O presidente da Câmara voltou a ser pressionado por cidadãos na Assembleia Municipal para alterar o rumo que está a ser dado a aspetos relacionados com a requalificação da Avenida Lourenço Peixinho e do jardim do Rossio.
Assuntos levantados no período aberto à participação do público. Os temas serão retomados mais adiante na ordem de trabalhos, nomeadamente no período relativo à análise dos últimos meses de gestão e de uma proposta de recomendação do Bloco de Esquerda para afastar o estacionamento subterrâneo.
Ivo Angélico, da secção local da MUBi – Associação para a Mobilidade Urbana em Bicicleta, criticou a Câmara por “esbanjar milhões” em projetos que não preparam a cidade para a mobilidade suave, dando como “mau exemplo e um erro que tem de ser evitado” a via partilhada para bicicletas e corredor ‘bus’ na futura renovação da Avenida Lourenço Peixinho baseada em “falsos argumentos”. Deixaria ainda um reparo crítico por “se chegar à fase final” da elaboração “sem se discutir publicamente o projeto”.
O movimento ‘Juntos pelo Rossio’ também fez-se ouvir, mais uma vez. Ana Catarina constatou que a Câmara não abdica do estacionamento em cave, optando por se dirigir aos deputados, questionando, nomeadamente, os partidos da maioria “que tencionam dar carta branca para destruir o jardim”. Para a porta voz “seria interessante explicarem os argumentos a favor” de um novo parque quando existem 1500 lugares subterrâneos “a menos de oito minutos” do Rossio “ou se é mais importante” avançar com o projeto “para os hotéis de cinco estrelas”.
Ana Catarina insistiu que o relatório geotécnico “alerta para solos de baixa consistência e é desfavorável” ao parque, devido ao “condicionalismo técnico” da sua construção. “Esta é a principal conclusão, assim como abaixamento do nível freático, com riscos para danos estruturais nos edifícios. Vão ignorar isto ?”, questionou.
Para o ‘Juntos pelo Rossio’, o facto dos eleitos da coligação “dizerem pouco ou praticamente nada não chega para justificar a obra e continuarem adormecidos” na discussão. “Ou não estão convencidos e sentem-se condicionados a não o dizer”. Ana Catarina lamentou que a população esteja “desinformada” e a Câmara “surda”.
Discurso direto
“Na democracia é normal o desacordo. Temos duas posições, alguém precisa de decidir. Devo fazer a vontade do executivo, dos técnicos, de especialistas de mobilidade. Achamos que a MUBi não tem razão. As fotografias de vias que partilhei em Lisboa são mistas, entre bus e bicicleta. Trabalhamos com gente avisada e competente. Não andamos a fazer maluquices. O seu conceito técnico está absolutamente errado. Vamos propiciar o uso das bicicletas, mas sem ciclovias em todo o lado. Iremos criar sinalização e uma cultura para a presença das bicicletas ser cuidada, ao abrigo do código estrada. Nem ilegais nem que ponham em causa a segurança” – Ribau Esteves sobre a MUBi.
“A representante do ‘Juntos pelo Rossio’ é autarca do PS em Esgueira. A questão que está em causa é político partidária. Já que falou que o projeto é uma questão política… Para evitar equívocos: a afirmação do estudo geotécnico é absolutamente falsa. Tem de ser lido no seu todo. Usou um parágrafo que adultera o sentido geral. Temos conclusões sérias, disponibilizamos o relatório. O qye fez é uma deturpação torpe, não retiramos nenhuma conclusão como aqui foi sumariado. Apenas o faz com outro tipo de intenções” – Ribau Esteves sobre posição dos ‘Juntos pelo Rossio’.
“Os deputados municipais foram interpelados, deveriam também prestar esclarecimentos. A mesa devia permitir.
É a destruição completa da Avenida, até sugiro tirar o nome e colocar a Rua com o nome do presidente da Câmara. Derreter o separador central, é a desqualificação da Avenida. Sobre o Rossio, ficou por esclarecer se o relatório técnico contradiz a conclusão da Câmara. Não respondeu e escondeu-se. Ou não tem fundamento ou há contradição” – Pedro Pires da Rosa, vogal do PS.