Autárquicas 21: “Podemos tirar a maioria absoluta” – Cândido de Oliveira, candidato do Chega em Aveiro

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Cândido Oliveira (Chega).
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Cândido Oliveira, 64 anos, militar na reforma com atividade cultural (escrita e pintura), assume a candidatura à presidência da Câmara de Aveiro pelo partido Chega nas eleições autárquicas, confiando nos votos obtidos nas presidenciais por André Ventura para entrar na vereação logo na estreia.

Como aparece como candidato à Câmara de Aveiro ?
Comecei no Chega como vice-presidente da mesa da primeira comissão política distrital. Mais tarde vim a assumir a vice-presidência de outra equipa distrital. Fui mandatário de André Ventura nas presidenciais. Tenho vindo a participar nos congressos e nos conselhos nacionais. Isto deu-me alguma visibilidade interna para avançar com esta candidatura com alguma segurança e à vontade. Verificamos que há crescimento do Chega, foi nas eleições presidenciais mas não deixa de ter uma ligação direta com o partido. Queremos crescer em Aveiro e nas suas freguesias. Isso aconteceu em outros concelhos e freguesias vizinhas.

Que tipo de campanha irá fazer?
A nossa campanha vai ser nas redes sociais, em paralelo com o contacto porta a porta. É o que preconizamos para a nossa governação, aproximar as pessoas e trazê-las à discussão política, de que estão afastadas. Os políticos também são culpados com isso. Queremos criar essa proximidade no combate político e na divulgação do programa a apresentar.

Renova a mobilização das eleições presidenciais ?
O partido tem de se abrir mais às pessoas. Não somos profissionais da política, isso é uma vantagem, somos candidatos por paixão ao partido e ao País, sem agendas pré-definidas. Mas temos de conseguir maior disponibilidade dos militantes para irem ao encontro da população. Temos dois anos de partido, no distrito temos oito concelhias, incluindo Aveiro, que é das mais recentes. Demorou algum tempo, porque queremos que seja um modelo. Já é muito sólida e dinâmica, capaz de fazer história no partido.

Concorrem à Assembleia Municipal e a quantas freguesias ?
O cabeça de lista para a Assembleia Municipal é Gabriel Bernardo, um engenheiro, investigador e professor universitário. Para as freguesias, estamos a preparar listas para quatro ou cinco. Vera Cruz e Glória, Esgueira, Cacia, Aradas, Santa Joana. Vamos ver. Estamos a elaborar o programa, contamos com os contributos dos candidatos.

Quando fala em ter maior proximidade da autarquia às pessoas isso deve-se a quê ?
É o que eu ouço dos munícipes com quem falo. É também a minha leitura, de um quase divórcio do atual executivo da população. Parece que trabalha para um topo, uma elite, e despreza as pessoas, por exemplo, das freguesias.

Aponta os transportes como uma das suas preocupações.
Sim. O serviço não é satisfatório. Em Aradas, que não é a freguesia mais distante, não há transporte a partir das 20:00. No verão, há tardes inteiras sem autocarros por ali, em Verdemilho, naquela cintura. Se não faz sentido um autocarro de 50 lugares, que disponibilizem mais pequenos. A Câmara tem de analisar melhor o investimento que faz e os recursos da concessão. Desconheço o contrato, mas quando tiver acesso queremos identificar o que está mal e o que pode ser melhorar.

Ao falar em transparência das contas públicas, é em termos de princípio geral ou tem alguma preocupação local que isso não suceda ?
Quanto maior é uma obra, mais difícil é a leitura do investimento feito, nem um especialista consegue logo avaliar esses cadernos de encargos. Temos um negócio, que foi a venda das piscinas do Beira-Mar, muito falado. Ainda hoje os munícipes não sabem os montantes que foram envolvidos numa teia nebulosa. O porquê da construção do estacionamento subterrâneo no Rossio quando há ‘montes’ de estacionamento no tribunal ? Há técnicos que alertam para problemas de infiltração de água na cave…para quê isto ? E o dinheiro que vai ser gasto ali! Estas parcerias público privadas metem-me sempre confusão. Defendo a qualificação do jardim. O estacionamento pode ser feito do outro lado, depois do pontão da A25. A Avenida Lourenço Peixinho também deve ser requalificada para os ‘novos tempos’, mais pedonal; mas há uma incoerência, é que está ligada da chamada Avenida Europa por túnel, que atravessa a estação, depois estrangula-se o trânsito no fim da Avenida. E aquela plantação de pinos de um metro ?

No plano fiscal, defendem uma redução grande do IMI.
Temos um matriz no partido, neste aspeto defendemos a redução do IMI tendendo à sua extinção total. Há quem fique escandalizado com isto, mas se formos ver a falta de cuidado na gestão do dinheiro público, o desfalque que é dado em fraudes fiscais e outros casos, essas receitas compensavam de longe a redução faseada do IMI. Com seriedade, seria uma política com mais vantagem para o munícipe.

Diz que o turismo ainda pode ser melhor aproveitado.
Um exemplo, estou ligado ao desporto há 30 e tal anos. Falou-se sempre na pista de remo do Rio Novo do Príncipe, não existe. A ria ? Até hoje não se aproveitou devidamente um dos estuários mais fantásticos que existem para a náutica. São grandes falhas.
Através do turismo verificou-se um grande restauro habitacional, com grande vitalidade. Concordamos. Traz algum desconforto é certo, mas pode haver limites a alojamentos locais.

Está contra as aulas de ideologia de género nas escolas.
Levei ao congresso nacional uma moção que foi aprovada e aplaudida em que referi o caso de um rapaz de 11 anos, relatado por um colega de partido, que fez uma redação na escola a dizer que agora não se nasce menino ou menina, os pais é que vão dizer se deve ser menino ou menina ou outro género. Nós já estamos na estratosfera da biologia ! É menino, menina ou outro género ? Se estivermos contra esta ‘democracia’ somos acusados de antipatrióticos. Queremos parar com este tipo de aberrações, de lavagem cerebral das nossas crianças.

Fala, também, em acabar com a subsidiodependência.
Não estou a falar de apoios institucionais de uma autarquia a coletividades que prestam serviços públicos. O que quero dizer que há pessoas, famílias, a viver do rendimento de inserção a vida toda. Por enquanto. Há casas municipais em que o inquilino não paga rendas. O apoio deve ser para quem merece. E quem precisa do subsídio do Estado tem de prestar algum tipo de trabalho correspondente.

Quem são os vossos apoiantes ? Eram de outros partidos, não tinham atividade partidária ?
Temos constatado que existe um vazio, mais de metade das pessoas não vota, nem quer saber da política. Esta ausência de intervenção sai cara. Temos pessoas que não se identificavam com nada do que existia. Nós chamamos ‘os bois pelos nomes’, o André Ventura diz aos mais de 50% de eleitores que não votam o que eles precisam de ouvir. O crescimento do partido tem sido exponencial e o André Ventura está sozinho na Assembleia da República. Diz o que outros não dizem, apresenta projectos de apoio social ou para travar o enriquecimento ilícito.

A vossa expetativa é capitalizar nas autárquicas essa visibilidade ? Fixar eleitorado da candidatura de André Ventura nas eleições presidenciais, que rendeu no concelho de Aveiro 3.343 votos (10,19%), muito acima dos 429 votos das legislativas de 2019 (1,10%).
Estamos para ganhar a Câmara, mas sabemos que fizemos uma caminhada ainda curta. Se tivermos todos esses votos novamente, e chegarmos a mais, conseguimos entrar na vereação. Algumas coligações locais podem, também, não funcionar muito bem em termos de aceitação de eleitorado e isso pode trazer-nos votos. Há pessoas que estão saturadas da coligação que governa.

Afirmarem-se como partido de protesto ?
O nosso protesto é no sentido de melhorar a governação. Não estamos para destruir, mas para validar o que foi bem feito e acrescentar mais valia à governação. Podemos tirar a maioria absoluta. Desde as presidenciais, melhorámos na mobilização, nas freguesias podemos chegar a mais eleitorado. Não tenho dúvidas que vamos tirar votos à coligação no poder. Há uma margem de descontentes que se identificam com a matriz do nosso partido. Mas também podemos ter da esquerda. Nas presidenciais, no Alentejo, o André Ventura teve votos transferido do PCP.

A ideologia tende a ficar um pouco mais à porta dos debates nas autárquicas.
Da nossa parte, não acontecerá isso. Nas escolas podemos ter uma intervenção ativa no plano ideológico, diferente do discurso da obra feita. Não vamos facilitar a vida a nenhuma outra candidatura. O nosso programa está a ser elaborado nesse sentido.

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