
O primeiro debate que juntou, este sábado, alguns dos ‘protagonistas’ já anunciados das próximas eleições autárquicas em Aveiro, e outros representantes partidários que aceitaram o desafio, pôs em evidência uma unanimidade politicamente correta a favor de melhor planeamento e medidas para assegurar “mobilidade ativa”, que era o tema proposto pela associação Ciclaveiro. Uma tentativa de, antecipadamente, garantir compromissos a favor de quem ‘pedala’, numa altura em que os programas eleitorais ainda são meros esboços. Discutiram-se, ainda, outros assuntos necessariamente interligados, como os transportes públicos, estacionamento, urbanismo ou participação cívica por exemplo.
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Luís Souto (PSD) confirmou que não terá pudor em ‘atacar’ o irmão, candidato pelo PS a um lugar que já desempenhou, reafirmando que não deixará de propor correções na gestão municipal de Ribau Esteves.
Propostas não faltam a Alberto Souto (PS), mas o antigo edil continua a ter de dividir o tempo, também a justificar-se pela gestão de há 20 anos, vários mandatos e duas presidências depois.
Já João Moniz, cabeça de lista do BE, optou por ‘dividir o mal pelas aldeias’, procurando ‘capitalizar’ à esquerda e direita.
Um debate onde esteve mais um candidato à Câmara confirmado, Miguel Gomes, da Iniciativa Liberal (partido atualmente sem qualquer eleito), assim como João Almeida, representante do PAN (partido com dois vogais na Assembleia Municipal) e João Quintela, do Livre (sem eleitos).
“Propostas de rutura”
Alberto Souto avançou com “propostas de rutura”, para iniciar medidas com efeitos a prazo, como a pedonização do centro histórico rumo à eliminação do automóvel, incluindo na Avenida Lourenço Peixinho. Mais “consensual”, admitiu, é melhorar os transportes, por subsistirem ligações “mal dimensionadas”. ‘À boleia’ da recente declaração de Aveiro e Ílhavo como “zona livre tecnológica’ pelo Governo, lançou o desafio de tornar Aveiro a primeira cidade com autocarros sem condutores, por exemplo para servir a Avenida Lourenço Peixinho. Assim como criar parques periféricos, por exemplo na área do antigo ‘tir-tif’, ou retomar a ideia das ligações em metro de superfície.
Retomar ‘Dia sem Carros’
Luis Souto não perdeu tempo a tentar ‘cortar’ o entusiasmo do irmão, confrontando-o de uma forma incisiva que até surpreendeu muitos que estavam a assistir no Atlas: “o candidato do PS esteve na Câmara oito anos e não fez nada disto”, apontou, lembrando, “além disso” a criação de “uma condicionante fortíssima”, que foi a abertura do túnel da estação com oposição do PSD, por trazer mais automóveis para a cidade. Questionou, também, intervenções a curto prazo na Avenida depois do investimento ali realizado, mesmo admitindo “a necessidade de ajustes”. Sobre a proposta de viaturas autónomas, lembrou que Aveiro tem trabalho feito na área, no âmbito do programa Aveiro Tech City, incluindo testes de veículos do género. Em termos de reflexão pública, mostrou abertura para reintegrar Aveiro na iniciativa europeia ‘Dia Sem Carros’, que Ribau Esteves sempre desvalorizou.
Pedida “coerência” nas propostas
João Moniz mostrou-se “perplexo” ao ouvir o cabeça de lista do PS defender seis parque de estacionamento subterrâneos, pedindo “coerência”, dadas as posições assumidas, ao tempo, contra a cave do Rossio e agora apresente propostas com “a mesma lógica”.
Alberto Souto teve de responder às críticas. Sobre o túnel, disse que foi “uma opção para o futuro, para fazer crescer a cidade nascente”, notando que “o erro foi a montante”, criando engarrafamentos na avenida “que não existiam”. Quanto aos novos estacionamentos, servirão para “os carros que já existem”, resolvendo problemas como os existentes no Beira Mar, “e não para trazer mais carros”. Afirmando-se como “pai das bugas”, o candidato do PS defendeu um novo sistema, a BUGA 3, “para novas tipologias, de transporte e crianças”.
Ponderação do ‘custo / benefício’
Miguel Gomes (IL) deixou dúvidas quanto a investimento em estacionamentos como aconteceu Rossio, pelo encargo público que implicou. Sem colocar em causa a opção tomada, Luís Souto insistiu na avaliação do custo / benefício das propostas que sejam apresentadas. “Não podemos voltar ao passado”, afirmou, numa referência às dificuldades financeiras que os mandatos a seguir à gestão de Alberto Souto tiveram de enfrentar.
Alberto Souto defendeu a necessidade de construir pistas cicláveis, incluindo ligações às freguesias (inexistentes de todo) e “recuperar” espaço público para as bicicletas, a enquadrar na criação de praças nas freguesias ou renaturalização de ribeiras.
Para Luís Souto, as mudanças, “em primeiro lugar, passam pela “mentalidade”, já que “embora não seja mau” a população de Aveiro utiliza menos a bicicleta do que outros concelhos da região, não tendo problemas em concordar que é preciso dar um impulso na expansão da rede ciclável, propondo até “incentivos” aos utilizadores, com ‘pontos’ a trocar por descontos em serviços públicos. Sobre a falta de segurança para ciclistas na cidade, referiu que “não é só em Aveiro”.
“Trabalhar muito mais” e “reduzir carros”
Na opinião de João Moniz, é preciso colocar a cidade “virada” para as pessoas e não para os automóveis no que toca a “prioridades”, bem como a adaptação do espaço público nesse sentido, o que se tornou muito problemático, na opinião do bloquista, a partir do momento que a Câmara abdicou de ter uma empresa municipal de mobilidade.
João Quintela vê um caminho longo a percorrer em Aveiro, pelo que é necessário “trabalhar muito mais”. “Reduzir o número de carros” é imperativo para João Almeida, citando exemplos a seguir de cidades europeus em busca de melhor qualidade de vida. Miguel Gomes defendeu planeamento adequado, que seja “atualizado com a participação de todos”.
Aveiro perdeu utilizadores de transportes e de bicicleta
Os censos indicam que Aveiro perdeu 35% dos utilizadores de transporte público numa década e 13% de utilizadores de bicicleta, com o automóvel privado a aumentar em 5%. Positivo, será o crescimento de uso de bicicleta por exemplo na Vera Cruz – Glória (67%).
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