Aveiro / “Declaração de voto”: Festas natalícias e condicionantes da pandemia

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Edifício sede da Assembleia Municipal de Aveiro.

“Declaração de voto” – Espaço de opinião semanal das bancadas dos partidos representados na Assembleia Municipal de Aveiro.

  • Aproxima-se a habitual ‘quadra das festas’ natalícias e passagem de ano. São adequados eventos locais de animação, especialmente os promovidos pela autarquia às restrições do estado de emergência ? Como acautelar outras vivências locais, nomeadamente as comerciais, às condicionantes da pandemia ?

“A iniciativa “ Boas Festas em Aveiro”, organizada pela Câmara Municipal de Aveiro, apresenta este ano uma edição especial, devidamente adaptada aos condicionalismos provocados pela Pandemia.
Optou-se, e bem, por manter a sua realização, como medida de apoio e incentivo à atividade económica, criando mecanismos de atração para que se visite a Cidade, se faça compras no comércio local, e simultaneamente se apoie as empresas que prestam serviços à Câmara. A iniciativa enquadra-se no Programa de Apoio à Atividade Económica e Social do Município e está orçada em €190.000,00. Os eventos promovidos respeitam as restrições do estado de emergência, não se realizando por exemplo o cortejo de moliceiros e dos “Pais Natais” no acender das luzes e a Passagem de Ano no Rossio, por força das limitações impostas pelo combate à Pandemia.
Convidando-se contudo os Cidadãos a viver o espírito natalício, em segurança, ouvindo o toque dos sinos de cinco torres, no dia de hoje, às 17:30, hora em que acenderá as luzes e se começará a viver uma época, que se quer especial, neste ano difícil para todos. Aproveitemos para apreciar a iluminação, deixarmo-nos seduzir pelo “Cinema Drive In de Natal – Infantil”, deliciar o palato nos nossos restaurantes, percorrendo as iguarias aveirenses, no “Aveiro , Sabores com Tradição”, contemplar as montras , do projeto “Aveiro Montras, Esplanadas e Fachadas” e realizar as compras no comércio tradicional, estimulando a Vida!” – Catarina Barreto (PSD).

“Aproxima-se a época natalícia, época que é por excelência a celebração da família, a união de todos, a solidariedade com os mais necessitados.
É uma época de amor, de magia, mas também de partilha. Este ano, por via da pandemia que nos assola, iremos viver um Natal diferente. Esta diferença é consequência é consequência da pandemia, com o confinamento obrigatório, o comércio fechado, quando normalmente esta é a época em que o comércio estava aberto com um horário alargado.
Tudo isto tem reflexos enormes na economia, com um invulgar número de desempregados e com tendência para aumentar.
A maioria dos municípios optou por reduzir, ou até, não fazer quaisquer celebrações.
A nossa Câmara, porém, já apresentou o seu programa de Boas Festas, que começarão já no dia trinta de novembro, com a abertura das iluminações.
É óbvio que todos gostamos de uma cidade iluminada, com espetáculos de Natal e música nas ruas.
A questão não está nas festas e celebrações, mas antes se se deverá gastar esse dinheiro, quando a situação de tantos munícipes está a degradar-se de dia para dia.
Ninguém pode antever o fim da pandemia, mas para todos é mais do que evidente que a situação económica se vai agravar.
Daí que se questione se nesta época, em que se apela aos sentimentos de solidariedade, amizade, inter ajuda, não deveria a Câmara Municipal canalizar mais recursos para a ajuda social dos seus munícipes, do comércio tradicional, dos restaurantes.
Isso seria certamente um bom programa de Boas Festas.” – Ana Seiça Neves (PS).

“O programa Boas Festas em Aveiro de 2020 é, como não podia deixar de ser, adaptado aos condicionalismos e restrições que vivemos devido à pandemia COVID-19.
Todos os habituais eventos de rua e que levavam a grande concentração popular não se vão realizar, e aqueles que surgem no programa estão de acordo com as normas em vigor à data do seu anúncio.
Relativamente à restante actividade habitual nesta época natalícia, o sector da restauração é uma vez mais prejudicado, pois não haverá jantares de Natal, de empresas ou grupos de amigos, nem festas de passagem de ano, e, neste caso, não há takeaway que possa ajudar estas empresas a manterem a sua actividade desta quadra tão normal quanto possível.
Quanto ao comércio, e ainda sem se saber que restrições de horários e de deslocação iremos ter na quinzena de 9 a 23 de Dezembro, não é possível neste momento poder antecipar o que irá ocorrer.
Depende de cada cidadão, de cada família tentar antecipar ao máximo as suas compras de Natal evitando assim todo a azáfama habitual das compras de última hora, contribuindo assim para a diminuição dos riscos de contágio.” – Jorge Greno (CDS).

“A Câmara Municipal de Aveiro optou por manter a realização de um programa de “Boas Festas” que inclui a iluminação de rua e um espetáculo com drones. É inegável a necessidade de um forte apoio ao comércio local, que sofreu o impacto das medidas de combate à pandemia, não podemos deixar de frisar a necessidade de proteger a saúde e segurança de todos.
Se é verdade que estes eventos podem ter uma lotação limitada e até sujeita a inscrição prévia, também é verdade que estas medidas não garantem a completa ausência de aglomerados. Por exemplo, o Festival dos Canais levou à formação de extensas filas para obtenção de bilhetes e também a aglomerados, que mesmo sem bilhete, conviviam no centro da cidade.
Uma última nota para o forte investimento do executivo em iluminação de rua, tendo chegado a ser referido em plena Assembleia Municipal por uma deputada do PSD de que a contratualização desta iluminação era uma forma de apoiar a empresa que a aplicou.
Não cabe à Câmara subsidiar empresas privadas e não podemos deixar de fazer uma comparação óbvia: orçamento para iluminação em 2020 (150 mil euros) versus orçamento apoio às famílias em 2020 (100 mil euros). Respeitando a importância da quadra, ela está circunscrita no tempo, contudo, as necessidades sociais fazem-se sentir todo o ano.” – Andreia Fonseca (BE).

“O PCP tem vindo a reafirmar que a vida tem de continuar pela saúde mental e bem-estar do povo. Não é com declarações de estados de emergência excessivos, quando temos a emergência social por resolver e o sector das micro, pequenas e médias empresas em situação delicada e o desemprego jovem a aumentar expressivamente.
Já houve vários exemplos nacionais de eventos culturais e espectáculos, em teatros, na rua como o festival dos canais, feiras e mercados temáticos, entre outros, que demonstraram que é possível acontecer desde que se cumpram as regras sanitárias da DGS, como o distanciamento físico, desinfecção dos espaços, dispensadores de álcool para as mãos, sinalética para movimentação única nos espaços, controlo do número de entradas, etc, como tem vindo a acontecer em Aveiro e em muitos outros municípios do País.
Em relação aos eventos natalícios em Aveiro, não faz sentido nenhum anunciar a abertura da iluminação hoje às 17h30, quando os munícipes estão confinados a partir das 15h. De resto, o programa de “boas festas” de Aveiro, embora menos diversificado e reduzido, cumpre as recomendações sanitárias e encontra-se adaptado ao momento actual.” – David Silva (PCP).

“A Câmara Municipal deve promover a dinamização do comércio local nesta altura crítica para vários setores da economia. Para isso, deve assegurar a realização do programa festivo que tem vindo a decorrer nesta quadra, mas adaptando às limitações em vigor. Por exemplo, ao invés de realizar eventos que envolvam uma grande aglomeração de pessoas, o município deve realizar acções mais pontuais e de menor dimensão que garantam as condições de segurança sanitária para os cidadãos e que possibilitem em simultâneo um fluxo de clientes mais espraiado no tempo aos estabelecimentos locais. Nos momentos em que as restrições o permitirem, é necessário convocar os agentes culturais do município para acções que dinamizem as ruas do município e tragam vida ao comércio local.
Alguns exemplos de medidas que podem ser adotadas pelo município para auxiliar os setores mais afetados são o apoio aos restaurantes nas entregas de refeições, através da disponibilização de embalagens biodegradáveis e de bicicletas de carga para a distribuição, a aquisição de mobiliário e aquecedores para as esplanadas, o apoio à criação de novas esplanadas e extensões de lojas ao ar livre, uma campanha de marketing focada na promoção da economia local e circular, um auxílio à modernização e digitalização das lojas tradicionais, a produção de iniciativas culturais e a criação de material promocional. Devem ainda ser equacionados apoios a fundo perdido para os setores mais afetados, os quais devem complementar as ajudas claramente insuficientes provenientes do governo central.” – João Almeida (PAN).

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