Aveiro / Ass. Municipal: “Declaração de voto”: A obra do Rossio

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Edifício sede da Assembleia Municipal de Aveiro.

“Declaração de voto” – Espaço de opinião semanal das bancadas dos partidos representados na Assembleia Municipal de Aveiro.

  • Comentário / reflexão sobre os desenvolvimentos mais recentes em torno do ‘projeto do Rossio’ (processo judicial e resposta da Câmara de Aveiro).

A construção do Parque de Estacionamento Rossio e a projeto apresentado para a superfície contam com a firme oposição do Partido Socialista. Contam, como sempre contaram desde o início do processo. Não só pela substância, mas também pela forma como o processo (não) foi conduzido.
A fuga permanente ao debate, amplo, aberto, e sobretudo atempado, pelo qual o Partido Socialista sempre se debateu, nunca chegou efetivamente a acontecer. O “concurso de ideias” foi arrancado a ferros. O desafio para a realização de uma Assembleia Municipal Extraordinária nunca teve resposta. Os aveirenses não foram tidos nem achados sobre o que pensam deste projeto. E foi sendo alimentada a ideia ilusória de que estávamos perante uma participação pública massiva. Com encontros onde se estava mais para falar do que para ouvir. Um autêntico logro!
Até a promessa de que não haveria dinheiro público investido no projeto caiu por terra! Os 12.000.000,00€ (sim, 12 milhões de euros) que se pretendem investir no projeto são um verdeiro atentado ao esforço que os aveirenses andaram a fazer nos últimos anos com os impostos e taxas no máximo. Estamos literalmente a falar do ato de “enterrar dinheiro num buraco”, ao qual se associa a concessão a privados de outros parques de estacionamento, nomeadamente o do Mercado Manuel Firmino.
Eis que chegámos ao momento em que tudo aponta para o início da obra! Estamos talvez perante um dos atos (irreversíveis) que lesará para sempre a identidade de Aveiro, o qual se estende pela agora acinzentada Avenida do Dr. Lourenço Peixinho (esperemos que não mude de nome). Estes dois processos são da autoria de um homem só, que quer deixar a sua indelével e inenarrável marca em Aveiro, para depois partir para outras paragens.
Se ainda fosse a tempo, tornaria a deixar-lhe o repto que fiz em tempos: não seja teimoso Senhor Presidente! Mas no estado em que as coisas estão, penso que já não vamos a tempo. Resta-me acalentar a esperança de que “Os ares de Aveiro não se dão bem com a teimosia!” – Francisco Picado (PS).

“Todo o processo do projeto do estacionamento subterrâneo no Rossio, mostra que a obra é tudo menos consensual. O Bloco sempre se opôs a este projeto de vaidade do Presidente da Câmara, que apenas vai servir os interesses dos hotéis projetados para os terrenos da Lota e da antiga fábrica Bóia. O estacionamento subterrâneo é uma peça central desta política de turistificação do centro da cidade.
Se por um lado, reconhecemos a necessidade de requalificar o jardim do Rossio, preservando a sua função atual. Por outro, a opção do estacionamento é totalmente inaceitável por vários motivos.
Primeiro, é uma escolha errada do ponto de vista da mobilidade e do urbanismo. Segundo, é desnecessário atendendo à oferta de parques subterrâneos nas imediações, quase todos subutilizados. Terceiro, é um ataque ao erário público: 12 milhões de euros por pouco mais de 100 lugares. Não é por acaso que já se está a projetar outros estacionamentos subterrâneos na Beira Mar. O próprio executivo reconhece a inutilidade do estacionamento do Rossio para resolver os problemas de estacionamento.
Estamos empenhados em mobilizar maiorias para a requalificação do jardim do Rossio – há muito destinado ao abandono – e para construir soluções de mobilidade do século XXI, amigas do ambiente e da justiça social. Por esses motivos, também rejeitamos a proposta de construir um silo auto na lota. O Bloco tudo fará para derrotar o estacionamento no Rossio.” – Virgína Matos (BE)

“Desde o início da proposta do projecto de descaracterização do Rossio que o PCP levantou diversas dúvidas sobre quem beneficiará com a obra, se é a população de Aveiro e o espaço público ou os interesses privados. Esta obra tem visto a derrapar o seu orçamento todos os anos desde o seu anúncio, atingindo neste momento o valor de 12,4 milhões de euros. Uma empreitada que não vinha no programa eleitoral da coligação PSD/CDS e que não foi devidamente auscultada pelo Edil aquando da participação de cidadãos nas reuniões da assembleia municipal e de câmara, manifestações, movimentos associativos, acções interpostas na justiça, entre outras intervenções populares de contestação ao projecto. Ribau Esteves mais uma vez seguiu em frente, não dando nenhuma importância a estas acções de descontentamento da população. Muitas questões continuam sem resposta, nomeadamente a pertinência de criar mais uma cave de estacionamento, quando existem outras caves e parques na cidade com baixa ocupação, além de que a gestão dos parques subterrâneos de estacionamento será concessionada ao negócio privado. Por outro lado, aumentará a pressão de tráfego e o consequente impacte ambiental nesta zona central, reduzindo o espaço verde e de lazer. Não deixa de ser ainda mais preocupante quando sabemos de antemão que no futuro haverá um novo projecto de empreendimento para a antiga lota, conforme já se previa no PDM, pelo que a afluência ao Rossio será mais intensa, o que conduzirá a um maior número de transporte automóvel para o centro da cidade, que é o oposto ao planeamento inteligente e sustentável que se exige actualmente às cidades, ou seja, uma cidade com mais mobilidade suave, mais espaços públicos verdes e mais planeada para as aspirações e necessidades da população.” – David Silva (PCP)

“O PAN reiterou, durante todo o mandato autárquico, a sua mais profunda discordância em relação a esta intervenção no Jardim do Rossio, que tem no estacionamento em cave o seu atributo mais errático. Esta decisão do Executivo, apoiado pela maioria PSD/CDS/PPM, é um equívoco gravíssimo e representa, acima de tudo, um atentado a um dos locais mais emblemáticos de Aveiro. Estimular a utilização de viaturas automóveis na parte mais antiga da cidade é inconciliável com um projeto de cidade sustentável. O PAN continua a alertar para a vulnerabilidade do local ao nível geológico, bem como para a desvalorização dos riscos na sua dimensão sociológica. Não temos nada contra o turismo. Muito pelo contrário. Ao defender a singularidade do espaço aveirense, estamos a garantir a sua autenticidade perante aqueles que nos visitam. Os turistas não escolhem Aveiro para visitar as mesmas praças que encontram em outras cidades da Europa. Escolhem Aveiro para sentir o nosso património, rico e genuíno. O nosso Jardim do Rossio merece uma requalificação, mas não merece ser destruído. O PAN considera que os custos são enormes e os riscos imprevisíveis. Defendemos a manutenção do Jardim e a convergência com os principais exemplos de cidades sustentáveis do mundo, que é precisamente o de retirar o tráfego dos centros históricos, e optar por uma coordenação entre os transportes públicos e o uso da bicicleta, tornando a mobilidade urbana mais simples, rápida, acessível e altamente sustentável.” – Rui Alvarenga (PAN)

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