana que tem já pareceres favoráveis, da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC) e Agência Portuguesa do Ambiente (APA).
Sobre o alegado indeferimento do pedido feito pelo ‘Juntos pelo Rossio’ de classificação do parque arbóreo pelo Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), David Iguaz garantiu que “não corresponde à verdade”.
“O que nós recebemos foi uma comunicação do ICNF a um pedido nosso para classificação de património nacional do Rossio, o que veio foi um projeto de decisão, é o início de um ato administrativo, não é um indeferimento, contrariamente ao que disse a Câmara, que induziu em erro as pessoas”, referiu, assegurando que o ‘Juntos pelo Rossio’ continuará a pedir a classificação.
O presidente da associação assumiu que está a ser equacionado “fortemente, e será uma opção praticamente segura, iniciar várias ações judicais para travar este projeto” porque “contradiz, não cumpre, o Plano Diretor Municipal em vigor, o Plano de Urbanização Polis e o Plano de Urbanização da Cidade de Aveiro, o que nós vamos denunciar não só a nível judicial como a outras entidades”. A Câmara tem um entendimento, nós temos outro. Isto tem de ser discutido no tribunais”, concluiu David Iguaz que apelou a outras vias se for necessário, incluindo “enfrentar as máquinas” .
Intervenção de David Iguaz na Praça Melo Freitas (áudio abaixo)
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(em atualização)