“Cultura em tempos de (in)certeza” é o mote, propositadamente com “duplo sentido”, para afirmar o regresso da programação cultural da Câmara de Aveiro, que foi ajustada por força da pandemia do Covid-19 apostando, preferencialmente, nos espaços públicos, como acontecerá com a edição deste ano do Festival dos Canais, numa versão mais reduzida, em julho. Está previsto, também, apoios financeiros a técnicos e artistas locais.
Segundo o presidente da edilidade, as atividades culturais agora retomadas com a reabertura, ainda que condicionada e a lotação limitada em termos de acesso, do Teatro Aveirense (o primeiro do país na sua tipologia) e dos museus, por exemplo, decorrerão “num formato diferente”, embora decalcadas do “quadro de eventos base”.
As contingências implicam organizar eventos previstos até setembro “de forma diferente, para que tenham uma presença no espaço e convidar as pessoas a sair” explicou ao final da manhã Ribau Esteves em conferência de imprensa, salientando a importância dos eventos na atratividade turística, o setor a par da cultura mais penalizado pela pandemia.
O edil assumiu a necessidade de “apoiar de uma forma direta os agentes locais”, uma vez que “eles é que terão a primazia dos palcos” onde haverá lugar igualmente para espectáculos de “expressão nacional”.
Já no próximo fim de semana, estará em Aveiro um ‘nome de cartaz’ para marcar a reabertura da principal sala da cidade. António Zambujo vem para um duplo concerto. O de sábado já esgotou a lotação disponível (reduzida a 50% dos 600 lugares para respeitar as orientações da autoridade de saúde).
A autarquia deseja retomar “depressa e bem” a atividade cultural, garantindo “todas as medidas recomendas” pela Direção Geral de Saúde, “procurando dar um contributo positivo para combate à pandemia, que é o principal objetivo nesta fase, a ultrapassar com a maior brevidade, ainda que tendo a consciência de termos muito tempo pela frente”.
A Câmara mantém também investimentos físicos “cuidando os investimentos” para “reforço das infraestruturas” , assim como da candidatura a Capital Europeia da Cultura “com grande ritmo e adequação”.
Em 2019, o orçamento municipal para o setor foi de de 6,8 milhões de euros (12% do total”, “importante” para melhorar equipamentos e assumir uma posição “liderante de eventos”.
A autarquia está expetante e atenta quando ao apoio de 30 milhões de euros que o Governo pretende angariar para a cultura nesta fase, através de fundos europeus, mas Ribau Esteves garantiu o financiamento municipal está garantido para o que resta 2020 que teve uma execução “acima de 1 milhão de euros” nos meses que precederam a paragem pandémica.
“Ainda ninguém sabe de onde virão esses apoio, Aveiro não está à espera, se vierem lá estaremos para conquistar a nossa parte. Na referenciação financeira para cada município o valor é muito pequeno, olhando especialmente para quem investiu quase 7 milhões de euros”, comentou.
Festival dos Canais será “adequado e proporcional”
O Festival dos Canais será “adequado e proporcional”, sem grandes espectáculos e em formato ‘covidiano’, para tornar a cidade mais atrativa e turística, em dois fins semana”, adiantou Ribau Esteves.
Está a ser organizado um “ciclo de programação de verão no espaço público”, com momentos artísticos no concelho, nas primeiras semanas agosto,
Outro evento, ficará marcado pelo trabalho de artistas locais convidados também a ‘marcar’ o espaço público.
Será feito um “reforço muito grande da estratégia digital”, que se tornou “obrigatório” nestes dias de limitações de circulação e socialização, com a criação de uma “plataforma cultural digital” do município e outros eventos ligados às artes e tecnologias.
Bolsas com 80 mil euros de apoios
O município anunciou esta segunda-feira também duas bolsas de apoio financeiro, de 40 mil euros cada, a que se podem candidatar técnicos e empresas de produção locais, bem como projetos artísticos locais.
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