Um homem de 31 anos invocou “falta de memória” para não explicar no Tribunal de Aveiro todos os contornos de desentendimentos com duas pessoas amigas com quem partilhava o consumo de drogas, e que, alegadamente, degeneraram em violência física.
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O arguido, que se encontra em prisão preventiva, começou, esta terça-feira, a ser julgado por crimes de sequestro, ofensas à integridade física, roubo agravado, acesso ilegítimo, posse de arma proibida e tráfico de droga.
Os factos remontam a março deste ano, em dois episódios, num bairro dos arredores da cidade. No primeiro, o indivíduo é acusado de agredir e sequestrar uma mulher com quem se deslocava ao Porto para comprar droga para consumo próprio e venda a terceiros (cocaína e heroína), desconfiando que a alegada vítima, de 49 anos, o tivesse enganado com a entrega de “produto alterado”.
Na segunda situação, o arguido terá agredido, com recurso a chicote, um outro amigo, também consumidor, que lhe terá retirado algumas “pedras” sem dizer quando fumavam juntos. A vítima foi obrigada a despir-se e colocada na casa de banho e obrigada a defecar, até expelir o pacote com a droga. Aproveitando a distração do arguido, o amigo fugiu do bairro para as proximidades da esquadra da PSP, no Griné, onde foi encontrado nu por um agente que saia do edifício policial.
“Até tenho vergonha de ter estado envolvido nisso. Não digo que não tivesse acontecido, mas não tenho todas as memórias, de certas coisas não me lembro”, referiu o arguido ao prestar declarações no tribunal.
Admitiu que comprava droga no Porto, ressalvado que “o ganho era para fumar”, ou seja consumo próprio, sem assumir tráfico.
No caso em que desconfiou que o produto que a amiga lhe entregou “não era cocaína”, sentiu-se “enganado”, mas negou ter reagido a murros e pontapés (“foram duas bofetadas”) para recuperar os 200 euros alegadamente pagos.
Quanto à alegada subtração de droga imputada ao amigo com quem consumia, disse que deu pela falta de “5 ou seis pedras” e exigiu que as devolvesse, fazendo-lhe “uma revista”. Sem assumir que tivesse chicoteado a vítima (“era uma bengala e não cheguei a dar-lhe com ela”) ou ameaças com navalhas. Negou, também, que as portas de casa estivessem trancadas, bem como o acesso ao telemóvel do amigo para tentar conseguir transferir o dinheiro exigido pela droga. A situação terá acalmado quando, contou, “fui à sanita e estava la tudo, um embrulho nas fezes”. Nessa altura, o amigo “já tinha fugido”.
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