Aveiro: Da Troncalhada aos clubes náuticos pelo Cais do Sal

1924
Marinha da Troncalhada.

O roteiro que  propomos, em formato circular, desenvolve-se em torno de um núcleo de marinhas ainda no ativo e de outras convertidas para atividades turísticas.

Por Cardoso Ferreira *

O início (e termo) é junto ao Ecomuseu da Marinha da Troncalhada, com passagem pelo CMIA – Centro Municipal de Interpretação Ambiental, pelas instalações dos clubes náuticos e pela nova estrada “Cais do Sal”.

Em frente à ponte das comportas, entra-se na marinha da Troncalhada, junto ao palheiro e à figueira, para seguir pelo caminho paralelo à estrada, que surge do lado esquerdo. A visita a este ecomuseu dedicado às marinhas aveirenses fica para o final do percurso.

Depois de percorrido o caminho da marinha, vira-se à direita, para seguir pela berma da antiga Estrada Nacional 109-7 (Aveiro – Gafanha), estrada que ladeia a linha ferroviária e que contorna marinhas ainda em atividade, onde é possível conhecer melhor a profissão de marnoto e as técnicas de produção de sal, bem como adquirir sal e de outros produtos associados ao sal, como flor de sal e salicórnia. O mesmo acontece nas marinhas que se encontram na fase final do percurso.

Ao longo de todo o itinerário, o viajante tem a companhia de uma grande diversidade de aves aquáticas. Entre estas, e desde há alguns meses, os flamingos são as mais procuradas pelas objetivas dos fotógrafos.

No entroncamento de ruas que aparece mais adiante, a opção é pela estrada da direita, que a sinalética indica “Terminal Sul” e “Tirtife”, continuando a ter marinhas pelo lado direito. Do lado posto, segue a linha ferroviária e, após esta, a antiga EN109-7 e a autoestrada A25.

CMIA e pavilhões náuticos

Junto ao “Tirtife”, vira-se à direita, pela estrada de acesso ao Centro Municipal de Interpretação Ambiental (CMIA) e aos clubes náuticos (Clube Naval de Aveiro e Sporting Clube de Aveiro), ladeando as instalações do terminal rodoviário.

Do lado direto, e já próximo do final da estrada, ergue-se o edifício do CMIA, com as zonas ajardinadas anexas, onde se inclui um pequeno parque de merendas e painéis informativos sobre a fauna e flora da Ria de Aveiro.

No final da estrada, junto às traseiras dos pavilhões dos dois clubes náuticos, pode-se optar pela direita, num trajeto mais curto, ou seguir para a esquerda, pela estrada que conduz a uma zona de estaleiros navais e a instalações desportivas ligadas a atividades náuticas. A opção tomada é esta última. Logo após o pavilhão do CNA, vira-se à direita, seguindo entre estas instalações e o Pavilhão Vasco Agoas, em direção ao Canal Principal da Ria de Aveiro.

Do lado oposto do canal, as antigas marinhas de sal estendem-se quase até à linha do horizonte. Olhando para a esquerda, a vista alcança diversos núcleos portuários, desde o de recreio náutico, mais próximo, até ao de pesca longínqua, mais afastado e já em território da Gafanha da Nazaré, passando pelo Terminal Sul do Porto Comercial de Aveiro. Para a direita, o casario da cidade de Aveiro surge em primeiro plano.

Na estrada-cais situada entre a ria e as instalações daqueles dois clubes navais há sempre movimento, seja de praticantes das diversas modalidades de deportos náuticos (vela, canoagem, surf, remo…), seja de ciclistas e pedestrianistas nos seus passeios, seja ainda fotógrafos de natureza. Este é um bom local para o viajante conhecer as potencialidades de lazer e de desporto que a ria pode proporcionar.

Estrada-dique / Cais do Sal

Após a paragem frente aos clubes náuticos, é altura de o viajante reiniciar a caminhada pela nova Estrada do Sal, com marinhas de sal do lado direito e, do lado esquerdo, o canal principal de navegação da Ria de Aveiro.

Em tempos, esta zona da ria era conhecida por “Moinhos”, topónimo que poderá trazer à memória a eventual existência de antigos moinhos (de vento? De maré?) nessa área lagunar.

Do lado oposto do canal, as motas (valados) de proteção das marinhas apresentam grandes troços totalmente arruinados, de que resultou a destruição das diversas estruturas dos tanques das marinhas e, consequentemente, o abandono da atividade salineira. De onde a onde, algumas árvores elevam-se das pequenas “ilhotas” em que se transformaram essas antigas motas. Já do lado direito da estrada, num grande lago de marinha, um enorme bando de flamingos chama a atenção do caminhante e de alguns outros turistas que circulam por essa estrada dique.

Várias dezenas de metros mais adiante, do lado esquerdo, na margem oposta do canal, ergue-se um arruinado edifício, de que desconhecemos a sua função original. Pouco depois, e do mesmo lado, estende-se um pequeno complexo turístico muito bem integrado na paisagem natural, com o respetivo cais de atracagem, complexo esse que se alarga até ao canal da antiga Lota de Aveiro.

Do lado direito, desde as instalações dos clubes náuticos até ao Ecomuseu da Marinha da Troncalhada, todo o percurso é acompanhado por marinhas, algumas delas em atividade tradicional, e outras que conciliam a tradição com novas funções turísticas e de bem-estar, demonstrando algumas das novas potencialidades proporcionadas pela ria, pelas marinhas e pelo sal.

No final da Estrada do Sal encontra-se o Cais do Sal, com uma peça escultórica e bancos onde o caminhante pode descansar e apreciar a paisagem, nomeadamente os veleiros e outros barcos de recreio atracados na marina em frente ao que resta do edifício principal da antiga lota.

Após esse momento de pausa, é altura de visitar o Ecomuseu da Marinha da Troncalhada, começando por passar a vista pelos painéis informativos e, se possível, por uma conversa com o marnoto de serviço à marinha. Os caminhos permitem a circulação pelos diversos sectores da marinha, desde os grandes tanques de receção das águas da ria, até aos pequenos tanques onde o sal (e a flor de sal) é recolhido após a total evaporação da água salgada.

Com a visita ao Ecomuseu da Marinha da Troncalhada termina este roteiro, com o regresso ao local de partida.

*https://www.facebook.com/manuel.cardosoferreira.5

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