Aveiro / Escultura das ‘pontes’: Imagem 3D “criou uma armadilha” – Rui Chafes

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Inauguração do elemento escultórico nas 'pontes' (Aveiro).

Rui Chafes ‘renegou’ a “simulação” usada pela Câmara de Aveiro, ainda o ano passado, para antecipar o que veio a ser o elemento escultórico em forma de esfera, batizado pelo autor de “Sonhando tudo”, que ocupa o centro da rotunda das ‘pontes’, no canal central. A obra de arte pública inaugurada esta segunda-feira assinala, simultaneamente, o Dia de Camões, de Portugal e das Comunidades Portuguesas e a Capital Portuguesa da Cultura, estatuto que a cidade irá manter até ao final de 2024. “

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“Essa simulação 3D não foi feita por mim, não trabalho com tal tecnologia, nem sei. O esquisso que existe, ou dois, foi apresentado ao arquiteto, é lápis e caneta. Tem exatamente esta peça. Mas como hoje em dia as pessoas estão muito para visualizar coisas em 3D, os arquitetos entenderam que seria melhor fazer uma simulação. A própria escultura em si não tem nada a ver comigo, foi o técnico 3D que interpretou o meu esquisso”, explicou o escultor português de referência internacional conhecido por trabalhos em ferro.

“Teria sido mais saudável e precavido divulgar os desenhos. Aquela escultura nunca existiu, fizeram dos esquissos uma interpretação livre. Na altura eu disse que a escultura não era assim, disseram-me que era para apresentar a volumetria e passou”, acrescentou Rui Chafes para “quem tudo não passou de mal entendidos que podiam ter sido evitados”.

O artista minimizou as críticas que se fizeram ouvir desde que foi revelada a obra de arte final. “Há ecos bons e ecos maus. No espaço público está-se sujeito a todos os olhares, é normal. Estou muito satisfeito, muito feliz com esta obra no centro de Aveiro. A obra teve 5, 6 meses só em oficinas de ferro. A peça está exatamente como idealizei com os arquitetos”, disse, admitindo que a imagem 3D “criou uma armadilha” apontando para “algo que não existiu”, nem em maquete, a que não recorre. “A minha linguagem de ferro não é a que apareceu”, lamentou.

Quanto ao título “Sonhando tudo”, o autor diz que “tem a ver com a nossa capacidade de olhar para a realidade e criarmos a nossa própria realidade, que é infinita para todos. É uma evocação do sonho. Era muito importante que a obra se pressentisse e não que estivesse à vista, permanentemente, à nossa frente. As pessoas vão vendo os fragmentos, fazem a descoberta por baixo, que é muito importante”.

Inauguração do elemento escultórico de Rui Chafes, Aveiro.

“Era uma simulação, para mostrar a opção da volumetria, para que a conversa das más línguas ficasse terminada” – Ribau Esteves

O presidente da Câmara insistiu em explicar a diferença entre as imagens iniciais e a obra final. “Quando apresentámos o programa da Capital Portuguesa da Cultura, disse com rigor que era uma simulação, para mostrar a opção da volumetria, para que a conversa nas redes sociais, das más línguas, ficasse terminada quanto à expetativa do que iria surgir um dia”, referiu, afastando divergências entre as partes envolvidas. “O escultor teve tudo a ver, foi o gabinete do escultor, um dos um dos seus gestores da sua equipa. Assim como o que vemos da obra de construção civil é do arquiteto Nuno Mateus, que trabalhou com o artista Rui Chafe no elemento da receção, a ‘bolacha’ da rotunda”, disse. “Na altura”, recordou Ribau Esteves, “nem sequer se tinha começado a esculpir fosse o que fosse”. Surgiu agora “exatamente com o volume e a forma que está ao olhar de todos”. O resto decorreu da intervenção artística do autor.

“À malta da má língua”, o presidente da Câmara deixou ficar “um abraço”, porque o debate permitiu “estimular a criatividade, a diferença de opinião e o espírito crítico”, o que o deixa “muito satisfeito”, ainda para mais por decorrer de “fazermos coisas”. Para o edil, “a esmagadora maioria gosta da obra, dá parabéns e veio cá”, enquanto “os da má língua ficam no sofá a fazer posts, cultivando a sua má relação com a vida e com a cultura”. Afirmação que um popular crítico da escultura não deixou de contrariar, obrigando o edil a explicações, à parte, durante alguns minutos. A inauguração acabou por criar um período de ‘caos’ na rotunda, com as pessoas a atravessaram entre o trânsito, que não foi cortado, para apreciarem a a esfera.

Discurso direto

“O culpado não é o escultor, claro. A parte boa desta intervenção é que se trata de uma exposição temporária: daqui a pouco tempo poderá ser retirada” – Alberto Souto, ex-presidente da Câmara de Aveiro (ler publicação partilhada nas redes sociais).

“Esse ex-autarca só diz disparates, cada vez que abre a boca diz mais disparates. Não vale a pena perdemos o nosso tempo com isso, ninguém lhe liga nenhuma. Ele é tem um ego enorme, fala imenso. Já ninguém lhe liga nenhuma, ele arruinou a nossa Câmara, deu cabo da nossa Câmara. Já levamos dez anos, ainda faltam mais dez anos para ter tudo em ordem. Apenas o ego dele é muito maior do que ele próprio, diz disparates. Tudo o que um presidente de Câmara faz pode ser destruído pelo outro. O estádio, que é um absurdo ter sido construído por uma Câmara como a nossa, por 70 milhões, qualquer pode destruir. Até uma obra de arte nem mais barata, que custou 325 mil euros, pode ser destruída e retirada. São atitudes absurdas de gente inculta que diz coisas absolutamente dispensáveis” – Ribau Esteves sobre críticas apontadas por Alberto Souto, ex-presidente da Câmara.

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