O presidente da Câmara de Aveiro não deu inteiramente razão, pelo contrário, às queixas ouvidas na Assembleia Municipal, esta sexta-feira à noite, devido a incómodos causados pelas obras em curso (cerca de sete dezenas) no concelho.
Reparos ouvidos durante o período dedicado à comunicação relativa aos últimos meses de gestão, incluindo da bancada do CDS, parceiro do PSD na coligação de direita que tem maioria no executivo.
Ribau Esteves aproveitou para informar que o ciclo mais intenso de investimentos públicos, que passou a ter maior visibilidade ‘no terreno’ a partir de 2019, irá prolongar-se durante 2021 e, pelas condições já reunidas, continuar “garantidamente” durante 2022, bem como “um ou outro cairá em 2023”.
Será o caso “de uma obra” considerada “muito importante”, a anunciar na próxima semana. Sem desvendar muito mais, o autarca disse apenas que está em causa uma “grande operação, antes de mais de serviço aos cidadãos”, mas que tem a ver com “os valores ambientais”, para “a qualificação da relação de excelência” de Aveiro com os mesmos, que será possível também de usar no “marketing e promoção” do território.
Em resposta a Pedro Pires da Rosa (PS), o presidente esclareceu que a novidade em causa não tem a ver com a requalificação da antiga lota, uma vez que o processo de transferência dos terrenos para o município, segundo explicou, ‘encalhou’ em exigências financeiras do Porto de Aveiro, obrigando a autarquia a pedir a intervenção governamental para clarificar a interpretação do enquadramento legal no âmbito das transferências de competências para as autarquias.
Câmara ainda vai “aumentar a intensidade” de trabalhos
Ainda sobre a ‘frente de obras’, Ribau Esteves deixou ficar a sua “convição” que a Câmara vai “aumentar a intensidade” de trabalhos com a possibilidade de aceder “a novas oportunidades de financiamento” já conhecidas para obras que não eram comparticipadas, estado em causa 15 milhões de euros apoiados a 85%. Verba que, a chegar, será para três obras em curso, duas em concurso e três outras ainda a lançar em abril. “Vamos alavancar capacidade de realização, são apoios para Câmaras com capacidade de fazer, é para as pessoas, não para nenhuma eleição”, afirmou, afastando as críticas de eleitoralismo.
Jorge Greno, porta voz do CDS, não deixou passar a oportunidade de manifestar desagrado com “ falta de informação” com “transtornos que podiam ser evitados” que ocorrem, dando o exemplo de cortes no abastecimento de água por instalação de condutas ou acessos a propriedades privadas, recomendando mais cuidado por parte dos empreiteiros em informar “os tempos de obras”, assim como da fiscalização, para evitar “abrir valas sem deixar tirar os carros das garagens”.
Discurso direto
“Porque razão as obras, sem discutir a sua necessidade, não foram planeadas para não serem concentradas no presente ano. Há atrasos por razões diversas que eram previstas. Para nós há uma preparação do ato eleitoral ?” – David Silva (PCP).
“A multiplicação das obras não espanta, mas deve ter explicação. (…) Surgem atrasos e problemas na Avenida que diz-se deve terminar em fevereiro de 2022, veremos” – Eduardo Antunes (Bloco).
“O cenário da sua comunicação é verdadeiramente assustador. Qualquer dia, não sabemos onde moramos ou como cá chegamos. Virar a cidade completamente do avesso. Vai iniciar obras nos próximos seis meses ? Não há empreiteiros, não aparecem, não têm material, estão confinados pelo Covid e continuam a lançar obras como se não houvesse amanhã e a verdade é que se calhar não há” – Francisco Picado (PS).
“Não vejo ninguém contra obras à sua porta ou no seu lugar. Finalmente temos um presidente dinâmico. Finalmente chegou alguém para fazer uma intervenção devidamente pensada na Avenida. Causa constrangimentos no comércio, mas obras são obras, depois dirão que valeu a pena. Vai ficar excelente” – Fernando Marques (presidente da União das Freguesias Glória-Vera Cruz, PSD/CDS).
“É triste ficar perturbado por obra e trabalho” – Ribau Esteves
“David Silva, do PCP, e também o PS: esta dor que tendes de termos obras e estarmos a trabalhar, quando dava muito jeito o contrário. É triste ficar perturbado por obra e trabalho. É a pobreza do PS que temos. Vamos ajudar a que o deputado Picado veja os desvios não se perca no caminho para o progresso. Para o PS encontrar o caminho do progresso não é fácil.
Nem sempre é possível articular e fazer planeamento de obras, concursos que se atrasam ou repetem, por exemplo na habitação social de Santiago.
Houve algum problema de maior na Avenida ? Desviamos trânsito e os transportes.
Nas rotundas da Avenida Europa, houve problemas de fluidez de trânsito? Temos muitas outras obras, mas sem nenhum problema grave, como o cruzamento na Rua da Pega. A obra da estação causou algum problema a alguém ?
Os incómodos são a ordem natural das coisas. Na mudança de condutas são coisas de poucas horas. Há casos de menor cuidado de empreiteiros e dos fiscais, mas são pontuais.
Temos de ver as coisas pelo lado da verdade e da vida, não da politiquice e da mentira. Depois há outro exercício, concordamos ou não. Embora em regra, pelo que ouvimos nesta assembleia, é de com concordância, O que ouvimos dos outros é que a Avenida Lourenço Peixinho está a ficar melhor, a Avenida Europa está a ficar melhor, a rua da Pega também”.
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