A cidade de Aveiro teve, esta segunda-feira, um dia mais movimentado do que tem sido habitual desde a segunda quinzena janeiro, por força do desconfinamento autorizado em certas atividades, incluindo o regresso às aulas, ainda que, para já, limitado à ‘primária’, jardins de infância e creches.
Confirmado pelo Governo o plano para a reabertura gradual, as agendas dos ‘salões de beleza’ (cabeleiros, manicures e similares) não tardaram em ficar preenchidas ainda durante o fim de semana.
A barbearia Beira-Mar, nome em honra do clube da cidade e do bairro onde nasceu, que fica na rua do Carmo, é uma das mais antigas e não foi exceção.
Dono e funcionário estiveram quase sem descanso de volta de ‘barbas e cabelos’ até à hora de jantar, mas sem perder a alegria no trabalho proporcionada “pelo reencontro com clientes que são também amigos, muitos de longa data”.
“Começaram logo a tocar os telefones, fizemos marcações. As pessoas estavam a precisar. Esta semana vai ser complicado”, comentou Manuel Figueiredo, há mais de quatro décadas na profissão, quando acabava mais um cliente sentado na cadeira de barbeiro. “Assim até parece um homem mais novo!”.
Agora “é tempo, mais uma vez, de começar a recuperar, aos poucos”, de dois meses de paragem forçada, sem trabalhar mas com custos, ainda que mínimos, sempre ‘a cair na conta’, como já tinha acontecido na primeira vaga.
“Vamos esperar que as pessoas tenham juízo, não se pode facilitar, conhecia alguns dos que faleceram aqui à nossa volta. A economia é importante, mas se não houver saúde não há economia”, afirmou um cliente já de idade, sem esconder os receios que ainda pairam devido à pandemia.
Esta segunda-feira regressou também o ‘cafezinho’, ainda que ao postigo. Na avenida Lourenço Peixinho foram escassos os cafés que aproveitaram para reabrir e juntarem-se às padarias, que tiveram autorização para vender.
Jorge Reis veio de Vagos investir num pequeno café da principal artéria citadina, a contar com uma cidade fervilhante de turistas, e pouco depois o negócio foi apanhado pelas medidas de contingência, encerrando praticamente sem funcionar.
“Fechei negócio a 9 de março com a antiga dona, depois aconteceu o que toda a gente sabe”, recordou o gerente que faz par com a esposa a trabalhar no estabelecimento. Esta segunda-feira “deu para entreter” mas é preciso fazer muito mais para rentabilizar o investimento ali “empatado”.
Comércio, também ao postigo, comércio automóvel e mediação imobiliária também tiveram ‘luz verde’ para trabalhar nos respetivos estabelecimentos.
Bem agitadas estiveram as escolas do primeiro ciclo do ensino básico, jardins de infância e creches, com a criançada, professores e auxiliares a darem vida a escolas e instituições.
“Ficámos todos contentes, os pais e as crianças. Era já grande o cansaço de estar em casa, mesmo com todo o apoio e atividades que se possa fazer à distância. Não há nada como o presencial no ensino”, declarou uma mãe no regresso do primeiro dia de escola na primária das Barrocas onde tem dois filhos (um casal).
“Parece que correu bem, vieram satisfeitos, Deve ter sido uma confusão este reencontro com amigos e professoras depois de tanto tempo, mas é o primeiro dia compreende-se que tivesse sido basicamente brincadeira”, referiu a progenitora, formadora de profissão, antes de prosseguir o percurso que faz habitualmente a pé aproveitando o bom tempo.
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