Na apreciação da gestão financeira da Câmara, “o PS faz politiquice e engana os eleitores para ter uns votos” , acusou o presidente do executivo ao comentar as reservas colocadas pelos socialistas na análise das ‘Contas consolidadas’ de 2020 do município.
Uma intervenção durante a Assembleia Municipal, esta sexta-feira, onde as bancadas da maioria PSD-CDS aproveitaram já para fazer balanços do mandato, a sublinhar o reequilíbrio da tesouraria, frente de obras e outros investimentos com os últimos dois anos em pandemia, inaugurando, assim, os debates pré-eleitorais que se aproximam.
“Quem tem uma atitude política séria sabe que as contas são boas”, referiu Ribau Esteves, dando o exemplo da avaliação feita pelo ex vogal socialista Raul Martins, agora deputado independente, que foi finalizada com um “parabéns, senhor presidente”.
Francisco Picado, porta voz ‘rosa’, tinha insistido, entre outros reparos recorrentes neste mandato, na crítica à apresentação de um resultado líquido considerado excessivo (17 milhões de euros), o que “não encaixa na gestão pública”, mas numa empresa, advogando, assim, um maior aproveitamento das verbas disponíveis em áreas carentes.
O presidente admitiu que se pretende em 2021 uma “estabilização” do lucro contabilístico com um valor mais reduzido, embora continuando a ser “positivo”, avisando que mal irá a Câmara se “voltar a ter resultados negativos”. A situação alcançada, garantiu, irá dar frutos extraordinários, com uma “excelente notícia”, a dar em breve, relacionada com “a conquista de muito mais fundos” europeus, não adiantando mais.
Na parte final da discussão do ponto, Ribau Esteves e Francisco Picado trocaram mais afirmações algo codificadas sobre assuntos de que apenas os próprios sabiam exactamente do que se tratavam, deixando-os para desvendar publicamente em momento posterior.
O socialista notou a “pressa” da coligação em fazer balanços do mandato quando “ainda falta tempo e muita água irá correr”, remetendo para “momento oportuno” a avaliação do PS. “Ao bom estilo do presidente, mas sem o querer imitar”, Francisco Picado estranhou a ausência de “uma palavra que não ouvimos” durante os esclarecimentos, adiantando apenas que “em breve teremos novidades sobre isso”, o que se presume não ser agradável para a maioria.
Ribau Esteves ficou “a aguardar a notícia” do PS e informou que também tinha más notícias para o PS. “O que temos para dar nota, que já anunciei há pouco tempo na Câmara, são notícias bem piores, e são do PS. O que vai motivar uma reunião extraordinária para tratar dessa maleita inacreditável causada pelo PS”, afirmou sem concretizar o que está em causa.
As ‘Contas consolidadas’ passaram por maioria com votos contra de eleitos do BE, PCP e PS e a abstenção do PAN.
Discurso direto
“Nas ‘Contas consolidadas’, aquando do relatório das contas já dissemos que teríamos uma opção política diferente, que agora reforçámos no sentido de voto” – Filipe Guerra (PCP);
“Esta situação financeira que não acontece em outros municípios é ótima para mais investimento e aceder a subsídios que outros não podem” – Raul Martins (deputado independente);
“As contas já foram aqui discutidas, estas são as consolidadas, nada mais a acrescentar” . Jorge Greno (CDS);
“Aproveitaria tudo das palavras de Raul Martins, exceto no aumento do património, que resulta provavelmente da alteração de normativo e dizer que não estamos a falar de uma empresa privada” – Francisco Picado (PS).
“As contas são um exemplo claro de boa gestão do erário público, aumento de investimento e redução de dívida em valores absolutos, que deve ser o objeto de todos os partidos” – Filipe Tomás (PSD).
“As contas refletem opções políticas de que o executivo é responsável. Impostos no máximo e serviços públicos no mínimo” – Rita Baptista (BE).
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