O presidente da Câmara de Aveiro esclareceu não ter conhecimento, em concreto, do que pretenderá o Governo fazer nos terrenos da antiga Luzostela, que se tornaram propriedade estatal na sequência da falência da empresa, junto ao viaduto de Esgueira. A parcela estava à venda, mas, entretanto, surgiu como possibilidade para construir casas de arrendamento acessível.
“Ninguém sabe nada sobre essa coisa dos 65 fogos”, estranhou o autarca ao responder a questões levantadas sobre o assunto no início da sessão ordinária de abril da Assembleia Municipal, que teve lugar esta sexta-feira à noite.
A informação inicial foi prestada na Assembleia da República pelo ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, interpelado pelo deputado do BE Nelson Peralta, eleito pelo distrito de Aveiro, sobre o programa de arrendamento acessível
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Ainda não há estudo urbanístico
O edil adiantou que manteve uma reunião com a secretária de Estado da Habitação e não recebeu dados concretos, aguardando por nova oportunidade para saber alguns aspetos, como as razões de serem apontados 65 fogos, (“e por que não 650?”), qual a tipologia de habitação, ou o estudo urbanístico, que, garantiu Ribau Esteves, “não há”.
Antes, o Bloco de Esquerda, através da vogal Rita Batista, voltou a questionar o presidente se iria “bloquear” o projeto habitacional que estaria a ser preparado para a zona.
O autarca deu a entender que se oporá a um empreendimento que siga o modelo adotado para alguns dos bairros sociais mais antigos de Aveiro. “O veto é um veto de quem discorda de guetos sociais, de quem não quer mais Griné, Caião nem Santiago. É o veto de quem quer pessoas de baixos recursos ao lado das que têm mais recursos”, disse.
Ribau Esteves aproveitou para protestar com o Governo e o Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU) que tem 300 inquilinos “muitos deles a viverem em condições vergonhosas” no Griné e no Caião. “Quanto se investiu ali ? Zero. O que disse à secretária de Estado é que tratem daqueles bairros, que arrepia de chocante”, criticou, colocando em contraponto o investimento de seis milhões de euros da Câmara em Santiago. “E vai estar mais”, garantiu.
Filipe Neto Brandão, deputado do PS, que também é deputado na Assembleia da República, tinha avançado na assembleia que a reabilitação do Griné está bem encaminhada, “Sabemos que há dinheiro disponível, é tempo de recuperar”, disse.
Discurso direto
“65 fogos em regime custos controlados (CDH) para Aveiro será uma boa opção, mas como naquele terreno ? É uma grandessíssima confusão, mas vamos continuar a trabalhar. Não vetamos nada, mas temos opções políticas. E gente a viver em guetos não queremos, queremos habitação acessível com outra abordagem, podemos ajudar em cooperação” – Ribau Esteves.