O presidente dos Bombeiros Novos de Aveiro pediu, esta tarde, ao presidente da Câmara de Aveiro para “interceder” pelos ‘soldados da paz’ junto do Estado, “que é quem tem obrigação” de financiar a atividade no âmbito da proteção civil, sob pena do espetro da “falência” voltar a pairar na corporação, como aconteceu há relativamente poucos anos.
“Os bombeiros estão todos em penúria no País, salvo a exceção de quem vive do transporte de doentes, nas grandes urbes. Nas cidades médias, como Aveiro, vivem sempre com dificuldades”, alertou Albuquerque Pinto ao intervir após a assinatura do contrato programa para 2022 com a Câmara.
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Segundo o mesmo responsável, os apoios municipais e o que o Estado atribui, atualmente “não dá para 50 por cento da despesas” da corporação, o que obriga a recorrer a outros “expedientes” de sobrevivência (como peditórios e “amigos cada vez mais raros”) para os bombeiros “não morrerem afogados” nos encargos como combustíveis ou refeições que não raro ficam em dívida à espera de liquidez.
Albuquerque Pinto deixou ao cuidado da Câmara o relatório de 2021, que seguiu também para a Proteção Civil com os mesmos alertas.
“O presidente tem feito tudo o que é possível, peço-lhe que faça chegar esta informação a quem de direito. Sobrevivemos, mas voltaremos à falência se não houver medidas concretas de auxilio”, insistiu, lembrando que a gestão tem sido de evitar todos os encargos que não sejam em proveito da atividade operacional.
Já José Ferreira, presidente dos Bombeiros Velhos, perspetivou “uma conjuntura de maiores desafios, o que implica ir mais longe no que damos a causa pública”, lembrando que a pandemia trouxe “dois anos particularmente exigente”.
Agora, no entender do dirigente associativo, impõe-se “olhar para a frente e responder às prioridades para enfrentar os desafios” com “soluções de gestão” que permitam continuar a garantir o desempenho da missão, “na maioria” de voluntários.
O apoio camarário, que vale no caso dos Velhos 16 por cento das receitas, foi considerado “oportuno e eficiente, dentro das suas possibilidades”, tendo permitido em 2021 ativar uma segunda Equipa de Primeira Intervenção (EPI), com a edilidade a assumir 50% dos encargos, assegurando uma “capacidade de resposta mais equilibrada e sustentada” da corporação.
O presidente da Câmara começou por lembrar que a ajuda financeira de 2022 acontece “numa fase de transição”, uma vez que se prepara “outro quadro de apoio” para o triénio até 2024. “Procuramos um patamar de estabilidade de colaboração técnica e especialmente financeira e garantir que não é pela Câmara que os bombeiros terão tribulações na sua gestão. O valor da estabilidade é da maior importância para nós”, declarou Ribau Esteves, mostrando disponibilidade, ainda, para responder a eventuais urgências de tesouraria. E perspetivou uma aposta no “crescimento de patamar na cooperação ao mais alto nível” mantida com os bombeiros locais.
Discurso direto
“A Câmara paga, ao contrário do hospital, da Administração Regional de Saúde ou do INEM, que sistematicamente não cumprem as suas obrigações a tempo e horas. Em Portugal, cada vez menos se fala dos incumprimentos do Estado e do Governo para entidades importantes, no pagamento de prestações de serviços. O que nós fazemos com este apoio não é isso, é financiar o investimento e a operacionalidade” – Ribau Esteves, presidente da Câmara.
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