Aveiro tem todo o potencial para vencer mais esta crise, basta sabermos explorar com inovação esse potencial. Basta não sermos acomodados.
Por Luís Souto *
Este ano retomamos o ato público de celebração do feriado municipal e dia da padroeira Santa Joana Princesa. É um bom sinal podermos estar aqui reunidos, ainda que com os condicionalismos impostos pela pandemia mas sentimos muito o facto de passarmos mais um ano privados daquele ambiente verdadeiramente festivo que na solene procissão encontra a sua mais digna tradição.
A procissão de Santa Joana é de características únicas ao incluir coletividades, irmandades, povo e autoridades num mesmo ato, como que afirmando todos a sua promessa de seguir Santa Joana na sua dimensão de amor a Aveiro. Mas façamos a comemoração á medida do tempo presente. Este feriado municipal constitui uma boa ocasião de reflexão sobre o percurso efetuado e sobretudo uma oportunidade de perspetivar o futuro da nossa comunidade.
Esta semana, estão a decorrer as Assembleias Municipais Jovens, abrangendo os estudantes das nossas escolas dos ciclos básico e secundário. É vital olhar para aquilo que são os seus temas de preocupação, por vezes surpreendendo-nos.
São novas realidades que temos que acompanhar porque traduzem o mundo em mudança, uma dinâmica para a qual os políticos devem estar capacitados para entender e estar preparados para dar respostas.
O que preocupa os jovens de Aveiro em 2021? Temas como direitos dos animais, economia circular, as alterações climáticas e a pegada de CO2, transportes amigos do ambiente, mais oportunidades de prática de desporto de rua, acessibilidades e transportes e finalmente uma significativa preocupação com a prevenção de formas diversas de violência no contexto das relações inter-pessoais. Estes são alguns dos temas da agenda jovem e se repararmos estão conformes com as grandes orientações estratégicas da União Europeia.
A expansão das vias cicláveis e dos percursos pedestres de fruição como os passadiços de Esgueira ou a reconversão total da Rua da Pêga; os autocarros e em breve o ferryboat em modo elétrico; o aumento gradual na taxa de reciclagem de resíduos; a prevista expansão da rede de bicicletas de uso comum ; a distinção pela ERSAR – Entidade Reguladora do Serviço de Águas e Resíduos, com o Selo da Qualidade do Serviço de Gestão de Resíduos Urbanos , ou as medidas já implementadas para o bem estar animal, são apenas alguns exemplos concretos que vão de encontro às preocupações dos jovens aveirenses.
Estamos, pois, atentos mas esta agenda, a que podemos acrescentar a digitalização, será incontornável nos próximos anos; não será de esquerda nem de direita mas de qualquer projeto político que não se queira tornar obsoleto.
Porém, no imediato as grandes preocupações dos aveirenses, como afinal de todos os cidadãos do mundo residem na recuperação para o período pós-pandémico.
A palavra-chave para Aveiro e os aveirenses tomarem em mãos a recuperação é a inovação.
Certamente que quando pensamos em inovação, associamos à universidade ou às grandes empresas, mas esta atitude criativa e inovadora terá que ser interiorizada pelo pequeno empresário, pelas nossas associações e coletividades, por cada um de nós na sua esfera pessoal. Temos que enfrentar a adversidade trilhando novos caminhos, novos processos, melhorando aquilo que é considerado o grande deficit português – a falta de produvidade – em todas as áreas.
Aveiro tem todo o potencial para vencer mais esta crise, basta sabermos explorar com inovação esse potencial. Basta não sermos acomodados.
Carlos Alberto Lacerda Pais, provedor da Santa Casa da Misericórdia instituição da maior relevância social enfrentou com coragem e resiliência umas das mais dramáticas situações decorrentes da pandemia e, exemplarmente iniciou em 2020 um novo mandato numa fase da vida certamente mais propícia a um merecido descanso; Isménia Franco tem dado o seu melhor pelo Centro Comunitário da Vera Cruz e personifica da forma mais genuína a maneira de estar da beira-mar; o professor Carlos Magalhães tornou-se uma referência na gestão escolar do município ; a Fatinha Ramos tem levado o nome de Aveiro bem longe através da sua arte reconhecida internacionalmente; Susana Sargento, prémio Femina 2020 é uma especialista numa das áreas de maior inovação as redes digitais 5g. Finalmente, a título póstumo reconhecemos o bom exemplo que nos deixou o Sr. Antero Santos que como autarca presidiu à União de Freguesias de Requeixo, Nª Sra de Fátima e Nariz com inexcedível dedicação .
As personalidades agora homenageadas têm em comum precisamente uma atitude de permanente inquietação, de serviço à comunidade, de inovação e criatividade .
É inspirados nesta forma de estar que melhor poderemos enfrentar o futuro com redobrada confiança.
* Presidente da Assembleia Municipal de Aveiro. Discurso do Dia da Cidade, 10 de maio de 2021.