Quando estritamente necessário, cumprindo todas as regras de segurança, em momentos de pouca concentração de pessoas, é possível e desejável envolver e continuar a cooperar e a conjugar esforços para que tudo aconteça pelo melhor, em particular as AP pelo que representam e pelas responsabilidades que lhes incubem.
Por Jorge Ascenção *
Ao longo dos últimos anos a participação parental nas escolas tem vindo a evoluir de forma muito significativa e com elevada qualidade.
As Associações de Pais e Encarregados de Educação (AP) têm-se afirmado pela cooperação e parceria com as escolas, contribuindo para a melhoria do sistema escolar, seja pela ação direta das respetivas competências dos seus membros, com a realização de melhoramentos das condições estruturais do edificado, com a realização de diversos eventos culturais e temáticos no âmbito do desenvolvimento social e individual, por exemplo na área da saúde, ou nas festas de celebração do sucesso educativo, seja no debate estratégico e pedagógico da organização escolar e educativa.
Talvez por esta última dimensão ainda haja diretores escolares e professores que sintam que as AP invadem o seu espaço natural da correspondente condição profissional. Uma insegurança sem razão, mas que será causada pela cada vez maior capacitação dos Pais e pelo maior conhecimento em diversas áreas do saber, o que lhes confere uma maior capacidade de intervenção e de interpelação em diversos contextos escolares e educativos.
É sabido que há Pais que não sabem respeitar o espaço próprio de cada função, mas a maioria, nomeadamente os que participam no Movimento Associativo Parental, respeita-o e reconhece o papel fundamental de um diretor e de um professor na vida da escola e dos seus filhos.
Reconhecem-no tanto como o que pretendem para o reconhecimento social da importância de uma AP, enquanto entidade parceira intrínseca à escola e com legitimidade representativa da comunidade parental escolar. Vem isto a propósito de muitos relatos de AP que dizem estar a ser informadas pelos diretores de que não vão poder entrar na sua escola, em virtude de os elementos estranhos às escolas não poderem entrar. Pede-se bom-senso! Primeiro, como disse, é triste que ainda se pense que as AP são elementos estranhos às escolas.
Felizmente, muitos diretores já ultrapassaram esse preconceito, e perceberam que a educação, hoje, vive um outro paradigma. Um paradigma que exige o envolvimento e a participação de todos para se conseguir alcançar os mais nobres desígnios da Educação. É claro que os Pais, ou qualquer pessoa que lá não trabalhe, não deverão entrar no espaço escolar sem mais.
Mas quando estritamente necessário, cumprindo todas as regras de segurança, em momentos de pouca concentração de pessoas, é possível e desejável envolver e continuar a cooperar e a conjugar esforços para que tudo aconteça pelo melhor, em particular as AP pelo que representam e pelas responsabilidades que lhes incubem.
Por outro lado, não se percebe muito bem a razoabilidade desta intenção, pois os próprios filhos que naturalmente convivem em casa com os pais, entram e saem diariamente das escolas. Poder-se-ia pensar que seria uma tentativa encapotada, de alguns, de retirar os pais da escola.
Não deverá ser isso, até porque se trataria de um grave equívoco, pois no atual paradigma da educação, para o desenvolvimento das crianças e dos jovens e para o “sucesso” educativo, a participação parental é fundamental, sob pena da instituição ESCOLA se esvaziar na sua missão por incapacidade de dar a resposta necessária a todas as crianças e jovens.
Não é o que inquieta que atrapalha, mas sim a insegurança na capacidade para resolver o inquietante. Não se afaste, pois, da participação parental. Pelo contrário, envolva-se para que haja mais confiança e consequentemente mais segurança. Não se pode pedir confiança e desconfiar. É preciso ter bom-senso!
* Presidente da CONFAP – Confederação Nacional das Associações de Pais.