Selene Oliveira, uma das peixeiras mais antigas do mercado José Estêvão, onde está há 20 anos, pedala despachada até um dos restaurantes mais concorridos da cidade para entregar uma ‘encomenda de última hora’ e satisfazer o pedido de um cliente fora da carta do dia que, nem por isso, ficou por atender.
“Quando estivermos no outro mercado não sei se podemos continuar a fazer isto assim, aqui estávamos muito próximos da restauração”, relata a vendedora septuagenária, dando conta de algumas dúvidas ‘que pairam na alma’ no último dia de venda naquela que será, certamente, para muitos aveirenses, sempre, a ‘praça do peixe’, independentemente do futuro traçado como espaço de ‘comes e bebes’ com diversão à mistura, atividades que se entendem ser mais propícias ao ritmo turístico a que o bairro da Beira Mar tem vindo a viver com mais intensidade.
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Como diz o ditado, ‘tristezas não pagam dívidas’ e é preciso continuar a trabalhar para viver. Assim, ainda não será desta que os últimos cinco vendedores de peixe fresco da ‘praça’ vão abandonar a atividade a que se dedicam há décadas, num negócio foi passando de pais para filhos.
“Há fé” que a mudança, forçada mas já há muitos anos prenunciada, traga bons dias de vendas. “A nossa esperança é que seja para melhor, vamos enfrentar isto a deixar de pensar no pior”, diz, confiante, Selene Oliveira que passou as últimas semanas a propagandear aos clientes onde a podem encontrar a partir de 18 de outubro. Até lá, não deixará de manter as rotinas de idas e vindas da lota e distribuir diretamente, pelo menos, à porta da restauração mais fiel.
Os vendedores que têm bancas no mercado de Santiago vão estar por ali enquanto não lhes for entregue o novo espaço no Mercado Manuel Firmino, onde já estiveram uns tempos, em 2014, provisoriamente, quando foi necessário fazer obras na ‘praça’.
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“Aquilo só tinha mais gente ao sábado, de resto, há semana, havia pouco movimento. Não vendemos mais lá do que aqui”, lembra Selene Oliveira, esperando que o mercado “esteja mais fresco” do que acontecia na altura. Um problema velho que obras realizadas pela Câmara procuraram, entretanto, corrigir.
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