
Na sessão solene organizada pela Assembleia Municipal de Aveiro para evocar o 25 de Abril também se ouviram homenagens ao Papa Francisco.
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“Viver para os outros é uma regra da natureza. A vida é boa quando você está feliz, mas é muito melhor quando os outros estão felizes por sua causa”. Palavras do falecido Papa Francisco citadas por Ribau Esteves ao intervir na sessão solene do 25 de Abril, este sábado, organizada pela Assembleia Municipal, para constatar a “tranquila relação” de um País “oficialmente em luto por um homem fantástico e em festa” para comemorar os 51 anos” da ‘Revolução da Liberdade’ ou, a nível local, em plena vivência de eventos muito participados.
O edil encontrou similitudes entre “os valores da vida” do Papa Francisco e “o que fez nascer o 25 de Abril e o fez viver estes 51 anos e seguramente muitos mais”, considerando que “não há Ventura nenhum nem Bloco nenhum que nos leve para outro regime que não seja o democrático, que apenas tem de receber de nós cidadãos contributos positivos para ser mais forte, mais rico e mais mobilizador”.
Ribau Esteves deixou, ainda assim, “um viva” a todas bancadas representadas na Assembleia Municipal, “porque todos são democracia”, alertando que quem procura “fatiar a democracia está a dar cabo da democracia, estupidamente a fazer o contrário do pretendem”, uma vez que “estão a alimentar os extremismos”, que devem ser acautelados para “não crescerem para outro patamar que não seja o da dialética política”.
“Combater o extremismo da má educação, da agressão física e verbal ignóbil”, seja no Martim Moniz ou numa Assembleia Geral em Aveiro
“O que se comemora em primeiro lugar no 25 Abril”, prosseguiu o autarca em final de mandato, “é dizermos o que pensamos, a responsabilidade de cada um saber a diferença, aplaudir a diferença, da extrema esquerda à extrema direita; é essa a virtualidade principal do 25 de Abril”. Importante, sublinhou, “é combater o extremismo da má educação, da agressão física e verbal ignóbil, que não aconteceu só hoje nas agressões no Martim Moniz em Lisboa, aconteceu esta semana na Assembleia Geral de uma das nossas associações privadas sem fins lucrativos” [referência, presume-se, à reunião magna do SC Beira-Mar]. “Os problemas não estão lá longe, estão entre nós. Temos de cuidar dessa democracia saudável, que respeite as diferenças, que cultive a tolerância na clareza da diferença das opiniões”, pediu o autarca.
Já na primeira intervenção da tarde, o presidente da Assembleia Municipal registara a “coincidência do período de luto nacional” detetando “na mensagem de solidariedade e da paz do Papa Francisco” também “ideias” conhecidas da Revolução dos Cravos.”
Luís Souto lembrou que nos dois mandatos à frente do órgão autárquico deliberativo e fiscalizador colocou “quase” como um ‘ponto de honra’ que se fizesse, “ainda que de forma simples, a devida evocação do 25 de abril”, esperando que tal se mantenha após as eleições deste ano, “em linha com os elevados pergaminhos da nossa história enquanto cidade associada a momentos-chave da luta pela Liberdade”, desde a revolta liberal de 16 de maio de 1828 aos Congressos da Oposição Democrática.
Riscos da “liberdade digital” tornar-se “num campo de batalha sem princípios éticos”
Referindo aos atos eleitorais que se aproximam, considerou “natural a maior envolvência e militância em torno de umas e de outras propostas políticas”, esperando que a “liberdade digital que a todos garante o direito à livre expressão” nos dias de hoje não se transforme “num campo de batalha sem princípios éticos” e “palco dos piores instintos da condição humana”.
Para o presidente da Assembleia Municipal, “Aveiro terá a responsabilidade de aprofundar os mecanismos da participação democrática dos cidadãos, explorando as ferramentas mais atuais ao dispor dos órgãos autárquicos, incluindo a Inteligência Artificial, mas sem por em causa, bem pelo contrário, a eficácia da prestação dos serviços ao cidadão e a resposta aos enormes desafios do desenvolvimento do nosso município”.
Discurso direto
“Abril trouxe a paz e consagrou que é pela paz que o País deve sempre caminhar. Essa política direita que se colocar ao serviço dos grupos económicos, dos seus 30 milhões de euros de lucros, ao mesmo tempo que a população vê o final do mês cada vez mais longe, somam-se as dificuldades para suportar os custos de habitação. Isso não é Abril, Abril é a justa distribuição de riqueza. A política de direita estrangula e desinveste nos serviços públicos, apenas suportada pela valorosa dedicação dos seus profissionais no SNS, na escola pública, na Segurança Social, etc. Abril é o contrário deste desinvestimento, como é o contrário da política dos baixos salários , com 70% dos trabalhadores a ganharem abaixo de mil euros brutos, precaridade e baixas reformas. Abril é viver com dignidade” – Nuno Teixeira, PCP;
“As ameaças à liberdade dos portugueses são hoje muito diferentes do que há 51 anos. A imigração em massa, sobretudo de países com cultura e modo de vida radicalmente diferentes, constitui atualmente uma das maiores ameaças à nossa liberdade, ao nosso modo de vida, à nossa coesão social e à nossa própria existência enquanto País. Portugal e a Europa foram literalmente invadidos com o alto patrocínio e irresponsabilidade de políticos europeus de plástico como Angela Merkel, Ursula von der Leyen e António Costa desejosos de ficar bem no retrato do multiculturalismo” – Gabriel Bernardo, Chega;
“Passados 50 anos ainda temos uma democracia em construção, será sempre um projeto inacabado por força dos tempos e das gerações. Não podemos descurar a educação, porque é o garante de uma sociedade informada, participativa e resiliente; não podemos descurar a transparência e o respeito democrático porque só eles evitam que a sociedade seja permeável à dúvida e impessam a confiança na democracia, não podemos descurar os problemas sociais porque só dessa forma evitamos uma sociedade receptiva ao extremismo. Termino apelando, em particular aos jovens, para que tenham uma participação cívica ativa e sejam exigentes com quem vos representa. A democracia é esperança e alegria, não medo e dúvida. Sejamos todos intervenientes num país mais justo, fraterno e livre” – Pedro Rodrigues, PAN;
“Uma das lições de Abril é que não existe liberdade, democracia autêntica, enquanto a exploração e desigualdade forem uma realidade de tantas pessoas no nosso país, que as priva de direitos básicos conquistados pela Revolução. A perda de poder de compra, a precaridade no trabalho, a impossibilidade de aceder a habitação condigna são obstáculos à realização material da liberdade. Esta situação não é uma inevitabilidade, é reflexo de políticas que desvalorizaram o trabalho, minaram a justiça fiscal e protegem alguns contra os interesses da maioria. Há 50 anos Portugal realizava as primeiras eleições livres. Que em 2025 possamos superar estes enormes desafios com a mesma mobilização e espírito de transformação que consagrou as liberdades políticas, reconheceu direitos sociais e económicos e os concretizou através do Estado Social” – João Moniz, BE;
“O sistema eleitoral mantém-se sem alterações significativas, com pouco mais do que alterações que resultam da variação do número de eleitores em cada círculo eleitoral. Não será já altura de repensar uma das bases fundamentais do sistema democrático ? Num tempo em que o País adota de uma forma discreta a regionalização, através da transferência de competências do Governo central, será que ainda faz sentido que as eleições legislativas continuem a ser disputadas em círculos distritais, porque não se adotam círculos com base nas áreas metropolitanas e comunidades intermunicipais, ou porque não passamos a usar os círculos uninominais, a solução que mais aproxima os eleitos dos eleitores, com um círculo nacional de compensação, e porque não o voto em mobilidade para reduzir os níveis elevados de abstenção ou limitar o número de mandatos dos deputados. 50 anos de Abril é marco importante também para a atualização do sistema eleitoral, contribuindo para uma democracia forte” – Jorge Greno, CDS;
“Nós estamos para desenvolver e continuar a lutar por uma sociedade mais justa, mais fraterna, mais inclusiva. Não nos incomoda o facto de termos mais imigrantes, porque nós também somos um país de emigrantes e para onde foram tiveram de trabalhar muito. Os imigrantes podem vir, com todas as consequências, mas sobretudo é uma mais valia para a nossa economia. Não pode acontecer nunca mais uma situação em que há várias pessoas que nos tentam levar para o que existia anteriormente. Todos devemos ser mais transparentes, mais próximos, mais tolerantes, sem deixar de defender os nossos princípios, fazendo tudo para que os nossos jovens passem a aderir à política e a considerar os políticos, que não são corruptos na generalidade, nem vivemos numa sociedade corrupto, e que vejam nos políticos pessoas sérias e honestas, que são eleitos e fazem um serviço a favor da comunidade” – Ana Seiça Neves, PS.
“No último ano vimos o 25 de Abril funcionar em coisas do dia a dia e para as pessoas; no aumento das pensões, dos salários em carreiras da função pública, na isença do IMT para jovens e aumento do complemento solidário para idosos. Hoje, na saúde, na educação, na justiça e na habitação temos graves problemas que após 51 anos do 25 de Abril fazem pensar porque não fomos capazes de os resolver, deixando espaço para que forças políticas extremistas nasçam e cresçam, deturpando aquilo que é uma sociedade livre e democrática. Estas forças extremistas, à direita e esquerda, aparecem pela franca operância forças lideranças democráticas, que se forem capazes não permitem que os extremistas tenham futuro. Por isso, enquanto cidadãos temos de ser mais solidários, com comunidades mais unidas e decisores políticos mais capazes a pensar nos cidadãos” – Manuel Prior, PSD.
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