É sempre de saudar a execução de obras de monta, relevantes e há décadas ambicionadas no nosso Concelho e na Região que integramos.
Por Antero Almeida *
No entanto, por vezes, estas obras não passam de teimas e obsessões que queremos realizar a qualquer custo, e passamos a querê-las mais por paixão do que por razão.
Aquilo que era uma necessidade há 30 anos, pode, entretanto, ter deixado de o ser. O mundo é dinâmico e as necessidades de uma população também; evoluem, tal como a tecnologia.
A tendência dos últimos anos em Águeda tem sido a de perda de população, apesar dos muitos emigrantes que temos acolhido.
Isso é revelador de que não temos feito as escolhas e apostas certas. A inactividade política dos últimos mandatos no que toca à fixação de população e a questões estruturantes como o parque habitacional, deixam-me apreensivo quanto ao futuro.
Espero estar errado, mas preconizo que quando reler este texto em 2032, o número de habitantes em Águeda tenha caído ainda mais e tenhamos definhado em termos de pujança económica e competitividade, tendo perdido ainda mais empresas do que as que já perdemos nos últimos dez anos.
Não sendo um velho do Restelo nem um profeta da desgraça, face aos dados de que disponho, não antevejo a médio/longo prazo uma mais-valia directa para Águeda com esta obra, antes pelo contrário. Temo uma fuga de pessoas e negócios para outros Concelhos, passando Águeda ser apenas local de eventual visita ou passagem.
Continuo a defender que é essencial uma forma de ligação mais rápida a eixos como a A1 e a A25 como forma de as nossas empresas escoarem mercadorias e receber matéria-prima, ou seja, com um foco na economia empresarial. A ligação Aveiro/Águeda, atendendo aos paradigmas de mobilidade mundiais e europeus, deveria ser assegurada com uma requalificação e electrificação da linha do Vouga vocacionada para o transporte de pessoas.
Não entendo de igual forma, num momento em que caminhamos a passos largos em toda a europa para a electrificação da mobilidade e aposta em redes de transportes públicos, a forte aposta em mais alcatrão que privilegia o transporte pessoal e aumento de tráfego e pêndulos diários!
Não podia votar esta proposta, sem deixar estes alertas e considerações.
Termino reiterando que espero estar errado, daí o meu voto de confiança favorável nesta solução, mas no meu íntimo, temo ser esta uma solução que a médio/longo prazo poderá vir a revelar-se prejudicial a Águeda.
Saibamos inverter esta tendência e aproveitar esta oportunidade para ganharmos centralidade e podermos desenvolver o Concelho.
Está nas vossas mãos!!!
* Vereador eleito pelo CDS na Câmara de Águeda. Declaração de voto aquando da deliberação de abertura de concurso público para a elaboração do projeto da ligação ‘Aveiro-Águeda’.
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