Autárquicas 21 / Aveiro: “Entrar na vereação para ser ‘fiscal’ da gestão camarária” – Paulo Aves (Nós Cidadãos)

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Paulo Alves, Nós Cidadãos.
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É um dos candidatos menos conhecidos dos aveirenses. Paulo Alves, que já teve atividade política, nomeadamente como deputado municipal e candidato à Câmara de Felgueiras, terra de onde é natural, aparece a liderar uma lista do movimento ‘Amar Aveiro’ que concorre à Câmara de Aveiro pelo partido Nós Cidadãos.

Pergunta – Como surge a candidatura pelo Nós Cidadáos, que é apenas à Câmara ?
Resposta – Um conjunto de pessoas, apartidárias, independentes, ex políticos também, professores universitários, pessoas da saúde e da área social. Existe muita gente que não tendo interesse em dar a cara estão disponíveis para estudar, analisar e fazer propostas alternativas às políticas atuais. Resido em Aveiro há 5 anos. Sou consultor em comércio internacional, nomeadamente nos PALOP. Constitui várias empresas. A maior vitória que poderíamos ter seria entrar na vereação para ser “fiscal” da gestão camarária, combatendo a falta de transparência que entendemos existir em assuntos que estejam mais ocultos. A Câmara de Aveiro é a campeã dos ajustes diretos. Há notícias de várias empresas num concurso em que os beneficiários efetivos eram os mesmos. No ferry, o concurso de construção foi contestado na justiça.

P – Tem dito que há um Aveiro para lá do canal central a que é preciso dar mais atenção.
R – Por exemplo, de acordo com dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), dentro da nossa região, 11 municípios, o segundo concelho com mais inscritos é Aveiro. É o terceiro que mais paga subsídio de desemprego, o sexto com mais rendimento mínimo. Então com uma carga fiscal no máximo a asfixiar quem mais trabalha, como é que vamos criar emprego para menorizar estas situações ? Daí nos propormos uma via verde para os licenciamentos industriais. Mas o nosso programa é assente na ação social.
Estamos dependentes de uma ‘bazuca, o Plano de Recuperação e Resiliência, que a Câmara está a descurar. Não havendo, por exemplo, a Estratégia Local e Habitação está a trilhar um caminho diferente da diretiva europeia e da política governamental. O ministro Pedro Nuno Santos anda a distribuir milhões e a fazer protococos com autarquias para casas e nós estamos a ‘inventar’ um modelo através do IHRU que pode não ser o caminho certo para termos habitação a custos controlados.

P – O mercado imobiliário em Aveiro não parou. Mas  fala-se em especulação e afastamento de residentes.
R – Acontece em muitas outras cidades, por força do turismo. O mercado aí é o que funciona. A obra da avenida vai, penso eu, valorizar aquele espaço, criar mais área pedonal, melhorar a ligação da estação. Agora não terá habitação acessível, nem ali nem em outras zonas de cidade assim. Na política municipal de promoção de casas a custos controlados, estando um promotor imobiliário, tem de rentabilizar o seu negócio. E o proprietário ao fim de cinco anos pode revender no mercado. Não é a política que o país está a seguir. É uma alternativa que a médio prazo pode não ter o resultado esperado.

P – Outras preocupações locais que surgem nas vossas discussões ?
R – O estado das vias de comunicação deterioradas, por exemplo. A criminalidade é a quarta mais alta da região, deve fazer pensar na necessidade de ter condições de assegurar a criação de empregos.
O próximo orçamento municipal terá de ser muito prudente. A pandemia vai continuar em 2022 e as moratórias estão a acabar. Há risco de aumento de desemprego. A Câmara devia ter um plano de ação social, com regulamentos municipais para as pessoas se candidatarem a apoios para rendas, água, luz. Os jovens estudantes devem beneficiar de transporte gratuito. É necessário assegurar pequenos almoços nas escolas a alunos carenciados e apoios a alunos universitários desfavorecidos. As nossas comunidades ciganas precisam de um projeto de inclusão., A Câmara tem de aderir a apoios que existem para apoiar idosos, por exemplo no custo de medicamentos. O aumento de população não resulta de aumento de natalidade, que tem de ser incentivada, com subsídios.

Discurso direto

“Dos 23 projetos financiados por fundos europeus Aveiro tem uma comparticipação de apenas 15 milhões. Como vice-presidente da Associação Nacional dos Municípios Portugueses, Ribau Esteves tornou a Câmara muito pouco ambiciosa, com falta de ideias e projetos.”

“Se não vamos amortizar dívida, que está tipificada nos prazos, é tempo de aliviar os impostos locais. Um ‘choque fiscal’, menos derrama nas empresas e a devolução do IRS às pessoas. Enquanto se mantiver a pandemia, o IMI deve ter a taxa mínima, 0,3.”

“Faz sentido 200 lugares em cave no Rossio, que vão trazer muitos mais ali à volta durante o dia ? Não tenho dificuldade em estacionar no centro, vou ao Fórum ou ao parque Marquês do Pombal.”

“Sobre a saúde, OK é preciso um novo hospital. Mas e no presente Aveiro não faz cateterismos de urgência, por exemplo”.

“Aveiro precisava de projetos estruturantes, com apoios comunitários. Defendemos recuperar a ideia uma ponte rodoviária para S. Jacinto. Para a atração turística, temos a proposta de um teleférico para observar as salinas e os canais”.

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